O projeto propõe a criação de unidades educacionais sustentáveis e mescladas com a natureza. A ideia dos alunos surgiu após estudo sobre as palafitas localizadas entre Santos e São Vicente.

O projeto é dos alunos Gabriel Costa Bignotto Pereira, Gabriela Monteiro Coutinho, João Pedro de Oliveira Caetano e Murillo Rodrigues Pereira – Foto: Divulgação
Da redação
O projeto de quatro alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paulista (UNIP), campus Santos, ficou entre os três primeiros colocados em meio a mais de 50 propostas apresentadas na 16ª edição do Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura 2023, promovido pelo Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).
Intitulado Escola, Cidade e Mangue, o projeto dos alunos Gabriel Costa Bignotto Pereira, Gabriela Monteiro Coutinho, João Pedro de Oliveira Caetano e Murillo Rodrigues Pereira propõe reconhecer a Arquitetura como disciplina fundamental para a construção do habitat no âmbito do desenvolvimento sustentável. Eles contaram com a orientação do professor Dhiego Magalhães Torrano, mestre em Arquitetura e Urbanismo pela USP.
Seguindo os critérios exigidos pelo concurso, a proposta contempla o quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 04) da Agenda 2030 da ONU, que versa sobre Educação de Qualidade. “(…) o projeto insere-se em área de mangue na bacia Santista, no Rio dos Bugres, cujas margens se transformaram em bairro dormitório com ocupação precária. Escola, Cidade e Mangue busca recuperar o diálogo entre a ocupação e a natureza.
Redesenho do passeio público dialoga com a margem e torna visível o que antes parecia ter invisibilidade: o mangue. Argumentação bem justificada e detalhada no memorial descritivo e ótima apresentação gráfica. Bom desenvolvimento dos sistemas estruturais”, destacou a comissão julgadora.
Sobre o projeto

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O projeto propõe a criação de unidades educacionais sustentáveis e mescladas com a natureza. A ideia dos alunos surgiu após estudo sobre as palafitas localizadas entre Santos e São Vicente. Diante da ocupação desordenada, o manguezal foi duramente prejudicado, causando desequilíbrio e poluição, além de declínio na qualidade de vida dos moradores.
Conforme o estudo, as estruturas voltadas para atividades educacionais e de lazer seriam erguidas no Dique da Vila Gilda e no Dique do Caminho São José, em Santos, e no Dique do Sambaiatuba, em São Vicente. As unidades educacionais seriam construídas por meio de estruturas lineares alinhadas ao tecido urbano, com o intuito de reconstruir uma frente de diálogo e continuidade do chão da cidade ao qualificar o leito do pedestre com programas de permanência, sendo possível, assim, criar possibilidades de conexões francas, funcionando como catalisadores do desenvolvimento urbano e social da região.
As estruturas são voltadas para a educação e o lazer usufruído de maneira sustentável. Elas seriam implantadas de modo que a estrutura metálica possa promover a ocupação de forma delicada, como se as edificações flutuassem sobre as águas e o mangue que, pelos vazios internos, aflora nos edifícios, por sua vez compostos pela repetição de um módulo simples.

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Com suas medidas, a estrutura pode se valer das características do aço como a leveza, a versatilidade e a precisão industrial, tornando o processo construtivo mais limpo e eficiente ao ocupar o mínimo da geografia natural. Além disso, três barras lineares que abrigariam usos pedagógicos convencionais e laboratórios comunitários destinados aos saberes populares, distribuídos ao longo do nível da rua, geram frentes de cidade e estuário acessíveis e convidativas.
Com isso, é idealizada a criação de um equipamento escolar como local representativo da conscientização da população, contribuindo para a regeneração do bioma natural ao longo dos anos. As atividades internas ocupam o centro do módulo, possuindo uma pequena varanda sobre o mangue, posta como mediação entre o espaço interno e a cidade, enquanto para o rio loca-se a circulação do eixo arterial das edificações, além de pontos de descompressão onde o programa se desloca para o mangue, por meio de flutuantes sob a influência da maré.

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Os alunos premiados esperam que, com esse projeto, a perspectiva da gestão participativa busque uma solução em conjunto com as cooperativas de reciclagem do entorno para confeccionar, com os plásticos reciclados e retirados da área de intervenção, uma vedação externa feita por lonas bioplásticas fotossintéticas, para controle de insolação e geração de energia por um mecanismo fotobiorreator, diluindo a edificação na paisagem graças à sua translucidez e cores semelhantes às do mangue e iluminando sutilmente durante a noite as cidades por bioluminescência.