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1.0 - SANTOS

Vacina HPV: mitos e preconceitos provocam sua subutilização

Quando os pais são informados de uma vacina que pode prevenir futuros cânceres em seus filhos, eles aproveitam a chance de protegê-los? Certo? Infelizmente, esse não é o caso de uma vacina que previne infecções com o vírus do papiloma humano, causador de câncer ou HPV. A vacina, que tem sua melhor indicação aos 11-12 anos, é atualmente a imunização mais subutilizada disponível para crianças e adolescentes.

O HPV é, de longe, a infecção sexual de transmissão mais comum, nos Estados Unidos, e quase todas as pessoas sexualmente ativas são infectadas em algum momento da vida. O vírus em uma ou outra das suas variantes causa mais de 90% dos cânceres cervicais, bem como a maioria dos cânceres da vulva, da vagina, do ânus, do pênis e da orofaringe, que inclui a parte de trás da garganta, a base da língua e as amígdalas. Também causa verrugas genitais.

Todos os anos, segundo os relatórios do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, cerca de 14 milhões de americanos são infectados com o HPV, a maioria de adolescentes ou de adultos jovens. O câncer causado pelo HPV é diagnosticado em cerca de 17.600 mulheres e 9.300 homens.

Mas no EUA, desde 2014, apenas 40% das meninas e 21% dos meninos de 13-17 anos receberam as três doses da vacina contra o HPV, enquanto 88% dos meninos e meninas haviam sido vacinados contra o tétano-difteria-coqueluche e 79% tinham recebido a vacina meningocócica.

 

No Brasil

Segundo o INCA, a infecção genital, causada pelo HPV, é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer. Estas alterações das células são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou) e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso é importante a  realização periódica deste exame.

É o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizada.  

O Ministério da Saúde anunciou alterações no esquema de vacinação contra HPV. A partir de agora, essa imunização será oferecida a meninos de 11 a 15 anos incompletos. Desde janeiro, a vacina em questão passou ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos de 12 a 13 anos. Até então, era aplicada somente em meninas com menos de 15 anos.

Também têm direito à imunização, os portadores do vírus HIV de 9 a 26 anos ou pessoas com câncer em uso de quimioterapia e radioterapia (ambos os sexos), além de quem já foi submetido a algum transplante de órgão. No primeiro caso (HIV/Aids), são necessárias três doses — com intervalo de dois e seis meses. Para os demais, permanece o esquema atual: duas injeções com um espaço de seis meses entre uma e outra.

A adesão a essa vacina também é pequena no Brasil. 9,6% dos meninos de 12 e 13 anos tomaram a primeira dose da vacina de janeiro a março de 2017 (346,7 mil). A imunização de meninos começou neste ano; a segunda dose ocorrerá a partir de julho.