Por Isabela Ribeiro
Para o futuro, a cantora deseja fortalecer cada vez mais a carreira no Brasil e em outros paÃses.
Fotos: Divulgação/Marcus Cabaleiro
Simone Ancelmo nunca havia imaginado que entraria para o mundo artÃstico. Sempre amou música desde pequena, mas nunca pensou que se tornaria cantora. A relação com a música começou no teatro, quando cantava por conta de alguns personagens que interpretava. Sua voz sempre lhe rendeu elogios. Quando já estava na universidade, ela resolveu entrar para o coral e, apesar de ter entrado com o intuito de se divertir, aquela foi a porta de entrada para fazer seu nome no mundo da música.
Você sempre sonhou em ser cantora?
Não. Na verdade nunca imaginei que um dia eu fosse entrar para o mundo artÃstico. Sempre amei música desde pequena sim, pedia pra minha mãe comprar os LPs e ficava ouvindo e cantando junto, mas nunca me passou nem quando pequena, nem adolescente. Foi algo que foi acontecendo aos poucos por causa das minhas atuações com as peças de teatro.  O teatro também foi acidental, sempre fui muito curiosa e gostei de fazer todos os cursos que me aparecia. De pintura em tela a corte costura e culinária. Entrei como curiosa no Teatro e foi quando percebi que aquilo era apaixonante, estava em mim e eu não sabia. Quando vi estava cantando e me apaixonando cada vez mais por cantar.
Como começou a sua relação com a música?
Eu sempre fui muito elogiada pelo timbre de minha voz, fiz locução, fiz dublagem, tudo relacionado à voz. No teatro comecei a cantar por causa de alguns personagens que pediam na atuação e ouvi muitas vezes “você deveria investir no canto, sua voz é muito bonitaâ€. Mas eu não ligava pra isso, já que o teatro ocupava meu coração e minha alma fervorosamente (risos). Mas, acabei entrando no coral da faculdade quando fiz letras na UniSantos, porém, sem pretensão de ser cantora, fazia porque era divertido. Me afastei do teatro por quatro ano. Quando percebi, estava fazendo voz e violão de brincadeira e fui gostando tanto que comecei a procurar nos classificados oportunidades. Então encontrei uma banda que precisava de cantora, fui até lá, fiz um teste e pronto! Estava na banda de baile chamada “Som 4â€. Nela fiquei por quatro anos e juntamente comecei a trabalhar com o Trovadores Urbanos, com serenatas em São Paulo. Fiz o teste e também passei, até hoje ainda faço este trabalho, as serenatas, em eventos particulares.
Você se destaca no Samba Raiz. O que você mais gosta nele?
Viajei por muitos ritmos antes de me abraçar ao samba. Cantei primeiramente bossa nova, MPB e sonhava em ser cantora de Jazz.  Mas, dentro das minhas pesquisas recebi vários CDs de um grande amigo, arranjador e instrumentista Ãmpar, Alexandre Birkett, e dentre eles uma coletânea de Clementina de Jesus. Me apaixonei pela obra dela, pela simplicidade e verdade trazida daquele canto repleto de ancestralidade. Foi assim que o samba me abraçou e eu o recebi em meus braços. Gosto de cantar todos os ritmos e faço questão de diversificar e apresentar shows totalmente diferentes, como o que farei pelo 5º ano na semana do dia das Mães “Como é grande meu amorâ€, cantando antigas canções de Roberto Carlos. Este show é dedicado à minha saudosa mãe que amava demais a obra de Roberto.
Qual seu ritmo preferido de música?
Gosto de música que toca a alma, porque tudo que me proponho a cantar tem que ser assim, com paixão e amor. Tem que tocar minha alma e de quem irá ouvir. Eu ouço de tudo em casa, de rock in roll, pop, jazz, reggae… Entretanto, a música que me toca é a que vem da raiz. O samba raiz, a música caipira e aquela viola que me remete à infância. Aliás, ainda farei um show assim, contando um pouco da música sertaneja raiz. Almir Sater, Renato Teixeira, Sérgio Reis e Tonico e Tinoco são músicos que me emocionam demais.
Em 2009 você recebeu o Prêmio PlÃnio Marcos como Melhor Cantora. Como foi essa experiência?
