Por Ted Sartori
Da Revista Mais Santos
O santista Paulo Ricardo Bonavides é um especialista em sorrisos. Não apenas por ser dentista, mas principalmente porque lida com o universo infantil desde quando era criança, com a animação de festas que culminou com a criação do grupo Hora de Brincar. A veia artÃstica o levou para a televisão e o sucesso se repete na internet, com milhões de seguidores e visualizações. É o Tio Paulo.
Para o altar com a também dentista LÃvia, com quem está junto há dez anos e que não gosta tanto de aparecer, o caminho volta a ser traçado em 2023, depois da tentativa interrompida pela pandemia e o foco nos negócios. Ele credita seu sucesso a ela e à mãe, grande incentivadora desde os primeiros e difÃceis passos.
“Como eu vim de uma famÃlia pobre, não tive um capital inicial. Cada preguinho, cada coisinha que tem dentro de minha empresa foi conquistada com suor. Então acho que quem está ao meu lado e à minha volta se orgulha muito dissoâ€, afirma. A Mais Santos entrevistou Tio Paulo, que contou sua trajetória com muito orgulho, emoção e, claro, muitos sorrisos.
Já que você lida com o universo infantil, como era o Tio Paulo quando criança?
Nunca sonhei ser dentista. Sempre sonhei ser artista. E o Tio Paulo, quando criança, era um mini artista. Minha mãe brinca que, quando eu era criança, nunca gostei de ganhar bonecos, carrinho, bola e jogos. Meus presentes de aniversário sempre foram sapatos de palhaço, microfone, caixinha de som, pano para fazer roupa de palhaço e cortina, ficha de apresentador, giz de lousa para brincar de escolinha para mostrar que eu era professor. Então, o Tio Paulo já tinha um espÃrito de lÃder. Botava as crianças para me assistir no Dia do Brinquedo. As crianças brincavam, mas em determinada hora sentavam na escola e assistiam ao show do Tio Paulo. Sempre tive essa alma de artista, de teatro. Quando tinha um teatro na escola, a professora sempre denominava que eu ensaiasse as crianças. E eu era bravo, viu! Sempre tive muita facilidade na comunicação, na fala. Todos os meus testes vocacionais sempre deram para apresentador de TV, jornalista, para Pedagogia, para artes cênicas e nunca para Odontologia porque minha parte comunicativa sempre foi muito forte em mim. Quando vinha um circo em Santos, eu passava mal porque eu queria ir. Não só porque eu amava o circo, mas porque eu queria ver o palhaço do circo para depois imitá-lo para meus amigos. Essa onda artÃstica e teatral foi muito forte em mim desde cedo.
Como, quando e por qual razão começou essa ligação com o universo infantil, mais especialmente com animação de festas? Lembra qual foi a primeira?
Claro. Na verdade, eu tinha um Ãdolo aqui em Santos, que era o Palhaço Pudim. Quando eu era criança, sempre foi nas minhas festas e, com seis aninhos de idade, ele me deu uma peruca e uma blusa que eram dele. Amava isso e brincava disso. Já com 11 anos, eu estava em um mercado em Santos e encontrei um amigo que animava festas. Ele já era adulto. Naquela época, não tinha esse negócio de criança não poder trabalhar. Ele me perguntou se eu não queria ser o assistente dele como palhaço. E eu aceitei. Ganhava R$ 20,00. E eu era de uma famÃlia extremamente humilde, com meu pai desempregado e minha mãe professora da rede pública ganhando R$ 5,00 por hora-aula. Enquanto todos os adolescentes brincavam em festa de 15 anos, pensavam em dar beijinho na boca e em ir ao shopping, eu estava fazendo festa. Passei minha adolescência assim. Com 12 anos, esse amigo meu falou que eu estava fazendo muito bem e que iria me indicar para um grupo de animação de uma amiga dele. E comecei. Fiquei dos 12 aos 15 anos com ela. Meu nome de palhaço era Tampinha porque eu era muito pequeno, muito novinho.
