Da Redação
Certamente você já se deparou com uma pessoa que não consegue relaxar. Aquela que apresenta uma preocupação excessiva com a vida e em relação a tudo que envolve sua rotina: estudos, vida profissional, condições de saúde e segurança dos amigos e familiares. A ansiedade é uma doença que está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, principalmente pelo estilo de vida que temos hoje.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com 9,3% da população ansiosa, aproximadamente 19,4 milhões de pessoas. Mas o que muitas delas não sabem é que um dos fatores que podem estar contribuindo diretamente para o agravamento da doença é o tipo de iluminação na qual são expostas diariamente.
“Se estamos falando sobre ansiedade e estresse, temos sempre que pensar em como o ambiente, de uma certa forma, vai interferir e impactar a pessoa e como pode estar agravando um quadro de ansiedade por estar emitindo, dependendo do espectro da luz, uma ativação maior de irritabilidade, deixando a pessoa mais alerta. E, obviamente, isso acaba aumentando a ansiedade”, explica a naturopata e especialista em projetos de iluminação saudável, Adriana Tedesco.
Só que esse impacto vai ser maior à noite, então nossa maior preocupação com uma pessoa que apresenta traços de ansiedade, de estresse, de dificuldade de desligar, é a partir das oito horas da noite.
Então como a luz pode contribuir para que essa pessoa entre em estado de relaxamento? Criando uma ambiência com um posicionamento ideal da luz, sem gerar ofuscamento, sem que seja possível enxergar de onde vem a fonte de luz. Uma ambiência onde ela apenas sinta a luz de forma mais indireta.
“Não podemos usar a luz com angulações que possam estar também refletindo na parede e trazendo esse ofuscamento. Por isso usamos, de preferência, angulações mais altas, e principalmente intensidades menores, com uma temperatura de cor abaixo de 2700 Kelvin, preferencialmente indo para uma tonalidade âmbar”, diz a especialista.
Assim, esse espectro sendo captado e decodificado através do nosso aparelho ótico, onde tem fotorreceptores que cumprem essa função, vai indicar pro nosso organismo que já é noite, que é preciso começar a entrar em um estado de relaxamento.
“Se a luz for branca à noite, uma pessoa ansiosa acaba intensificando seus sintomas, já que ela é excitante e mais adequada para ser utilizada durante o dia, pois vai ajudar na produção do cortisol, que é o hormônio que é feito para nos manter alerta, com disposição. Se a gente inverte isso e usa ela à noite, acaba sendo prejudicial”, explica Adriana.
Por isso, o pior cenário para os ansiosos, segundo a especialista, é ter em casa com uma intensidade luminosa muito alta. Lâmpadas que causem ofuscamento e principalmente lâmpadas que tenham pigmento azul no seu comprimento de onda e no seu espectro. Inclusive, existem pesquisas avançadas que mostram que a luz azul usada à noite traz consequências sérias para a saúde, sendo até cancerígena.
Com uma ambiência adequada, a pineal, que é a glândula que sintetiza a melatonina, vai ter condições de começar a trabalhar, trazendo condições ideais para que o organismo comece a baixar a pressão arterial, a frequência cardíaca, se sinta mais relaxado e comece a se preparar para dormir.
Isso porque, hoje, a relação entre ter uma boa saúde passa diretamente pelo ambiente em que ficamos a maior parte do tempo, e a qualidade do sono tem uma relação muito forte com a boa saúde.
Por isso é tão importante se atentar para os ambientes que passamos o dia. Pensando em uma pessoa ansiosa, que trabalha num escritório sem acesso à luz natural, ela automaticamente vai criando uma dessincronização com a natureza. Isso vai interferir de noite, com a dificuldade para dormir, porque essas compensações vão ter que ser feitas de alguma forma.
“O ideal seria também olhar para o ambiente de trabalho da pessoa. A gente arruma a casa dela à noite, ajuda nesses aspectos que eu falei anteriormente, porém é preciso ver o local onde ela passa a maior parte do dia. Se não tem acesso à luz natural, é possível ajustar essa iluminação para que ela simule, ali, a luz natural”.
E quando Adriana fala em simular a luz natural, é preciso ter, principalmente, a movimentação dessa luz, já que cada momento do dia vai trazer uma informação de espectro diferente para que o nosso organismo esteja sempre recebendo a informação correta e poder desencadear ao longo do dia todas as questões fisiológicas que precisam acontecer.
“O mais importante é informar as pessoas sobre essa questão para que elas possam observar a qualidade da luz do local onde elas passam a maior parte do dia. A luz é uma fonte de energia vital e é importante que a gente cuide da qualidade da luz que estamos expostos todos os dias. Seja luz natural ou artificial. É um processo de conscientização de toda a sociedade em relação à importância desse assunto que realmente traz consequências sérias para nossa saúde se não for feito de forma correta”.
Por fim, Adriana ressalta que o importante é ter um especialista que tenha esse conhecimento na área de saúde e, principalmente, o conhecimento luminotécnico para conseguir avaliar as fontes luminosas.
“Uma luz amarela pode não estar cumprindo o seu papel corretamente. Às vezes, dependendo da composição dela, está informando para o organismo que é dia, por exemplo. Somente um um profissional capacitado pode avaliar corretamente os equipamentos de iluminação para saber se eles estão funcionando de forma correta, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Comissão Internacional de Iluminação”.
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