Quilos de lixo recolhidos a cada ação; aulas que ensinam aos mais novos o amor e o cuidado com o meio ambiente; gráficos que demonstram como os hábitos de consumo impactam a natureza; incansáveis caminhadas pelas praias da Região recolhendo resÃduos que não deveriam estar ali. É assim, com uma vontade invejável, que as organizações ambientais da Baixada Santista trabalham para tentar conter a poluição que chega aos rios e mares.
Para o Dia Mundial da Ãgua, o DL conversou com representantes de algumas instituições para explicar a importância dos trabalhos que realizam e como eles chamam a atenção dos munÃcipes para as consequências do descarte incorreto do lixo.
Ong Ecomov
A Ong Ecomov (Ecológico em Movimento) atua, principalmente em Santos e São Vicente, realizando mutirões de limpeza e pesquisas sobre a origem dos resÃduos nas praias, além de ações durante a temporada de verão que visam conscientizar os turistas e munÃcipes sobre a importância de não deixar lixo na areia.
â€Os resÃduos jogados nas praias vão para o mar e os animais acabam confundindo com alimentos. O plástico, por exemplo, é um dos responsáveis pela morte de muitas tartarugasâ€, explica o presidente da Ecomov, Rodrigo Azambuja.
Em um dos estudos da ong, os dados levantados de julho a novembro do ano passado revelaram que 56% dos resÃduos encontrados nas praias vem do consumo doméstico, ou seja, foram descartados de forma irregular em áreas próximas ao estuário. Já 17% vem do consumo feito nas próprias praias, o chamado â€lixo do verãoâ€.
â€Ã‰ necessário que as pessoas entendam que o lixo precisa sempre ser descartado de forma correta, por isso nós fazemos um trabalho de prevenção em escolas próximas aos manguezais e junto aos comerciantes da praia para evitar o uso de embalagens plásticasâ€, explica Rodrigo.
Instituto Mar Azul
O desejo de lutar pela preservação dos mares fez nascer em 2012 o Instituto Mar Azul. Com atuação em Santos, a entidade realiza mutirões de limpeza mensais pelas praias da cidade com o projeto Microlixo.
Após cada coleta, os voluntários fazem a triagem dos materiais para identificar quais os tipos de resÃduos mais encontrados e as possÃveis soluções para minimizar o problema, além de estudar propostas efetivas de melhoria da qualidade ambiental das praias.
Em uma das ações, o IMA identificou, por exemplo, que o Canal 3 tem a maior concentração de bitucas de cigarro da orla de Santos.
“Nós queremos diagnosticar o motivo dessa concentração ser maior entre o canal 3 e 4, mas de qualquer forma o dado é alarmante porque mostra que a sociedade ainda não enxerga o que sobra do cigarro como lixoâ€, alerta o presidente do IMA, Hailton Santos.
Ele destaca também que nas últimas décadas, o desmatamento de encostas, matas ciliares e o uso inadequado dos solos têm contribuÃdo para a diminuição do volume e da qualidade da água.
“Daà a importância da preservação dos rios e mares. E algumas simples mudanças de hábitos ajudam a mantê-los sempre em bom estado. Você já chegou a pensar que o lixo jogado nas rodovias quase sempre é conduzido para os rios? Portanto, não custa nada guardá-lo dentro do veÃculo. O hábito de jogar bitucas de cigarro nas praias também pode ocasionar a contaminação e a poluição da areia e da água e afetar a vida marinhaâ€, explica Santos.
Projeto Albatroz
Já o Albatroz tem, como uma das linhas de atuação, a promoção de ações de educação ambiental junto aos pescadores e às escolas. Em um projeto piloto em Cabo Frio, são trabalhadas propostas que conscientizam os pescadores a trazer de volta as embalagens do que foi consumido durante a temporada de pesca, evitando o descarte de lixo no mar. Mas, o foco principal do projeto são os pescadores que usam a técnica de pesca de espinhel.
Isso porque os albatrozes e petréis – aves marinhas migratórias que passam a maior parte de sua vida em alto mar – interagem com este tipo de pesca e, incidentalmente, podem acabar fisgados.
Nas escolas, os alunos aprendem sobre a importância da preservação dos albatrozes e como o lixo que vai parar no mar atinge as colônias reprodutivas dessas aves.
O Albatroz conta com o patrocÃnio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. É ele que mantém os investimentos na área de pesquisas cientÃficas, polÃticas públicas e educação ambiental.
Ecomov
Campanha Verão Limpo, realizada entre os dias 21, 24/01 e 04/03 (1º etapa). Porcentagem dos ResÃduos encontrados:
56,01% – Almimentos, embalagens e fragmentos.
41,6% – Tabaco/bitucas de cigarro
2,35% – Fármacos/metais e brinquedos
Instituto Mar Azul
Resultados do 9º mutirão de limpeza de praia em área delimitada, no mês passado.
1º lugar – Bitucas/pontas de cigarro: 4.157
2º lugar – Plásticos moles não identificados: 3.190
3º lugar – Plásticos rÃgidos não identificados: 2.052
12 quilos de resÃduos coletados; aproximadamente 50 tipos de resÃduos diferentes encontrados
Projeto Albatroz
Em uma ação realizada em 2015 no Festival Albatroz, foram coletadas tampinhas (tipo de lixo que é ingerido pelos albatrozes e muitas vezes os leva à morte). A quantidade foi tão grande que encheu uma piscina de 1000L e alertou os visitantes sobre os perigos da poluição marinha.
Fonte: Diário do Litoral