Conseguiu economizar desde cedo então…
Fui guardando de 20 em 20 reais em uma TV de tubo. Quando eu fiz 15 anos, minha mãe me perguntou o que eu queria ganhar. Falei que meu maior presente seria ir para a Rua 25 de Março (na Capital, paraÃso das compras populares). E ela disse que não tinha dinheiro para isso. Abri a TV de tubo e mostrei o quanto eu tinha juntado: R$ 2 mil. Era muito dinheiro para a gente. Foi aà que nasceu o Hora de Brincar (grupo de animação). Fomos para a 25 de Março comprar aquelas roupas simples. Aquele dinheiro deu para levar, sei lá, quatro ou cinco.
Os colegas do colégio te apoiavam?
Eu estudava no Colégio Presidente Kennedy (no bairro Pompeia, em Santos) e, das 30 pessoas da minha sala no Ensino Médio, 25 faziam festa comigo. Até os professores da época ficavam bravos porque o assunto da sala era fazer festa infantil. E eu era um palhaço muito famoso na Cidade. Fazia muitas. E quando eu digo muitas eram umas cinco por dia. Meu foco na festa era fazer shows envolvendo os adultos. Levava peruca de mulher, imitava cantoras dublando, sentava no colo dos caras…Era muito engraçado. O pessoal gostava muito. Era um palhaço diferente, meio show mesmo. Não era aquela coisa de só ir para a festa e brincar com a criança.
Muita fama e a empresa, naturalmente, cresceu…
Começou a crescer e muito. De um dia para o outro. E a gente era muito humilde. Lembro que minha mãe trabalhava um perÃodo e o outro era só para pagar a pessoa que cuidava da gente. Éramos muito crianças. Tenho uma irmã com 11 anos de diferença de mim – ela é formada em balé clássico e atualmente cuida de toda a parte coreográfica do Hora de Brincar. Essa moça que trabalhou em casa tinha cartão de crédito e a gente não. Então, a gente ia para São Paulo emprestando o cartão dela. As pessoas perguntavam, por exemplo, se eu tinha a personagem Cinderela. Dizia que era linda, mas não tinha nada. Ia para São Paulo e comprava aquela Cinderela bem simples. Fazia a festa e aquele dinheiro todinho era para pagar aquela roupa. Fomos fazendo e, atualmente, a empresa Hora de Brincar é referência em Santos. Temos mais de 5 mil figurinos. Foi também com esse dinheiro que eu me formei em Odontologia. Eu tinha uma oratória muito boa e acho que esse dom veio de pequenininho. Uma curiosidade: quando minha mãe estava grávida, era muito jovem. Tinha 17 anos e meu pai, 22. E minha mãe animava festas. Ela teve que, na época, vender as coisinhas dela, que eram poucas, em razão do bebê que iria nascer, que era eu. Minha mãe fazia Xuxa, Paquita, boneca, palhaço… E você imagina que, depois de tantos anos, sem pretensão nenhuma e sem ter visto uma vez minha mãe de personagem, acabei indo para o mesmo caminho. Depois de muitos anos, essa veia artÃstica ainda ficou em mim.
Em quais ocasiões o Tio Paulo e o dentista Paulo Bonavides se encontram? Tudo isso acaba sendo real e lúdico ao mesmo tempo?
Totalmente. Inclusive eu acho que o Tio Paulo, dentista, viralizou, ficou famoso no Brasil porque existiu a base do Tio Paulo artista. Imagina, a gente chegava em uma festa em um buffet cheio de brinquedos super eletrônicos. Como conquistar uma criança para sair desses brinquedos para ir brincar com o palhaço? Tinha que ter uma baita imaginação, um lúdico fantástico para convencer a criança que a sua brincadeira era muito mais legal. Esse lado artÃstico do convencimento e do lúdico me ajudou muito. É a minha essência de dentista que é diferente. Viralizou não porque eu seja um profissional que faça uma cirurgia maravilhosamente bem, o que, graças a Deus, eu faço. Tudo tem técnica e estudei muito. Mas a grande sacada do Tio Paulo dentista é que as pessoas se impressionaram não pelo que eu faço, até porque tirar dentes qualquer dentista tira, mas é pelo jeito que eu faço, transformando aquele momento traumático em leve, virando um momento lúdico e menos ruim. Não vou dizer gostoso porque ninguém gosta de tomar anestesia. Por tudo isso eles se encontram. Acho que o Tio Paulo e o Paulo Bonavides não são pessoas diferentes. O Tio Paulo não é um personagem. Sou assim na minha vida. Chego, conquisto, abraço, beijo, já chego falando alto e chamando a atenção. Não passo despercebido. Minha namorada fala muito isso para mim: ‘Nossa, você já chega chegando!’ Já uso roupa colorida e com brilho, sou grande, falo alto e mexo muito as mãos para falar. Acho que o Tio Paulo é uma maneira carinhosa que a gente encontrou de não ficar com aquela coisa de doutor, de dar medo, de ligar ao hospital. No final, tudo se ligou. O segredo do grande sucesso também está aÃ.
