Por Isabel Franson e Juliana Moraes600m² da verdadeira gastronomia italiana em terras santistas. Ambiente aconchegante, pratos apetitosos e charme tipicamente europeu são as marcas do restaurante que está prestes a completar meio século de atividade.
Em 1967, a casa foi aberta originalmente pelos italianos Carlos e Liliana Gonelli. A princÃpio na Avenida Ana Costa, a Cantina Liliana ficou famosa pelas massas caracterÃsticas. Com três anos de atividade, o casal decidiu voltar para sua pátria, deixando o empreendimento para trás. Conversando com os funcionários do local, os proprietários encontraram Júlio Reinaldo Rodriguez, garçom interessado em tocar o negócio.
A princÃpio dos italianos, Liliana foi abraçada por uma famÃlia brasileira. Além de Júlio, o restaurante com o tempo ganhou a gestão da filha Maristela Garcia Rodriguez e o marido Hélio Cunha. Hoje, o casal conta com a participação dos filhos Débora e Leandro Cunha.
“Carlos e Liliana se preocuparam em como Júlio poderia comprar o restaurante, por ser apenas um funcionário. Mas a transação teve suporte de um cliente, que trabalhava num banco e financiou a compraâ€, explica Hélio.
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Por muitos anos, a Cantina Liliana manteve raÃzes no mesmo endereço da avenida mais tradicional da cidade. Apenas em outubro de 2015, um imóvel na Avenida Washington Luiz despertou a atenção da famÃlia.
“Era um espaço de esquina, bonito e nós enxergamos potencial. O espaço estava um pouco ruim, feio, muito antigo, não tinha condições de acessibilidade. Precisamos de oito meses para reformar, mas ficou do jeito que querÃamosâ€.
Mais jovens, Débora e Leandro têm quase 10 anos de empresa. “As coisas mudam quando há mais gente da famÃlia. O que era um probleminha ganha mais força, ou o que era uma diferença ganha potência porque você tem alguém de confiança ao lado. No caso de tocar um negócio, a gente enfrenta qualquer dificuldade porque herdados a história da vida do meu avô e a história da marca, que também envolve Dona Liliana. Ficamos muito felizes, mas foi bem difÃcilâ€, afirma Débora.
A neta de Júlio afirma que foi uma escolha continuar com o restaurante do avô e dizem que nunca foi algo imposto. “Parece grande, mas é um restaurante pequeno, regional. E eu lembro do meu avô que, pouco tempo antes de falecer, disse que tinha muito orgulho de nós por trabalharmos na empresa da famÃlia, mas que ele nunca sonhou com isso. Meu pai, genro dele, que pediu para administrar. Ele era engenheiro civil formado, mas apaixonado por comida e pelo ramo gastronômico. Por isso, mergulhou de cabeçaâ€, diz Débora.
Antes de ingressar na equipe do restaurante, Débora se formou como jornalista e radialista. Trabalhava em São Paulo, mas logo desceu a Serra para administrar a propriedade da famÃlia. “O negócio cresceu e abriu o Liliana Pasta e Pizza. O Leandro foi trabalhar na obra, mas ficou na cozinha e até hoje não saiu de lá (risos). Ele conseguiu me convencer e, um ano depois, eu voltei para cáâ€, completa.
“Foi um aprendizado incrÃvel entrar em um negócio onde meu pai era meu chefe. Ele era um modelo pra mim e foi uma experiência bem maior do que se eu tivesse em uma empresa. Eu sempre me coloquei em uma postura de funcionária. Hoje, temos até uma participação de sociedade, mas somos funcionários dele. Até porque, como eu vou saber mais que alguém que já está aqui há mais de 30 anos? Então a gente busca aprender com ele. Tem pessoa melhor para te ensinar do que seu pai?â€, diz Débora, orgulhosa.
Para Leandro, nada do que aconteceu durantes todos esses anos foi por acaso. “Nós abrimos em época de crise. De repente se a gente tivesse entrando em um boom, como estávamos há 10 anos, a gente também seria cobrado dessa maneira. Hoje, com quase quatro anos de empresa, a gente tem maturidade para crescimentoâ€, diz ele.
Em relação aos pratos, o carro chefe do restaurante é a parmegiana ao Sugo, receita antiga e exclusiva. “Também temos os nossos pratos gratinados, mas acredito que seja o filé à parmegiana mesmo. Mas as massas gratinadas e as lasanhas também saem bastanteâ€, diz Hélio.
A famÃlia acredita que o diferencial do restaurante seja o sabor. “Nós chamamos de comfort food, a que tem gosto do que comemos na nossa casa, só que sem ser exatamente a comida da sua casa. Aqui fazemos uma comida que traz lembranças, aconchego, então você come e não se sente apenas satisfeito fisicamente, mas também emocionalmente. Eu acredito que nossa comida traga issoâ€, comenta Débora.
Em relação ao espaço, a famÃlia diz que o local teve um projeto totalmente inovador nas novas instalações. Foi um amigo de Débora o arquiteto responsável pelo design. “TÃnhamos uma certeza: querÃamos algo com a cara de restaurante mais moderno talvez até mais internacional. Muitas cantinas têm tolhas xadrez na mesa, garrafa pendurada no teto… SabÃamos que não querÃamos algo assim. A cantina de fato nunca foi assim. Mas Pedro, de fato, apresentou um projeto que era bem diferente do que a gente tinha pensadoâ€.
Hoje, a Liliana recebe cerca de 1.500 clientes por semana. A adega, explica Hélio, é o ponto central. Para Débora, o foco era que o restaurante não fosse apertado. “Nós conseguimos dar acessibilidade para cadeirantes tambémâ€.
Já o segundo andar da casa, funciona como restaurante para eventos. “Fazemos muitos casamentos, batizados, chás de bebê, chá revelação, aniversário de 90 anos… Assim como funciona o restaurante, também funciona o buffetâ€.
Há também a sala VIP, que comporta até 24 pessoas, para um encontro mais intimista ou para reuniões de empresas. “Às quintas e sextas, também fazemos o Espaço Kidsâ€.