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Chuva alaga Sambódromo do Rio e desfiles da Série A atrasam meia hora

Foto: Reprodução

O Carnaval carioca começou, literalmente, debaixo d’água. Choveu muito na tarde de sexta feira e o Sambódromo do Rio de Janeiro virou um piscinão. Muita gente nem acreditava que ia ter desfile do grupo de acesso. Mas depois de uma reunião da Liga das Escolas com as autoridades e os diretores das agremiações ficou acertado um atraso de 30 minutos para o inicio o desfile.

A Série A, onde as escolas disputam o direito de subir para o Grupo especial é muito tradicional no Rio e ontem não foi diferente. No primeiro dia, três das sete escolas estouraram o tempo máximo de 55 minutos: Alegria da Zona Sul (um minuto), Acadêmicos de Santa Cruz (dois minutos) e Padre Miguel (três minutos). Elas vão perder pontos e entram desvantagem contra as outras 4 adversarias.

Confira o resumo de cada escola que desfilou na noite passada: 
 
Unidos da Ponte
Ontem, a Unidos da Ponte abriu o desfile ainda com chuva. Ao som de “Oferendas”, a escola decidiu repetir o enredo de 1984. A bateria foi o destaque com paradinhas especiais para cada orixá do samba enredo. O mestre da escola insistiu em trocar o atabaque pelo timbal e foi feliz na escolha, pois a chuva comprometeria o som do instrumento.
A Unidos da Ponte desfilou com 21 alas, 4 alegorias e 1.700 componentes e nao estourou o tempo.
Alegria da Zona Sul
Com o enredo “Saravá, Umbanda!”, do carnavalesco Marco Antônio Falleiros a escola foi a segunda a entrar na Sapucai. A bateria homenageou o sábio Preto Velho e as mulheres estavam fantasiadas de cambones, que eram as acompanhante do preto velho.
Os componentes tiveram que chegar 4 horas antes para fazer a pintura corporal e a comissão de frente apresentou os símbolos da umbanda, com baianas que representaram a Preta Velha Maria Conga. A emoção tomou conta dos integrantes, já que a escola perdeu o barracão e preparou o desfile num terreno da Avenida Brasil.

A Alegria da Zona Sul desfilou com 19 alas, três alegorias e 1.600 componentes e foi penalizada em um décimo por ter excedido em um minuto seu tempo de apresentação.

Acadêmicos da Rocinha
A Acadêmicos da Rocinha chegou com o enredo “Bananas para o preconceito”, com o objetivo de combater o racismo. O carnavalesco Júnior Pernambucano diz que o caso de preconceito contra o jogador Daniel Alves, em 2014, foi inspirador para o enredo.
A ala das baianas, que normalmente tem fantasias luxuosas, apareceram com retalhos de carnavais passados e tom de protesto.
A escola é a que vem com menos componentes, 1.200, limite mínimo previsto pelo regulamento. Foram 4 alegorias e 22 alas.
Acadêmicos de Santa Cruz
A Acadêmicos de Santa Cruz homenageou Ruth de Souza, grande atriz brasileira. Aos 97 anos, a primeira atriz negra do Theatro Municipal, primeira protagonista negra de uma novela e primeira negra a conquistar o Kikito, mais importante prêmio do cinema nacional, desfilou em um carro alegórico.
Com o enredo “Ruth de Souza – Senhora liberdade, abre as asas sobre nós”, a Acadêmicos de Santa Cruz teve problemas em todos os carros para entrar na Sapucaí. A dificuldade acabou comprometendo a evolução da escola, que apresentou buracos entre as alas.
A atriz Isabel Fillardis, saiu na comissão de frente que representava um episódio triste da vida de Ruth: o cortejo de canoas que acompanhou o corpo de seu pai. O carnavalesco Cahê Rodrigues disse que esse foi o momento em que ela mais se emocionou em todas as conversas. As atrizes Lucélia Santos e Cris Viana também desfilaram em homenagem a Ruth de Souza.
A agremiação desfilou com 20 alas em quatro alegorias e 2.400 componentes, a maior escola da noite. Por conta dos atrasos com os carros, o desfile foi finalizado em 57 minutos, 2 a mais do que o tempo regular. A escola será punida com 1 décimo por minuto.
Unidos de Padre Miguel
A escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro entrou na Avenida com as palavra de Dias Gomes, dramaturgo e autor de novelas, no enredo “Qualquer Semelhança Não é Mera Coincidência”. Destacaram também as obras do autor “O Bem Amado”, “Roque Santeiro” e “Saramandaia”.
A escola de Padre Miguel conseguiu o vice-campeonato em 2015, 2016 e 2018 e esteve no Grupo Especial pela última vez em 1972. João Vitor Araújo é o carnavalesco.
Com 23 alas, quatro alegorias e 1.900 componentes, a agremiação foi penalizada em três décimos por terminar o desfile com 58 minutos, três a mais que o permitido. Quando faltava um minuto para o fim do tempo regular, o terceiro carro ainda estava passando pela dispersão.
Inocentes de Belford Roxo
Cangaço, Nordeste, Maria Bonita e Lampião foram destaques no enredo “O frasco do bandoleiro”. A escola foi a penúltima a se apresentar nesta sexta, já sem chuva. A bateria tinha fantasia de bandoleiros, fiéis escudeiros do rei do Cangaço.
Marcus Ferreira foi o carnavalesco da escola pela primeira vez. Em 2017, ele conquistou com o Império Serrano o retorno ao grupo especial.
O desfile da Belford Roxo teve 19 alas, quatro alegorias e 2.000 componentes e foi encerrado dentro do tempo regular.
Acadêmicos do Sossego
A escola de Niterói fechou o primeiro dia da Série A com o enredo “Não se meta com minha fé, acredito em quem quiser”.
Várias divindades foram retratadas, como Jesús Malverde, do México, além de Javé, Alá e até um Budalorixá.
Um dos carros alegóricos tinham 80 mil copinhos de café como parte da decoração. A comunidade se envolveu no trabalho manual para o desfile. Outra alegoria quebrou no meio da avenida e foi empurrada até a dispersão.
O desfile teve 19 alas, 4 carros alegóricos e 1.800 componentes.

Hoje a noite outras seis escolas encerram o carnaval da série A deste ano: Unidos de Bangu, Renascer de Jacarepaguá, Estácio de Sá, Unidos do Porto da Pedra, Império da Tijuca e Acadêmicos do Cubango.

Foto: Alexandre Macieira