Por Alexandre Piqui
A vÃtima prefere não se identificar. Relata que seguranças de uma casa noturna que fica na Avenida Senador Feijó, no bairro Vila Mathias em Santos, a agrediram. O caso aconteceu na madrugada de domingo (14). Em entrevista ao MAIS SANTOS, a jovem disse que estava com o namorado, uma amiga e mais três amigos na balada. Tudo ia bem até o momento no qual reclamou para o promoter da festa sobre a tampa de um copo. “Ele me deu com tampa errada, era maior que o copo e fui pedir para que trocasseâ€, relata.
Nós entramos em contato com a dona do estabelecimento que não permitiu a divulgação do nome completo. Ela rebate a denúncia e nos enviou um áudio do promoter no qual conta a versão dele. “Ela entrou reclamando que os amigos pagaram mais caro, que demorou para abrir a casa. Eu fui lá, conversei, tive paciência, dei dois copos de presente e pedi desculpa por qualquer problemaâ€, conta o prestador de serviço.

Foto: Cliente mostra as marcas da suposta agressão
A moça relata que o episódio foi o estopim para um tratamento diferenciado durante a noite. “A partir de então colocaram os seguranças atrás de mim e da minha amigaâ€, conta. “Fui ao banheiro da pista e as seguranças entraram atrás. Elas não queriam deixar fechar à porta do banheiro, no caso da cabine na qual entramosâ€, relata a jovem. “Depois de um tempo subi de volta para o [da área] vip, onde só tem um banheiro e que é usado tanto por homem quanto por mulher. Meu namorado entrou para segurar a porta, pois não tem tranca e qualquer um poderia entrar e até mesmo abusar de alguém ali dentro que ninguém ia ver. Em menos de cinco minutos saÃmos do banheiro. Ela [segurança] veio dizer que se entrasse novamente com homem no banheiro iria ser obrigada a me retirar da casa. Eu falei que tudo bem, não ocorreria novamenteâ€, explica.
A proprietária esclarece que o camarote tem banheiro, com trancas e de uso exclusivo de quem adquiri o espaço. Sobre o fato ela explica: “a segurança falou para ela [cliente] por a roupa e que saÃsse do banheiro, porque não pode entrar com um cara no banheiro. Ela ‘tava’ muito alteradaâ€, diz.
Conforme conta a denunciante, cinco minutos após esse episódio foi abordada pela prestadora de serviço da casa noturna sem motivo aparente. “Ela veio com uma outra [segurança] para me tirar [do local]. Eu a questionei, pois não havia feito nada. Ela veio me agredir e fui me defender. A outra [segurança] me deu um mata leão, desmaiei e só lembro de ter acordado no chão com minha amiga e meus amigos gritando com os segurançasâ€, relembrando do fato.
Enquanto o grupo saia da área vip houve mais confusão. “Os meninos foram descer a escada para me tirar de lá e a funcionária ainda veio puxar meu cabelo. Comecei a ter crise de ansiedade, passei mal, desmaiei mais umas duas vezesâ€, relata a jovem.

Foto: Suposta mordida da cliente na segurança.
O outro lado se defende. “Nesse caso a segurança tem que render, sim, a pessoa para colocar para fora da casa quando não sai por conta própria. Eles são treinados para segurar no braço, quando ela foi pegar no braço, a cliente já deu um soco na outra segurança. Tem mais de 30 testemunhas. O staff [equipe do evento] inteiro pode falar o que a menina fez no braço da segurançaâ€, relata a empresária.
Segundo a vÃtima, nem com a chegada do suposto dono da casa a situação se acalmou. “As duas seguranças, o dono da casa junto com sua mulher vieram para cima de mim e dos meus amigos novamenteâ€, disse durante a entrevista.
A PolÃcia Militar foi chamada, a jovem foi levada de ambulância para a UPA Central por onde passou por atendimento e foi liberada.
A dona da casa noturna rebate a acusação. “Sei que ela fez o maior barraco do mundo e ainda foi para a calçada; tirou o short e a calcinha e ficou nua. Então, você veja bem o tipo de pessoa que ainda acha que tem razão em falar alguma coisaâ€, acrescenta.
Advogado procurado pelo MAIS SANTOS fala do caso
João Freitas, proprietário do escritório João Freitas Advogados Associados, explica que em casos como esse as duas partes devem tomar algumas providências. “É importante ter provas documentais e testemunhais. Tanto na área Criminal como na CÃvel. Não adianta alegar sem ter como comprovar. Tudo que envolve a justiça precisa ter provasâ€, esclarece.
O advogado orienta aos envolvidos a fazerem Boletim de Ocorrência e exame de Corpo Delito no IML. A partir daà será instaurado um inquérito policial e os fatos serão apurados durante as investigações. “Em relação à esfera CÃvel, quem foi agredido tem todo o direito de requerer o dano material que inclui toda a parte hospitalar, todo prejuÃzo que ele teve em função dos ferimentos, se não conseguiu trabalhar e também direito ao dano moral. Para isso deverá procurar um advogado ou ir direto no Juizado Especial CÃvel da cidade e requerer essa indenização contra a pessoaâ€, explica João Freitas.
Em fatos assim o especialista recomenda. “A casa, no momento do fato, pode e deve chamar a polÃcia para analisar ‘in loco’ o ocorrido. Por fim, para arrematar; um erro não justifica o outro. Não é pelo fato que um errou que o outro tem que errar tambémâ€, esclarece.
A casa noturna informou que a partir de agora vai adotar novas medidas e chamar a polÃcia para evitar futuros transtornos como esse. Os donos vão analisar se entrarão com um processo contra a cliente.
Já a cliente fez um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Mulher de Santos contra a casa noturna e fez exame de Corpo Delito no IML da cidade.