Da Redação
O grave acidente ocorrido neste domingo (20), quando um navio de grande porte colidiu e destruiu atracadouro de balsas causando a interrupção de travessia Santos-Guarujá, reforçou a necessidade de agilidade na definição sobre uma ligação seca entre as duas cidades.
Enquanto o Governo do Estado é a favor de uma ponte, o projetro de um túnel também recobra sua força. O Ministério da Infraestrutura apresentará uma decisão sobre a obra, ponte ou túnel, até setembro.
Segundo o conselheiro da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos e porta-voz da Campanha Vou de Túnel, Eduardo Lustoza, o projeto do túnel imerso é o único que atende e cobre todas as questões relacionadas à segurança, pois não cria uma barreira física no canal de navegação.
Lustoza, que é consultor portuário há 40 anos, explica que uma ponte na região aumentaria o risco de acidentes, já que pode prejudicar a manobrabilidade dos navios e causar colisões nas áreas de manobra”.
“Por sorte, a balsa não estava carregada de pessoas e nem de veículos, o que poderia significar uma tragédia com consequências sérias para o armador e, principalmente, para a população da Baixada Santista. Se existisse um pilar de uma ponte no trajeto deste navio, ou atingisse um outro navio petroleiro, a tragédia teria dimensões maiores e poderia interromper a navegação no principal porto do país, com prejuízos severos para a operação do Porto de Santos”, defende Lustoza.
De acordo com ele, o serviço de balsas voltado para passageiros e ciclistas são embarcações lentas que operam na curva do canal e deve ser imediatamente substituído pelo túnel imerso, especialmente, pela questão da segurança dos usuários, mas também por promover a inclusão social e sustentabilidade ambiental e econômica. “Além de mais seguro, a escolha deste modal promove a mobilidade urbana já que permite a integração de ciclovias e conta com uma via exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos, reduzindo o tempo de deslocamento com o transporte público”, explica.
O engenheiro naval e ex-presidente da Autoridade Portuária de Santos, Casemiro Tércio de Carvalho, lembra que a experiência internacional atesta que a ligação seca nos portos do mundo é imersa. “Não existe ponte em rota de navegação nos principais portos espalhados pelo globo. Inúmeros são os exemplos de países que têm apostado na construção de tuneis em detrimento de projetos considerados obsoletos do ponto de vista da segurança e que inviabilizam a passagem de navios maiores”, completa.
Segundo Carvalho, o projeto do túnel imerso entre Santos e Guarujá é a única opção viável para a ligação seca entre os municípios e que segue as recomendações da PIANC (Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo) que indica a ligação via túnel como a melhor alternativa.
O presidente da UVEBS (União de Vereadores da Baixada Santista), vereador Betinho Andrade, lamentou o acidente que destruiu um atracadouro na margem esquerda (Guarujá) do Porto de Santos e também defendeu o túnel imerso como a melhor alternativa para a ligação seca às margens do maio porto da América Latina. “É inadiável a ligação seca entre Santos e Guarujá e a única opção é via túnel”, afirmou. “Imagine se tivéssemos uma ponte ali”, completa.
Ponte
A ponte, projetada pela Ecovias, tem 7,5 quilômetros de extensão, com início da entrada de Santos e término próximo ao acesso à Ilha Barnabé, na Área Continental de Santos. Em outubro do ano passado, a Secretaria de Logística e Transporte de São Paulo entregou para o Governo Federal, o novo projeto da ligação seca entre as margens do Porto de Santos, executado pela Ecovias.
A pedido da Autoridade Portuária e dos demais órgãos envolvidos, a concessionária desenvolveu uma alternativa de projeto, com reposicionamento e aumento da distância entre os pilares.
A alteração resultou num vão principal de 750 metros — que se tornará o maior da América Latina — e com altura de 85 metros a partir do nível do mar. As medidas eliminam qualquer interferência operacional atual e também com as ampliações de projetos futuros do Porto.
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