Por Lucas Leite
Fotos: Marina Marques
José Cícero e Ysabella da Silva vivem aquela relação de pai e filha que mais se assemelha com uma relação entre amigo e amiga. Com 53 anos, ele é funcionário de um cemitério da região há 34 anos e gosta de usar o tempo livre com Ysabella, de 22 anos, para caminhar e praticar atletismo.
A jovem conta que o pai sempre foi um espelho na modalidade para ela. Apesar de não ser profissional, José Cícero pratica atletismo há 25 anos. Tendo o pai como referência, ela começou a correr com ele e pegou gosto. Os dois, vencedores da promoção de Dia dos Pais da Mais Santos no Facebook, bateram um papo muito bacana com a equipe da revista e falaram sobre as melhores e até as piores partes de ser pai e filha nos dias de hoje. Confira:
Como é a relação de vocês dois?
ELE: Atualmente, a nossa relação é uma das melhores possíveis. Para isso, a gente vem lutando e dando o melhor possível para ela na parte de educação, e ela sabe disso. Então, a gente tem uma relação muito boa, que hoje a gente curte muito na parte de esporte. Gosto muito de atletismo. Não sou profissional, mas pratico há mais de 25 anos. E ela começou a participar comigo de caminhadas, de algumas corridinhas. Então, a nossa relação foi crescendo cada vez mais. É muito bacana e eu não tenho nada do que reclamar.
ELA: É o que ele falou. A nossa relação sempre foi muito boa e todos sempre disseram que sou muito parecida com ele. Agora, eu estou ficando com a feição da minha mãe, mas sempre fui parecida com ele em todos os sentidos. Até na calma. E agora eu peguei a parte de esporte, porque eu sempre gostei e ele sempre foi um espelho para mim nessa área. Até que um dia, ele chegou para mim e falou: “Ah, vamos correr”. E desde então, é assim.
ELE: O primeiro uniforme dela é do São Paulo, um mini-uniforme do São Paulo, muito pequenininho.
ELA: Ainda tem isso, nós dois somos são-paulinos.
Como foi quando soube que ia ser pai?
ELE: Eu podia falar que foi planejado, porque desde garoto eu já trabalhava, comecei muito cedo e sem instrução nenhuma de escola. Então, vim para Santos. Tive sorte de ter um amigo que me trouxe para cá no ano de 1984, e eu estudei um pouquinho, porque eu não sabia nada. Estou no mesmo trabalho até hoje, sou encarregado geral de um cemitério. E, nisso, eu conheci a mãe dela.
Na época, ela tinha de 13 para 14 anos. Namoramos no mínimo uns nove anos e, com 28 anos de idade, me casei e, um ano e meio depois, veio a Ysabella. Em 1994, eu me casei e, em 1995, ela nasceu. Então, ela veio e só dá alegria até os dias de hoje.
Qual é a melhor parte de ser pai/filha?
ELE: A gente curtiu ela desde o primeiro ano. Com um ano ela já era aquela garota dançante. E uma fase boa foi com cinco anos de idade. A gente curtia muito porque ela era a palhaça da casa, ela fazia show, inventava show, essas coisas todas. Daí para frente, todas as fases foram boas. Mas essa foi uma fase que a gente curtiu muito.
ELA: A gente tem uma cumplicidade lá em casa. Se eu precisar de um apoio, eu sei que eu tenho nele, e também na minha mãe, em todos os sentidos. Tanto na parte do esporte quanto na vida mesmo. Então, essa é a melhor parte de ser filha.
Ele topou essa ideia de participar da promoção de Dia dos Pais da Revista Mais Santos, que não é a praia dele. Eu falei: “Pai, vou inscrever a gente!”.
E qual é o grande desafio de ser pai/filha?
ELE: O grande desafio, até para os dias de hoje, é que a gente tem até um certo medo do mundo. Até para quem não tem muitas condições, para levar na cara e coragem, hoje em dia, precisar ser muito bem planejado para você botar um filho no mundo. Esse é o grande desafio que a gente tem, porque não tem apoio do governo. É difícil. Área de saúde, emprego e outras. Ela se formou já vai fazer três anos e o serviço não sai. Então, esse é o grande desafio.
Mas, por outro lado, é uma sensação tão boa de você ser pai, que você passa por cima de todos esses desafios. Quem vai ser pai, ainda vai sentir isso. É difícil até de explicar. É muito bom.
ELA: A gente sempre quer mostrar o melhor de nós e, às vezes, a gente não consegue e acha que não é capaz. Então, o grande desafio é querer mostrar que a gente é sempre melhor.
ELE: Com a paciência, vamos vencendo esses desafios.
ELA: É complicado. É o que ele falou, eu estudei em uma faculdade boa, e o curso, de três anos, foi complicado. Eu achei que ia sair e já ia ter emprego. E aí, você pega uma realidade que é totalmente diferente, aquilo te choca, te frustra.
O que diria para os futuros pais?
ELE: Eu diria que a sensação é boa, mas façam planejamento. Não vão ser pais de qualquer jeito, porque você tem que ter pelo menos uma base, e quando vão por acidente é complicado. Aí tem que ter o vovô e a vovó para ajudar. Porque, se for depender só da pessoa, é complicado. Mas, hoje em dia, o pessoal está muito consciente. Quem vai ter filho já tem um planejamento. Difícil mesmo é a gravidez indesejada, porque envolve muita coisa. Mas o desafio, em termos de emoção, é dos melhores possíveis. Porém, tem que ter um pouco de planejamento e pensar muito antes de ser papai. Principalmente nos dias de hoje.