A propósito de sua profissão, por que escolheu ser dentista?
Como eu era pobre, pensava: ‘Para que eu seja artista, vou precisar estudar em São Paulo’. E São Paulo era uma coisa tão distante, tão glamouroso estudar lá. Então, eu preciso fazer algo na minha cidade. Como eu ligava muitas coisas com palhaço e circo, liguei muito com os Doutores da Alegria, os palhaços em hospitais. Mas isso já existia. E falei: ‘Quem sabe consigo fazer isso na Odontologia?’ Então, já entrei na faculdade pensando na Pediatria, que a gente só vai ver no último. Imagine o sofrimento: ver aquele monte de dente e matérias chatas falando de doença, de problemas, de cirurgia, de próteses e não sei mais o quê, enquanto eu queria o mundo lúdico, mágico da Pediatria que eu só veria no último ano. Foram muitos desafios. Pensei muitas vezes em desistir da faculdade porque eu não tinha aquela paixão. Como eu tenho paixão com a criança, acho que a Odontologia me abraçou e não deixei que ela fugisse: abracei e deu tudo certo. Fiz faculdade na Unisanta e me formei em 2012. São 10 anos de profissão. Depois, me especializei em pediatria na Odontopediatria pela Associação dos Dentistas da Baixada Santista, fiz pós-graduação em pacientes especiais pela São Leopoldo Mandic, em São Paulo, e mestrado em Odontopediatria pela São Leopoldo Mandic, em Campinas. Desses 10 anos, são oito como professor da Unisanta, uma casa que eu amo porque valoriza muito quem é da casa. Não dou aula em outras faculdades. Já recebi outros convites, mas por enquanto o projeto é ficar realmente só na Unisanta porque cada dia tenho menos tempo. Pretendo sair de lá bem velhinho e aposentado. É uma empresa que me acolheu como famÃlia, me valoriza, está ali comigo e sou muito grato. Dou aula em Pediatria e em pacientes especiais, que também é minha paixão. Agora a gente tem o curso noturno, no qual também sou professor na Pediatria em pacientes especiais. O aluno me encontra no terceiro e no quarto anos.
Como foi essa passagem do universo infantil das festas para a TV, com o programa Momento de Brincar?
Sempre tive vontade de trabalhar em TV e, quando veio a pandemia, em uma conversa com o Marcelinho (Marcelo Teixeira Filho, diretor geral do Sistema Santa CecÃlia de Comunicação), pensamos em fazer o programa porque as crianças precisam assistir alguma coisa diferente. Na TV só tem desgraça, com matérias de que fulano morreu, roubou, as de polÃtica e não sei mais o quê. Só notÃcia ruim. O Momento de Brincar foi tão legal que o programa acabou ficando no ar por dois anos. Infelizmente a gente precisou encerrar as atividades em julho por conta da viralização da internet. A falta de tempo mesmo pela quantidade imensa de compromissos na internet fez com que eu não conseguisse mais tempo para ir gravar na TV e fazer as coisas com 100% de dedicação como eu sempre gostei. Ou faz 100% ou não faz. Precisei dar um até breve, um tchau, mas talvez até surjam novos projetos e consigamos fazer em um outro formato ou com uma outra ideia. Era um programa, a princÃpio, para as crianças e acabou virando para a famÃlia. Foi muito gostoso, uma realização.
O que você aprendeu nessa passagem pela TV?
