O filhote de baleia da espécie Jubarte (Megaptera novaeangliae), que apareceu no canal do Porto de Santos, na manhã desta segunda-feira (17), já deixou a região. O mamífero teria seguido para o mar aberto à tarde. As operações portuárias foram interrompidas para a segurança do mamífero e para a realização da força-tarefa conjunta entre Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Instituto Gremar e Ibama, para identificá-la.
A primeira aparição da baleia ocorreu na tarde de domingo (16), por volta das 13h, próximo à praia do Canal 4. O mamífero foi avistado por um homem que estava a bordo de um barco de pesca e registrou a passagem do animal em vídeo.
O animal, que é jovem, possivelmente veio da Antártica em busca de temperaturas mais altas, mas deve ter pegado a rota errada.
Segundo informou a Codesp, técnicos do setor de meio ambiente da Autoridade Portuária de Santos acompanharam na tarde de ontem equipes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), do Gremar – Resgate de Animais Marinhos – e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para monitorar a presença de uma baleia avistada no trecho do estuário no Porto de Santos.
A Autoridade Portuária ofereceu apoio logístico para a realização da operação, que foi também acompanhada por embarcação da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo. O biólogo Bruno Takano, supervisor da gerência de Meio Ambiente da Autoridade Portuária, informou que a empresa colaborou para garantir a integridade do cetáceo durante sua incursão pelas águas do Porto de Santos: “Não podemos garantir o motivo que levou a baleia a ingressar no estuário. Tanto pode ser um comportamento natural, uma vez que estuários representam fonte de alimento e águas abrigadas, como em virtude da presença de embarcações na baía de Santos”, explicou Takano, garantindo que, sempre que ocorrer um avistamento na área do porto, a Autoridade Portuária atuará no sentido de manter ao máximo a segurança do animal. Segundo Takano, é incomum a presença de baleias no canal do Porto.
Ainda de acordo com a Codesp, a operação foi deflagrada às de 11 horas e seguiu até as 15 horas. Cerca de 40 minutos após a embarcação deixar o cais, a baleia foi localizada próxima ao canal de Bertioga, seguindo, então, em direção à saída do canal do estuário. Com o apoio da lancha da Capitania dos Portos, as embarcações que se encontravam nesse trajeto foram orientadas a se deslocarem, permitindo a livre passagem da baleia, que rumou de volta à baía de Santos.
A Capitania dos Portos chegou a suspender as manobras de navios das 13h27 às 14h40, bem como a travessia das balsas entre Santos e Guarujá.
13 mamíferos avistados de janeiro a maio
“De janeiro a maio deste ano, entre São Vicente e Bertioga, tivemos 13 ocorrências de mamíferos na área de monitoramento do Gremar, 12 mortos e um vivo. Em 2018, foram apenas dois mamíferos de janeiro a maio, na mesma extensão. Os dois mortos”, informou em nota o Instituto Gremar.
20 baleias encalhadas
De acordo com informações registradas no SIMBA, o Instituto Biopesca já registrou o encalhe de 20 baleias, todas sem vida, nas praias de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, monitoradas diariamente pela organização.
Vale ressaltar que o PMP-BS monitora apenas animais encontrados encalhados, sendo que o monitoramento de cetáceos vivos é realizado pelo Projeto de Monitoramento de Cetáceos (PMC), também realizado na Bacia de Santos, como atendimento à condicionante do Licenciamento ambiental federal. O Biopesca monitora apenas o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande. A baleia foi avistada no trecho de competência de monitoramento do Gremar.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos.
O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande. De acordo com Rodrigo Valle, coordenador do Biopesca, a avistagem de baleias jubarte nesta época do ano é comum porque elas migram da Antártida para se reproduzir nas águas do Brasil.