Por Anderson Firmino
O pedido foi feito pelo próprio padre Cláudio Scherer: grafar a palavra GRATIDÃO em letras maiúsculas – ou em “caixa alta”, no jargão jornalístico que tão bem conhece, jornalista que também é por formação. É o resumo de
um sentimento de quem foi salvo da morte pela fé. Vítima da Covid-19, passou 28 dias intubado e chegou a ter 95% do pulmão comprometido. Mas as orações, distribuídas em correntes, o permitiram virar o jogo. E agradecer. Mas sem deixar de lado a capacidade de se indignar. Como quem vira as costas para os demais, com falta de máscara e opção por grandes aglomerações. Para estes, um diagnóstico duro, mas realista: ausência de “vergonha na cara”.
O pároco da Igreja do Imaculado Coração de Maria se recupera de uma experiência que classifica como um “furacão categoria 5 (o mais devastador)”, que passou por sua vida. Deixou sequelas e luto: o irmão, Marcos Scherer, e o padre e amigo Nelson José Caleffi, perderam a vida após se infectarem com o coronavírus. Por meio de videochamada, padre Cláudio relata com exclusividade à Mais Santos Online como foram os dias em que esteve bem perto da morte.
“O padre Caleffi estava contaminado. Fui até a Casa de Saúde cuidar dele. Aí, fui contaminado por ele ou no hospital. Dia 1º de setembro, começou uma febrezinha leve; no quinto dia eu estava prostrado, mas a saturação
começou a baixar. Procurei a Santa Casa, onde fizeram uma tomografia, que indicou que eu estava com 50% do pulmão tomado. Mesmo assim, mandaram para casa, com toda aquela profilaxia da Covid”, relembra.
Ele prossegue: “Na terça, voltei, fiz uma gasometria, que deu boa. E por isso não me internaram ainda. Na quarta-feira, dia 9, eu estava muito mal e a saturação muito baixa, não passava de 88. Aí resolveram internar… e foi ladeira abaixo (risos). Você vai para o isolamento, começa com um cateter, depois um inalante (o CEPAP, oxigenação não-invasiva) e, por fim, vai parar no tubo. Fiz uma nova tomografia lá, pois poderia ser embolia pulmonar, um trombo no pulmão. Mas, de 50%, o comprometimento já estava em 95%. Nem tinha mais pulmão”.
O desfecho foi inevitável: a intubação, percebida na véspera, quando Cláudio Scherer viu o “kit” de perto; posteriormente, também passou por uma traqueostomia. “Encarei de uma forma muito tranquila. Minha afilhada (enfermeira) estava lá e me disse ‘Padrinho, querem lhe intubar’. Perguntei: ‘O caminho é este?’ Ela disse que sim, pois, se não fosse naquela hora, com tempo, seria feita de emergência, o que é muito mais perigoso. Só falei para ela: ‘Te espero do outro lado. Só não sei de que lado, se aqui ou no céu”, descreve o religioso.
Clique no link abaixo e leia a reportagem completa na Mais Santos Online:
Fotos: Divulgação
Foto da capa: Norberto Moreira Jr.