Aprendi muito porque, inicialmente, seria com apenas uma câmera. Depois viraram três. Nunca tinha usado na minha vida um ponto eletrônico. Falar e escutar ao mesmo tempo precisa de um treino. E o programa era ao vivo. Errou, continua, está tudo bem e com aquele meu jeito fazendo tudo na improvisação. Parecia que foi de propósito.
E os seus projetos, em especial com a internet e, de repente, envolvendo o Momento de Brincar?
O Momento de Brincar é um projeto que está congelado. Ainda não recebi propostas que eu fale que vale a pena e que vamos levar para outro lugar. Tudo que a gente fez no programa foi criação do Tio Paulo, desde a construção do programa, do escopo, do cenário, das entrevistas, todo o jeito do programa. Brinco que, no começo, eu ajudava a pendurar o cenário. Daqui a pouco eu mesmo me maquiava, me trocava e apresentava. Depois, denominamos atividades para uma equipe que acabou ficando um pouco maior. Mas eu sempre me envolvi em tudo ali na TV, até por ser uma emissora educativa, por não ter uma estrutura como grandes TVs abertas. Amo televisão, não penso em ficar parado e, em breve, pretendo fazer grandes coisas, mas são projetos ainda de minha cabeça e nada conversados. No momento, minha prioridade é surfar nessa onda da internet. Brinco que acabo tendo uma emissora dentro do meu bolso. Minha audiência, graças a Deus, é grande. Mais de 100 a 200 mil pessoas me assistem nos stories e, em média, um milhão de pessoas me veem por dia. É quase uma audiência, acho, de uma emissora aberta grande. Tenho vÃdeo, por exemplo, que tem 55 milhões e visualizações. Esse número é um quarto da população brasileira assistindo o Tio Paulo. Não penso em parar e colocar na gaveta o projeto Momento de Brincar. Fazer com o mesmo nome e igualzinho, não. Sempre gosto de renovar, trazer ideias e cenários novos com outras energias. É se reinventar a cada dia para que seja sempre uma novidade, que é muito boa porque as pessoas gostam de coisas novas.
Você ainda não tem filhos, mas já se pegou pensando quando tiver e se vai ser preciso separar o Tio Paulo do pai Paulo?
Quero muito ter filhos. Três. Até brinco que queria ter trigêmeos, mas a LÃvia, minha noiva, minha fã e grande incentivadora, fala que já é demais. Então, vamos um, depois outro e outro. Mas acho que o pai Paulo vai ser o pai brincalhão. Vai ser o pai que as crianças vão falar que queriam ser filhas dele. Mas, por outro lado, vou ser aquele pai que irá querer transformar o seu filho no melhor do mundo, com responsabilidade e obrigações. Sou muito exigente assim como com minha irmã, com meus alunos. Sou virginiano e aquele que quer tudo perfeito, que à s vezes se cobra muito. Como eu comecei a trabalhar muito cedo e sempre fui muito certinho, vou querer que os meus filhos obviamente sigam os mesmos passos. Acho que, se eu tenho sucesso hoje, foi porque eu nunca me envolvi com drogas, bebida e nada de errado. Enquanto amigos meus faziam isso, eu trabalhava para fazer meu pé-de-meia e construir meu futuro. Se Deus quiser, na velhice, vou poder aproveitar com minha famÃlia. Quero que meus filhos sigam a mesma carreira, não exatamente como dentista ou artista. Eles vão ser o que eles quiserem. Mas me refiro à quela carreira disciplinada, com notas boas. Quando era adolescente, dei trabalho. Era bagunceiro, mas não aquele maldoso, de brigar. Eu era aquele que queria aparecer e se exibir. Alma de artista, né! Dei um pouco de trabalho para minha mãe na escola por conta disso. Tomara que meu filho não me dê tanto trabalho como eu dei para minha mãe. Levava muita bronca dos professores. Eles falavam que eu era bom aluno, mas que dava muito trabalho, conversava muito e aparecia muito perante os amigos. Tomara que meus filhos puxem a mãe nesse quesito.
Conforme as gerações vão se sucedendo, parece que as crianças estão amadurecendo cada vez mais rápido e saindo com mais velocidade desse universo lúdico. É exagero? Se não, como manter esse mundo por mais tempo?
