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Diego Brigido: Noronha de volta à rota dos cruzeiros marítimos

A decisão é polêmica e pode impactar esse patrimônio natural

Diego Brígido | @dibrigido

Desde 2013, Fernando de Noronha não recebe mais temporadas de cruzeiros, medida tomada para preservar o arquipélago, que é Patrimônio Natural da Humanidade. Com 17 km² de belezas naturais, 21 ilhas integram Noronha e, para que todo o patrimônio seja mantido, esse paraíso só pode receber até 85 mil visitantes por ano.

Mas o cenário pode mudar se depender da vontade do senador Flávio Bolsonaro e do presidente da Embratur, Gilson Machado. Ambos estiveram no arquipélago no dia 28 de fevereiro, para anunciar que o Governo Federal decidiu liberar a entrada de cruzeiros marítimos em um dos ecossistemas mais sensíveis de biodiversidade do Brasil, hoje administrado com forte rigor ambiental.

Mesmo no passado, quando a atracação de cruzeiros era permitida, só eram liberados barcos com, no máximo 200 passageiros. O governo pretende liberar, agora, navios com até 600 turistas, o que, segundo o secretário de meio ambiente e sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, certamente será prejudicial ao arquipélago. “O plano de estudo de capacidade de carga prevê 85 mil pessoas em Noronha por ano, mas hoje, mesmo sem cruzeiros, a região já recebe mais de 100 mil visitantes”, explica Bertotti.

Beautiful beach.

Paraísos artificiais do mergulho

Além de liberar a entrada de navios no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, o Governo conseguiu autorização da Marinha para instalar 12 novos pontos de recifes artificiais, com ‘naufrágio’ de embarcações para atrações de mergulho.

“Noronha é um dos melhores lugares do mundo para o mergulho de contemplação. Acabamos de aprovar, junto à Marinha, mais 12 pontos novos de naufrágio, para agregar ao turismo, como também estamos destravando a volta dos cruzeiros marítimos em Noronha”, afirmou o presidente da Embratur”.

O oceanógrafo e professor da Universidade de Pernambuco, Múcio Banja, diz que é preciso tomar cuidado com a criação de recifes artificiais. “Estruturas novas podem ser atrativas do ponto de vista turístico, mas também são atratoras de espécies invasoras, o que pode ser desastroso para o ambiente”, alerta Banja.

A decisão final sobre a liberação dos transatlânticos e dos paraísos artificiais é do IBAMA e, apesar de Bertotti ter recebido com surpresa a informação, o presidente da Embratur afirmou não ter dúvida de que “os cruzeiros voltarão a Noronha em curto espaço de tempo”.

Segundo Flávio Bolsonaro, eles estão “desatando os nós dessa legislação para permitir que os segmentos de cruzeiro e mergulho em recifes artificiais sejam mais explorados no país”.

Para o secretário de meio ambiente e sustentabilidade de Pernambuco os impactos dos cruzeiros sobre o arquipélago vão além dos problemas ambientais, mas passam também pela questão da infraestrutura. “Em Noronha, que é uma ilha vulcânica, não tem água potável, por exemplo. Todos os esforços para dessalinização e transporte de água são custeados pelo Governo do Estado”, explica Bertotti.

Capacidade de carga

Atualmente, apenas quatro voos por dia chagam em Fernando de Noronha (seis na alta temporada). Os visitantes brasileiros pagam R$ 111,00 para ingressarem no parque, e os estrangeiros, R$ 222,00. Este ingresso vale por dez dias e dá ao visitante o direito de acessar todas as áreas públicas de Noronha.

Cerca de 70% do valor arrecadado são destinados a ações de melhorias ao Parque Nacional, como reforma e manutenção de trilhas, sinalização interpretativa, implementação e manutenção do centro de visitantes, entre outras.

Além do ingresso, ao chegarem ao arquipélago, os visitantespagam uma taxa diária de permanência, a Taxa de Preservação Ambiental (TPA), arrecadada pelo Governo Estadual de Pernambuco, que administra Fernando de Noronha. A taxa custa a partir de R$ 75,93, mas varia conforme o tempo de permanência.

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