A inglesa John Lobb carrega a reputação de ser uma das marcas de luxo mais tradicionais do mundo. Seus sapatos são feitos à mão, a maioria sob medida, por experientes artesãos. Fundada em 1866, em Londres – e parcialmente comprada pelo grupo Hermès nos anos 70 -, a grife surpreendeu o mercado ao anunciar, no ano passado, que contrataria, pela primeira vez, uma diretora artÃstica para comandar seus ateliês.
Até então a Lobb apostava em modelos clássicos e não havia um lÃder criativo para o seu time de 200 sapateiros. Qual não foi a surpresa quando anunciaram para o posto à brasileira Paula Gerbase, estilista com pouca experiência em sapatos e que ficou conhecida na cena internacional pelo design contemporâneo, com forte penchant para a alfaiataria, de sua grife própria chamada 1205.
A primeira coleção inclui não só clássicos revisitados, como o monkstrap e as botas de cano médio, mas também tênis – até então um tabu para a marca. A exclusividade dos sapatos John Lobb reside na matéria-prima do mais alto luxo, no emprego do couro em modo continuo, minimizando recortes e costuras, além de inúmeros serviços bespoke. Um par pode precisar de mais de 190 etapas e chega a atingir valores de cinco dÃgitos. Frank Sinatra e Andy Warhol foram clientes célebres.
Paula está segura de que pode mudar os rumos da grife sem abalar a tradição. Nascida em Porto Alegre, ela se mudou para Londres em 2002 e aprendeu seu oficio na Central Saint Martins antes de passar pelas marcas de alfaiataria Hardy Amies e Kilgour, localizadas na mÃtica Savile Row.
O conhecimento técnico em moda masculina adquirido ali influenciou a identidade da 1205, que celebra um design clean e unissex. A gaúcha admite preferir usar calçados masculinos e quase não tem modelos femininos em seu closet. A escolha da John Lobb parece ter sido acertada, portanto.
Fonte: Revista GQ Style