Não é exagero. Hoje em dia um bebê já nasce sabendo mexer no tablet ou no celular e entrar no YouTube. Sabe coisas que não sabÃamos. Mas acho que a criança tem alma de criança. Ela gosta de uma boa cosquinha, de uma boa brincadeira, de uma boa mágica, do simples fato de pegar o colchão do quarto, colocar na sala e assistir um filme comendo pipoca. Acho que os pais estão perdendo isso. Acredito que dá para tratar a criança como criança. Faço isso muito no consultório, trazendo o lúdico e o mágico, com aquele brinquedo que a criança não conhece. A tecnologia veio para agregar. Então não sou contra. Não acho que a criança até tantos anos não pode assistir nada e brincar com brinquedos de madeira. Isso é bobeira. A tecnologia veio para ficar. A criança tem que ser supervisionada. Não pode ver de tudo. Tudo na vida tem uma idade certa para ser visto e usufruÃdo. Isso é normal. Acho que dá para agregar o mágico e o lúdico, a essência da criança, com a modernidade. Basta que os pais, os educadores, todos que estão em volta da criança saibam fazer isso, dizendo que é hora disso ou daquilo. Isso faz parte de uma boa educação. É saber que existem ambientes em que a criança está livre, leve e solta e outros nos quais existem regras a serem cumpridas. Tem a hora de respeitar, de ouvir, de pedir desculpas e de dar um passo para trás para poder dar dez para frente. Faz parte da vida. Se a gente entende que a criança não pode ouvir não e tem que fazer tudo o que quer, ela vai ser um adulto frustrado. Tive muita bronca dos meus pais, à s vezes levei palmadinhas na bunda e está tudo certo, sou um adulto ótimo hoje. Não é que sou a favor de bater. Nada disso. Mas no mundo de hoje há pessoas que dizem que não pode isso ou aquilo porque vai traumatizar. Vai nada. Uma criança tem que aprender o significado do não. A culpa não é das crianças, mas dos educadores. As pessoas precisam saber que se pode levar a vida mais levemente, mas que à s vezes precisa de uma resposta mais dura. Com certeza serão adultos brilhantes.
OLHO: “As pessoas deveriam pensar mais sobre isso, na valorização do tempo. Ele é muito precioso. Tudo passa muito rápidoâ€
Dentro deste tema, qual a mensagem que você deixa para os pais (pais e mães) sobre o envolvimento deles com seus filhos nesse mundo de fantasia?
É pensar que as crianças de hoje são os adultos de amanhã. Por exemplo, um dentista que o fez sofrer na infância. Então, leva o filho no dentista sem ter dor, pelo lado preventivo, tentando prevenir o seu filho daquele trauma que você teve, para que ele não passe pelo que você passou. Assim teremos um mundo cada vez melhor, com pessoas mais educadas e disciplinadas. Acho que a grande mensagem é essa. É valorizar o tempo. Depois dessa pandemia, as pessoas passaram a usar uma frase que eu odeio: ‘Ninguém aprendeu nada com a pandemia’. E aà eu mudo a pergunta: ‘E você, o que aprendeu com a pandemia? O que você mudou, fez de bem para alguém na pandemia?’ As pessoas têm mania de julgar. Só sabem apontar o erro do outro. As pessoas deveriam pensar mais sobre isso, na valorização do tempo. Ele é muito precioso. Tudo passa muito rápido. Quando a gente vê, os filhos já cresceram, quem a gente mais ama já morreu, o tempo passou e você envelheceu. É aproveitar mesmo cada segundo. Aproveitar para dizer ‘Eu te amo’ quando tiver que dizer, para abraçar quando tiver que abraçar, para assistir um filme quando tiver que assistir, para passear quando tiver que passear, para estudar quando puder estudar, a valorização de quem está do seu lado, de quem mais te ama, saber agradecer, ter gratidão e pensar que amanhã a sua vida pode estar totalmente diferente da de hoje. Às vezes você tem dinheiro e ele acaba, tem fama e ela acaba. A única coisa que ninguém vai tirar é o seu estudo, o seu conhecimento.