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1.0 - SANTOS

Entidades manifestam repúdio ao caso de injúria racial em escola

Por Alexandre Piqui

Depois da repercussão da denúncia de injúria racial praticado por um professor, a vítima das ofensas, uma aluna de 15 anos, voltou a frequentar a Escola Estadual Alzira Martins Lichti, no Morro da Nova Cintra em Santos. Cristina Maria Dias, mãe da adolescente disse ao MAIS SANTOS que a supervisora de ensino conversou com ela e com a filha. Explicou que o professor está temporariamente afastado das funções.

Porém, o fato deixou a garota abalada, e de acordo com a mãe, ela vem recebendo acompanhamento profissional. “A escola disponibilizou uma psicóloga. Mesmo assim, o caso não vai ficar impuneâ€, diz Cristina. Mãe e filha ganharam apoio de instituições como a Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista (Afrosan) e a Comissão de Igualdade Racial da OAB Santos que repudiaram o ato criminoso.

Zé Ricardo, presidente da Afrosan diz que atitudes como essa, partindo de quem tem a missão de passar e de promover autoconhecimento é inaceitável. “Isso reforça estereótipos, ódio e divisões indo na contramão da busca pela igualdade étnico-racialâ€, relata. Ele ainda acrescenta. “Exigimos que o caso seja apurado,  esclarecido e o responsável seja punidoâ€.

Relembre o fato

Um vídeo gravado dentro da sala de aula mostra uma única aluna sendo atacada com comentários racistas feitos pelo professor. Na imagem, a garota não aparece. Somente o docente, que sentado ao lado de outros estudantes, profere os xingamentos. Na segunda-feira (11),  a mãe da adolescente registrou boletim de ocorrência de injuria racial na Delegacia de Mulher de Santos. No depoimento, a garota disse que ele a xingava de ‘preta’, ‘cor de Choquito’, ‘seu cabelo não mexe’, ‘você é a mais feia da escola’.

Débora Camilo, Vice-Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Santos, explica a diferença entre o crime de racismo e de injúria racial. “O racismo ocorre quando há discriminação contra um coletivo de pessoas, aonde o número de vítimas é indeterminado. A injúria racial ocorre quando a ofensa é direcionada para uma pessoa, sendo, essa ofensa, baseada na sua corâ€, esclarece a advogada.

Para a representante da OAB há diversas formas de combater o racismo. Entre elas, a criação de políticas que visem combater a desigualdade e promover o debate de forma ampla em toda a sociedade.

Em 2003 foi sancionada a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares e a lei de cotas, que possibilita o ingresso da população negra no ensino superior público. Mesmo assim, Débora Camilo acredita que é preciso avançar muito mais.

“No Brasil, de forma lenta e gradativa, percebe-se ainda que há um longo caminho a ser trilhado em busca da efetivação consistente da cidadania, apesar de todos os avanços alcançadosâ€.

O caso da garota está sendo acompanhado pela Diretoria de Ensino e investigado pela Polícia Civil.

Veja o vídeo: