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Edição Semanal

Muito além da estética, silicone é saúde e bem-estar

Por Isabel Franson

Assim como nas roupas, a ‘moda’ do corpo é temporária e volátil. Por menos que percebamos isso num intervalo de poucos anos, as diferenças são facilmente notadas em comparações maiores, de décadas ou séculos.

Se nos anos 20, o charme era o mignon, nos anos 1940 a mulherada dava tudo para ter os seios fartos de Marilyn Monroe. Em 1960, veio o corpo violão, com seios de tamanho médio, cintura fina e quadril caprichado. Em 1981, Olívia Newton-John personificava o molde ideal, com o hit Physical, cujo sucesso nos alto-falantes das academias justificava tudo. Já nos anos 2000, quem ganhou força foram os “peitõesâ€.

Obviamente que, com exceção de algumas felizardas, nem todas nascem com traços genéticos que darão origem a seios fartos na vida adulta. E, apesar de parte das mulheres não sentirem falta de uma curvinha aqui ou outra ali, a grande maioria sempre terá algo que anseia mudar.

Esse desejo de pequenos (ou grandes) retoques é o que leva mensalmente mais de 100 mil brasileiras às mesas de cirurgias estéticas. Os dados são de um estudo realizado em 2017 pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (Isaps).

A nível mundial, o Brasil ocupa hoje o segundo lugar no ranking de cirurgias estéticas, à frente de Japão e México e atrás apenas dos Estados Unidos da América. Um jogo que pode virar em breve, já que lá as cirurgias caíram 34% nos últimos 10 anos, enquanto aqui a tendência é subir ainda mais.

Na prática

Para as turbinadas de primeira viagem, como saber qual o tipo de prótese certa? Segundo o cirurgião plástico Marcelo Olivan, o ideal é harmonizar a proporção dos seios com o tipo de corpo. “Conversamos muito com a paciente e tentamos sempre adequar o implante às suas medidas, para que fique bem natural. Se a mulher é mais alta, tem o tórax mignon, pode colocar algo um pouco mais ‘empinado’. Agora, se é uma pessoa mais baixa, não vamos usar algo tão projetado, porque qualquer coisa pode parecer que está gordinha. É bem delicado e exige um trabalho bastante personalizadoâ€.

A escolha, de acordo com o especialista, é feita após medidas específicas da paciente. “Calculamos o diâmetro da base da mama para adequar a prótese ao tamanho do corpo. Não pode ser algo que fique sobrando nas laterais, ultrapasse o limite do tórax e raspe nos braços. Também verificamos as projeções, se será mais acentuado ou mais discretoâ€.

Olivan explica que, usando como referência a média de altura da brasileira (1,55m a 1,70m), a dimensão total da base das mamas – incluindo os 2 cm de intervalo entre elas – é de 10 cm a 11,5 cm. Para estas mulheres, as medidas mais indicadas de prótese seriam entre 250 e 380 ml. Em outras palavras, aplicações que podem transformar seios de tamanho 40/42 em 44/46 de forma que a aparência fique bastante natural.

Idades e particularidades

Sabe aquela história de que a prótese de silicone impediria mulheres jovens e sem filhos de, um dia, virem a amamentar? Não existe mais, de acordo com o especialista. “É uma consciência coletiva de que as mamas são cortadas ao meio, com incisão a partir dos mamilos, e a prótese é inserida ali. Na verdade, não. O usual é uma incisão lateral, na base do seio, empurrando todo o complexo mamário para a frente, ainda perfeitamente conectado ao mamilo. Portanto, se a mulher tiver todas as glândulas mamárias respondendo aos hormônios – ou seja, produzir leite -, o silicone em nada afeta a amamentaçãoâ€.

Há, ainda, mulheres que têm o mamilo invertido, para dentro. Segundo Olivan, o silicone também serve para projetar e, inclusive, facilitar a amamentação.

Mas se a paciente já viveu sua fase maternal e agora, mais experiente, deseja fazer apenas uma adaptação na consistência dos seios – não necessariamente aumentando e, sim, ajustando – o médico explica que é possível inserir a prótese mais à frente. “No caso de uma mama que já aumentou de volume, depois involuiu e perdeu tamanho, a cirurgia é mais no estilo de preenchimento, ocupando esse ‘vazio’â€.

Silicone no Brasil e no mundo

A vaidade justifica a alta procura por cirurgias estéticas no País. A busca, de acordo com o médico, é pela harmonização das medidas. “A brasileira tem mais quadril, né? E sente-se meio desbalanceada quando tem mais bumbum e não tanto seio. Por isso, a procura por equilibrarâ€.

Olivan explica que tudo também é questão cultural. “Na Colômbia, por exemplo, as mulheres gostam daquele culote que as brasileiras odeiam. Na Argentina e nos EUA, o negócio delas é mamas volumosas, com 400ml, bem estilo Panicat. No Brasil, já não é tão comum essa medida. Descemos novamente para cerca de 300ml e estamos estabilizando por aíâ€.

Prótese de glúteo

Enquanto as cirurgias de mama vêm evoluindo há mais de 50 anos, as de glúteos tem cerca de duas décadas.

Para o especialista, a baixa procura da prática é devido à imagem ruim dos resultados. “Aquela coisa dura, imediatamente abaixo da pele, que fica visível… Isso que queima o filme dos procedimentos de glúteo. O bom silicone de bumbum é aquele que a gente nem vêâ€.

Surpreendentemente, Olivan conta que a maior procura por próteses de glúteos não vem das mulheres, e sim dos homens. “Na maioria das vezes, são casos de cirurgias bariátricas, nos quais os pacientes emagrecem demais e ficam com a aparência extremamente flácida. Por isso, aplicação de silicone. Este, diferente da mama, já bem no meio do músculoâ€.

Olivan lembra que, seja na mama ou no glúteo, aplicação de silicone via injeção é altamente contraindicado, colocando em risco a saúde do paciente.

Duração e acompanhamento

Com a evolução da ciência, as próteses ganharam muita durabilidade. Normalmente, é possível manter a mesma aplicação por até 20 anos sem problemas. Mas, o ideal, é fazer retornos anuais ao cirurgião. “Até para ver exames de imagem. Quando o ginecologista pedir, já traz para o cirurgião tambémâ€.

Quanto às trocas de próteses, o médico explica que a grande maioria são feitas mais por vontade da paciente que por necessidade. “Para diminuir ou, quase sempre, aumentarâ€, brinca.

Estética ou saúde?

Os termos, na verdade, podem estar mais relacionados que se pensa. “Sempre ouvimos a expressão ‘saúde e bem-estar’. Muitas vezes, a pessoa tem os exames em dia, toda a saúde, mas não sente-se bem. Ela acorda de manhã, se olha no espelho e pensa ‘poxa, envelheci’. Ou coloca um vestido, sente falta do volume no decote e se incomoda. Esse desconforto não significa que ela está doente. Mas algo impede que seja plenamente feliz. Certamente, a prótese vai mudar seu humor e estado de espírito, afetando, consequentemente, sua saúde. Não física, mas emocional. O implante vai dar um up na autoestima, massagear o ego no bom sentido. É de uma importância que não pode ser menosprezadaâ€.


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