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Santos / Cotidiano

Santos, 475 anos: uma grande história de amor

Da Mais Santos Online

Santos é daquelas cidades acolhedoras, multifacetadas, com jeito de ser personalístico, amada por “nascidos e criadosâ€, capaz de deixar tão imensa saudade por parte daqueles que por aqui passam que, não raro, retornam para ficar. E a Cidade os adota com aquilo que tem de melhor: sua gente, seus encantos, sua “caridade e liberdade†como diz o lema eternizado pelos mais antigos.

Problemas? Qual cidade não os têm?! É neste clima de “cidade dos sonhos†que a Mais Santos Online ouviu profissionais de alguns setores, todos eles comprometidos com o que possa haver de melhor para este lugar mágico fundado por Brás Cubas.

“Frequento Santos desde a primeira infância. Já mais tarde conheci a Mônica, uma santista, com quem me casei. Tempos depois me mudei para cá e tivemos nossa filha, Isabela. Eu viajei a trabalho todos os estados do Brasil e posso dizer que pouquíssimas cidades têm tantas opções quanto Santosâ€. O testemunho é de Jarbas Vieira Marques Júnior, engenheiro químico, presidente do LIDE Litoral Paulista, que agrega empresários de vários setores pelo desenvolvimento da região.

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Há quase 20 anos por aqui, ele acrescenta: “Desde que mudei para Santos, em 2002, tenho notado que a Cidade está cada vez mais metropolitana e aberta ao novoâ€. Jarbas destaca que, na área educacional Santos é um dos maiores polos universitários do País, oferecendo estudo em praticamente todas as áreas de conhecimento e pesquisa. “No aspecto empresarial, concentra o maior porto do hemisfério Sul, uma rede hospitalar vasta, um comércio muito rico e o turismo que desde sempre marcou a Cidadeâ€.

O que mais? “Ainda tem o Santos Futebol Clube, o maior jardim de orla do mundo, um patrimônio histórico e cultural sem precedentes, uma grande preocupação da sociedade com a sustentabilidade, as causas sociais e humanasâ€, completa o engenheiro. Na visão do presidente do LIDE Litoral, a Cidade tem sim o que comemorar neste aniversário. “O momento é de retomada econômica e de união com as cidades vizinhas para assumir seu papel na Região Metropolitana e impulsionar os empregos e riqueza da região, retomando seu papel de destaque no cenário nacional. Parabéns Santos e todos os cidadãos santistas!â€

Transformações na saúde

“A medicina tinha outra dinâmica, em Santos e no País. Era mais voltada para o atendimento privadoâ€, diz Ricardo Leite Hayden, tem quase 47 anos de exercício profissional como médico. Ele lembra do atendimento que era feito nos hospitais disponíveis para a população nos anos 1970, quando iniciou a carreira.

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“Naquela época, o Guilherme Ãlvaro – que hoje é um hospital geral – era apenas um hospital de tuberculose. Os hospitais que atendiam o que não era ainda chamado SUS (mas o antigo INAMPS, INPS, IAPC etc), eram a Santa Casa de Misericórdia de Santos, um hospital filantrópico, e a Beneficência Portuguesa. O restante era atendido pelas caixas, como a dos bancários, dos economistas e outras modalidades de trabalhoâ€.

Hayden, que é médico infectologista do Hospital Guilherme Ãlvaro e professor na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), viu de perto várias transformações pelas quais a medicina de Santos passou. De acordo com o especialista, com o crescimento da população e das demandas, a medicina deixou aos poucos de ser mais personalizada e privada para ter um atendimento mais público, até resultar na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988.

“Na primeira estrutura do SUS eu era diretor do Guilherme Ãlvaro, durante o mandato do governador Orestes Quércia (1987-1991). Foi quando foi feita a primeira estrutura de Conselho Municipal de Saúde, que era a instância regional do SUS e continua sendo, da qual fiz parteâ€, recorda.

Para o futuro, Ricardo Hayden aponta alguns caminhos para a saúde pública em Santos. “Um investimento grande na área de assistência de saúde da família, de serviços básicos de saúde, que são as policlínicas ou unidades básicas de saúde. Também a ampliação do atendimento das UPAs e, consequentemente, do SAMU. Precisa haver um grande esforço por conta das doenças cardiovasculares, que predominam como fator epidemiológico na Baixada Santistaâ€, atesta. Quanto à formação de profissionais médicos, o infectologista diz que ela segue ampliando, mas com a necessidade de se solidificar em busca de qualidade. “Tínhamos duas faculdades de Medicina e, hoje, temos cinco. Não vai caber todo mundo em Santos, que é uma ilha e tem uma população estanqueâ€, aponta Hayden, que prevê essa mão de obra nova buscando espaço, talvez, no Litoral Sul ou Norte.

Meio Ambiente

Mas é preciso mais. Na visão de uma ambientalista, por exemplo, Santos é uma cidade que precisa acertar o passo entre desenvolvimento e o respeito ao meio ambiente. Para a professora de Gestão Ambiental da Unimes, Técia Bérgamo, assim pode ser descrita a Santos dos dias atuais.