Sim, foi uma linda surpresa. Eu vinha de uma série de surpresas belas neste meu começo de carreira. Em 2008, homenageada na Estação Primeira de Mangueira no Rio de Janeiro, eu estava engatinhando no mundo “sambÃstico†e foi muito emocionante! Estar na casa de Cartola, não somente para cantar na quadra da Escola, mas para receber uma homenagem pelo meu trabalho de defender o Samba. Recebi o diploma da FamÃlia Mangueirense ao lado dos grandes nomes da nossa música, Lenny Andrade e Teresa Cristina, inesquecÃvel realmente! Tive a honra também de estar no palco de mais duas grandes Escolas do Rio ricas de tradição e história: na Portela em 2012 e este ano em Janeiro cantei com a Velha Guarda na Central do Brasil no palco sagrado e casa de Dona Ivone Lara, o Império Serrano.
Como foi compor seu primeiro CD “A Meus Ancestrais… Meu Canto�
As composições surgiram já antes mesmo de começar a cantar profissionalmente. A vontade de gravar um disco começou a vir logo, mas não tinha a verba necessária pra investir, então fui engavetando as composições e recebendo coisas belas dos amigos. Uma delas, de um grande nome da nossa música, Lula Barbosa – compositor da conhecida Mira Ira – que gravou lindamente comigo e participou do lançamento do CD. Me inscrevi no Facult, Concurso de Apoio a Projetos Culturais de Santos, fui contemplada e foi assim que consegui dar um primeiro grande passo para gravação deste meu primeiro disco, tão significativo pra mim. Por ser o primeiro, e por ter tantas preciosidades, como a participação do meu Pai José Ancelmo. Ele tinha 77 anos quando, na brincadeira, começava a fazer composições que muito surpreenderam. No disco tem um trecho de um canto que ele me mostrou despretensioso e coloquei como incidental antes de uma música do compositor Edirley Fernandes, um amigo daqui de Santos.
Quais são seus planos para o futuro em relação à música?
Para o futuro… Fortalecer cada vez mais a minha carreira em outros cantos deste Brasil e fora dele. Ser cada vez mais conhecida pelo meu trabalho e valorizada como artista, não somente como cantora, mas como compositora e atriz também. Quero gravar um disco com minhas composições mais românticas, realizar alguns shows de Tributos especiais como à cantora argentina Mercedes Sosa e à música caipira e modas de viola.
Quem é Simone Ancelmo quando não está compondo, tocando e fazendo shows?
Sou a dona de casa, produtora, a que vende, que pensa, a que cria novos shows e busca novos espaços. Uma pessoa que busca evolução espiritual e tem mesmo na música uma forma de transformar e levar bem estar às pessoas, boas emoções. Gosto de meditar e estar contemplando a natureza. Sou a mãe e filha que se preocupa e dedica amor e mais amor.
Você valoriza a cultura popular brasileira em suas músicas. Hoje em dia vemos muitas reclamações de que o povo brasileiro não dá valor à sua cultura. Qual a sua opinião a respeito?
Desde sempre trouxe isso comigo. A música para mim sempre foi além de “dizer palavras em forma de melodiasâ€, tem que ter um sentido mais profundo e refletir e sentir emoções, e também trazer as nossas tradições, raÃzes e ancestralidade. O Brasil está perdendo seus valores em todos os sentidos. Infelizmente, não sou radical, mas acho que além das músicas feitas somente para “dançarâ€, a mÃdia deveria valorizar e mostrar com a mesma ênfase os nossos poetas para que a grande massa conheça e perceba a diferença entre essas “razõesâ€. Sensibilizar, levar poesia, palavras, sentido à s pessoas que numa banalidade se limitam a “batidas rÃtmicas feitas para o corpo dançarâ€. Há no ar uma certa preguiça do pensar, ler, interpretar, enfim, a vida pede isso. Quem lê, aprende também a ler pessoas e se relacionar com mais sabedoria. Continuamos persistindo, sensibilizando e eu? Não desisto nunca!
Você gosta de ser caiçara? Do que mais se orgulha?Â
Amo ser caiçara sim, amo morar nesta cidade, mesmo com todos os problemas que dificultam trabalhar na minha profissão. Amo essa natureza que me revigora, estar perto do mar, pisar na areia… mas não fui criada aqui. Nasci aqui, mas fui para o interior de São Paulo, Araçatuba, com quatro anos de idade. Voltei para a Baixada Santista com 20 anos morando em Cubatão e depois de 15 anos vim para Santos.
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