Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
O carnaval começa daqui a oito dias em todo o Brasil. Para brincar com segurança, os foliões devem estar atentos para não pegar mononucleose, conhecida como doença do beijo, cujo risco de infecção cresce nessa época.
É uma doença infectocontagiosa, causada por um vÃrus, de caracterÃsticas clÃnicas brandas, que provocam um quadro de febre, mal-estar com adenomegalias, isto é, gânglios principalmente ao redor do pescoço e dor de garganta.
“A doença é causada pelo vÃrus Epstein-Barr (VEB), de fácil transmissão de pessoa a pessoa. Por isso, ela é conhecida como doença do beijoâ€, disse o médico da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES), sanitarista Alexandre Chieppe.
Esclareceu que, na verdade, a doença não é transmitida pelo beijo em si, mas por contato Ãntimo com secreções respiratórias de uma pessoa infectada. “É esse contato Ãntimo que faz a transmissão do vÃrus que causa a doença†afirmou.
O beijo é uma forma de contato Ãntimo, que facilita a propagação do vÃrus. A doença é transmitida de maneira semelhante à gripe, ao resfriado comum, pelo contato com secreções de pessoas contaminadas. “E, à s vezes, não é só pelo contato direto com secreções. Pode ser pelo contato indireto, através de superfÃcies contaminadas em que a pessoa coloca a mão, leva a mão à boca, à mucosa dos olhos ou do nariz e aà pode haver infecçãoâ€, explicou.
Avaliação
O médico explicou que a grande maioria das pessoas transmite a mononucleose em sua forma aguda. O grande problema das doenças infectocontagiosas é que, na sua fase inicial, elas são muito semelhantes.
Os sintomas clÃnicos são muito difÃceis de serem diferenciados no estágio inicial, explicou Chieppe. Daà a recomendação para que a pessoa procure um serviço de saúde e faça uma avaliação inicial, com acompanhamento médico.
“A mononucleose não é uma doença grave, na maioria das vezes. Mas pode ser confundida com outras doenças que podem ser gravesâ€, alertou. Essa doença não costuma ser grave em pessoas que têm o sistema imunológico preparado.
Como toda doença de transmissão respiratória, há medidas de precaução que devem ser adotadas, entre as quais, lavar as mãos com frequência, utilizar álcool gel nas mãos, cobrir a boca e o nariz ao espirrar para evitar que as secreções expelidas entrem em contato com o ambiente e evitar locais de grande aglomeração pouco ventilados.
“São medidas que ajudam a prevenir as doenças de transmissão respiratória. Obviamente, são aliadas. Junto a isso, uma vez com os sintomas da doença, a pessoa deve procurar ajuda médica até para poder descartar doenças mais gravesâ€, sugeriu o médico.
Riscos
Ele observou que carnaval sempre existiu, da mesma forma que mononucleose. Por isso, no meio da euforia, cada pessoa deve avaliar o risco, sabendo que as doenças respiratórias podem ser transmitidas pelo contato Ãntimo. A dica é que cada um tome a sua decisão informado dos riscos e das possibilidades de transmissão de doença.
“Mas que aproveite o carnaval com os cuidados necessários, de modo a evitar doenças de transmissão respiratória e outras doenças sexualmente transmissÃveis, como HIV (sigla em inglês do vÃrus da imunodeficiência humana), sÃfilis e as hepatites virais transmitidas por contato sexual†disse.
Chieppe afirmou, ainda, ser recomendável que utensÃlios de uso pessoal, como pratos, talheres e copos não sejam compartilhados com outras pessoas. A razão para isso é que muitas das doenças infectocontagiosas podem ser transmitidas, inclusive, por pessoas que, à s vezes, não apresentam sintomas de doença nenhuma. Daà a sugestão para, sempre que possÃvel, evitar compartilhamento de objetos pessoais com amigos e com o maior número de pessoas. “Isso, obviamente, aumenta o risco de transmissão de doenças infectocontagiosasâ€, concluiu o sanitarista.
Já a infectologista Flávia Cunha Gomide afirmou que os sintomas da doença costumam perdurar de duas a quatro semanas. Esclareceu que “não há um tratamento especÃfico para a doença do beijo. Geralmente, são indicados repouso e medicamentos que amenizam os sintomas”.
Segundo a médica, ter hábitos saudáveis, fazer exercÃcios, boa alimentação e horas adequadas de sono aumentam a resistência do folião para se defender contra infecções no carnaval.
(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)