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Para ela, uma das saídas pode ser a valorização e cuidado com os canais, um marco do plano urbanístico e sanitário santista. A contribuição do plano traçado pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito, há mais de um século, é sentida até hoje. No entanto, o crescimento populacional, de forma desordenada em vários locais, acelerou o descompasso com a preocupação ambiental ao longo do tempo.

“A Cidade foi crescendo, e parte da população foi habitar áreas onde suas condições econômicas permitiram, como topos de morro e áreas de preservação ambiental. Assim, foram surgindo novos problemas, como os impactos ambientais, com a poluição dos canais e das praiasâ€, relata.

Segundo Técia, um pouco do problema também passa pela falta de uma maior consciência ambiental de uma parcela da população. “É preciso conciliar o planejamento ambiental urbano, com as práticas de Educação Ambiental. Estamos num cenário de pandemia e a Educação Ambiental começa por aí. Um exemplo é a questão das máscaras, jogadas nas praias e nas ruas. Então, é preciso também a conscientização da populaçãoâ€.

A professora traz ainda uma sugestão quanto aos canais que poderia inspirar a Administração Municipal. “É importante pegarmos alguns exemplos positivos, como os canais recuperados da Dinamarca. Após um plano de despoluição, esses canais foram trazendo embelezamento para a população e a própria sustentabilidade ambientalâ€, finaliza.

Crítica com arte

O artista plástico Jadir Battaglia, sempre envolto em cores e formas, assume o papel de crítico ao avaliar o momento da Cidade. Segundo ele, passado o período de prosperidade ocasionado pela promessa da vinda da Petrobras para Santos, nos últimos anos a Cidade resgatou sua vocação para “cidade balneárioâ€, com desenvolvimento constante e linear, sem muitas novidades.

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“Novas escolas, novos empreendimentos e urbanização, o de sempre, foram apresentados a seus moradores. Nas artes visuais não foi diferenteâ€, diz. “Contudo, percebi dois movimentos distintos nesse mercado: um, de retrocesso ou inércia, sem nenhum movimento significativo nas galerias municipais e poucas atividades nas galerias particulares; e outro, inverso, no qual os artistas se dedicaram a expor seus trabalhos nas redes sociais, abrindo seus ateliers para os usuários do Instagram, Tik Tok e Facebook.â€

Para Battaglia, “nesse sentido, a pandemia da Covid-19 contribuiu fundamentalmente, libertando os artistas da região da mediação das galerias – esatão fechadas – tornando-os mais independentes na relação com o publico. Esse exercício individual e particular de divulgação colocou Santos no mapa nacional e, quem sabe até no cenário Internacional, demonstrando que a arte aqui ainda floresce e frutifica apesar de tudo.â€

Resistência no esporte

Nem só do esporte profissional (dá-lhe Peixe!) vive Santos. Mas o título de “Cidade Mais Esportiva do Brasilâ€, obtido pelo saudoso jornalista De Vaney para Santos nos anos 1950, carece de atualização. As competições, especialmente dos esportes de quadra, já não são fartas como antes, o que deixa triste um profissional respeitadíssimo entre os santistas: Dirceu Leal – o Buru – técnico de Basquete do Internacional e há 50 anos formando gerações de atletas. A saudade dá lugar à resignação sobre o presente.

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“O que falta, principalmente, são dirigentes. Não temos muitos que realmente gostam do esporte, do basquete em especial. A gente poderia fazer alguma coisa sem muito dinheiro, mas temos que correr atrás. Como os clubes estão com problemas financeiros, a Prefeitura poderia tomar a frente tambémâ€, resume a situação do setor na Cidade.

Segundo Buru, é preciso unir, num trabalho de revelação de novos talentos, os trabalhos das secretarias de Esporte e Educação, pois estão nas escolas os potenciais atletas que vão defender a Cidade em Jogos Regionais e Abertos. Além do empresariado local, especialmente ligado ao Porto, que poderia investir mais no nosso esporteâ€, aponta o experiente esportista.

A receita dada pelo treinador do Inter busca parte de um resgate histórico; dos tempos e quem os clubes sociais, com destaque para os da Ponta da Praia, se sobressaiam nas competições esportivas. As rivalidades afloravam, como no caso do próprio CIR e do Saldanha da Gama no basquete. Mas havia ainda o Atlético Santista, Regatas Santista, Vasco da Gama, todos com boas representações.

“Havia vários clubes com uma categoria de base estruturada. Fora as escolas que participavam. Carmo, Azevedo Júnior, Colégio Santista… Eram várias equipes e tudo por conta de muitas pessoas abnegadas. A gente desenvolvia um trabalho grande; havia rivalidade sobre quem se destacava. Fora iniciativas como a do Saldanha, que promovia o Torneio Almirante Saldanha da Gama, que também tinha equipes de fora da Baixada. Depois veio essa fase, onde os clubes foram acabando com suas equipes. Hoje, a formação do basquete da Região reside no Inter e em Praia Grandeâ€, complementa.

Fotos: Divulgação