Anderson Firmino
Atualizado às 13h55
A comunicação da Baixada Santista amanheceu de luto neste domingo (26), com a morte do radialista e apresentador esportivo Armando Gomes. Ele lutava nos últimos tempos contra um câncer e faleceu à s 7h30. O jornalista tinha 76 anos e estava internado há cerca de dois meses no Hospital Vila Nova Star, na Capital. Deixa a esposa Laura e os filhos Victor e VinÃcius.
O corpo será velado a partir das 16 horas  no Memorial Necrópole Ecumênica. Às 17h30, haverá um cortejo que passará pela Vila Belmiro, com retorno às 18 horas para o sepultamento. Por conta dos protocolos de combate à Covid-19, o acesso às cerimônias será restrito. A Prefeitura de Santos decretou luto oficial de três dias pela morte de Armando Gomes.
Prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa emitiu nota de pesar sobre Armando Gomes: “O Brasil perdeu uma de suas vozes mais combativas e apaixonadas da crônica esportiva nacional. Uma figura singular que testemunhou e contou, de maneira expressiva e irreverente, centenas de páginas da história do futebol e, principalmente, do Santos Futebol Clube (SFC) – paixão da sua vida, e da minha também. Eu perco um amigo querido, criador e comandante máximo da bancada do ‘Esporte por Esporte’, um dos programas com maior tempo de exibição ininterrupta no Brasil – são 30 anos no ar, com grande audiência, desde a sua criação, na TV Litoral. Armando Gomes deixa um legado de amor à nossa cidade, ao Peixe e ao futebol. Seu nome e sua personalidade, marcante e inexorável, serão sempre lembrados por todos os fãs do esporte”.
Trajetória
Manduca, como era carinhosamente chamado, era sinônimo de polêmica, especialmente na bancada do Esporte por Esporte, que comandou por mais de duas décadas, primeiro na extinta TV Litoral, e posteriormente, na Santa CecÃlia TV. Torcedor ferrenho do Santos, era conselheiro efetivo do clube.
Armando esteve presente em momentos importantes da história do futebol, especialmente parta os santistas. Reportou o milésimo gol de Pelé, no Maracanã em 1969 pela Rádio Atlântica. Anos antes, em 1964, participou da transmissão do jogo de acesso da Portuguesa Santista à elite do futebol paulista, contra a Ponte Preta, em Campinas.
Ele não se considerava polêmico.  No entanto, não raras vezes rasgava faxes e emails desaforados de telespectadores desavisados. “Me considero opinativo. Polêmico é quem faz confusão por qualquer coisa. Tenho opinião para tudo, e emito as minhas opiniões, e acabo, algumas vezes, me machucandoâ€, disse Armando, em entrevista ao programa Só Esportes, da Rádio Ômega, em maio do ano passado.
Um arrependimento? Talvez ao fazer uma afirmação sobre o atacante Robinho, que lhe rendeu um processo e pagamento de indenização ao jogador. Mas nem tanto… “Já exagerei demais. Para se ter uma ideia, eu perdi um processo para o Robinho, de R$ 130 mil. Acabei aconselhado por um advogado de não ir à última instância, pois o valor poderia aumentar ainda mais. Passei a pagar ao Robinho R$ 5 mil por mês. Depois, 10, 15, até chegar a R$ 80 mil. Quando cheguei nos R$ 80 mil, vendi um imóvel e quitei,. Nãodevo absolutamente nada. Me arrependi de ter falado o que falei, mas não me arrependo de ter dito. Uma coisa é mentira, a outra é uma verdade não provada. E era verdade o que eu faleiâ€.
Referência
Manduca lançou gerações de jornalistas em suas tribunas no rádio e na TV. Era uma referência para vários nomes importantes do jornalismo esportivo. “Aprendi muita coisa. E continuo aprendendo até hoje. Tenho mais experiência que inteligência, por ter aprendido. Todos eles têm uma referência e uma gratidão à minha pessoa. Não tive nenhum caso de ingratidãoâ€.
Era dono do bordão “Deus Existeâ€, dito sempre ao final de cada programa. A bola rolou, leve e solta por aqui, por muito tempo para Manduca. Agora, está com ele no céu.
Fotos: Reprodução/Santa CecÃlia TV e Marcelo Dias/Rádio Ômega