por Isabel Franson
Problemas no aplicativo e nas próprias bicicletas do Bike Santos vêm sendo motivo de dor de cabeça entre usuários do programa.
Na Zona Noroeste, o empresário Anderson Viana afirma que sempre passa apuro para localizar e retirar as bicicletas pela manhã, quando vai para o trabalho. Muitas vezes, fica na mão devido à falta de veículos disponíveis. “Para começar, no meu bairro, Castelo, nem tem estações. Sempre tenho de escolher entre recorrer ao Dale Coutinho ou Areia Branca. E, mesmo assim, muitas vezes não encontro em nenhum dos dois”.
Nesse caso, o morador acaba desistindo das bicicletas e recorrendo aos ônibus mesmo para chegar no horário à loja onde trabalha, no Gonzaga. Na volta para casa, em torno das 18 horas, mais complicações. “A estação da praia, na altura do Canal 2, também é bastante concorrida. Não sei se são poucas bicicletas, ou se o pessoal retira muito rápido e a reposição não é suficiente. Mas cada vez menos eu tenho conseguido usar. E pior que já paguei um crédito alto, que está acumulado no aplicativo”.

Manutenção
Considerando um dia em que encontre uma bike e consiga ir pedalando para o trabalho, nem assim o jovem pode dizer que segue seu caminho em paz. As bicicletas do sistema, quase todas, segundo ele, apresentam problemas de manutenção, como correntes soltas, oxidadas, freios quebrados e até sem manopla no guidão.
“Não pode ser só azar da minha parte”, aponta Anderson. “Eu uso muito as bicicletas do programa – sempre que elas estão disponíveis, pelo menos. E, até hoje, não fiz uma viagem inteira sem ter de encostar para arrumar ou encaixar alguma coisa. Chego no trabalho todo sujo de graxa, porque faço papel de mecânico todo dia”.

Aplicativo
Depois de toda essa dor de cabeça para pedalar, chega o momento de devolver a bicicleta e encerrar a corrida pelo aplicativo. Situação que exige mais um pouco de paciência do empresário. “Umas duas ou três vezes ele não encerrou e eu também não percebi. Só reparei quando veio uma multa absurdo por eu ter ‘ultrapassado o tempo’ de 45 minutos com a bicicleta. Numa das vezes, indicou que eu estava com a bike por mais de 3 horas. Sendo que minhas viagens levam cerca de 22, 23 minutos”.
Além de encerrar as corridas, outra função do aplicativo deveria ser reportar os problemas. Mas, adivinha só, nem isso o jovem consegue fazer. “Tem um campo que diz ‘informe seu problema’. Eu vou lá, escrevo… Quando vai finalizar o processo, ele trava, cai e volta para o início. Em todas essas vezes que tive dificuldade para localizar, pedalar ou encerrar, nenhuma delas consegui concluir a reclamação”.
Mais atenção
A jornalista Alyne Isabelle Souza, 30 anos, é usuária do programa há mais de ano. Diz que, em geral, considera o serviço uma boa opção para o morador. Mas aponta a necessidade de mais atenção e manutenção nos veículos. Para ela, a falta de óleo é um dos empecilhos. “Sinto falta de andar com uma latinha daquelas de óleo na bolsa. O barulho que faz é absurdo”.
A jovem reconhece que nem todos os usuários são cuidadosos com as bicicletas, mas que isso não é motivo para a administração do programa deixar de fazer sua parte também.
Para Alyne, o pior mesmo é a questão da marcha. “Quem anda de bicicleta sabe: o ideal para você pedalar em paz é a partir da terceira marcha. Na primeira e na segunda o pedal fica muito mole, não dá estabilidade para controlar a bike”.
O que acontece, muitas vezes, segundo a moradora, é que a marcha cai sozinha da terceira para a segunda. “E o ciclista tem de ficar segurando, dar um jeito de travar com a mão para continuar a viagem sem riscos. Imagina se a pessoa não percebe e, numa velocidade considerável, perde a estabilidade? Pode acabar sofrendo um acidente”.
E já que o aplicativo não funciona para solucionar os contratempos dos usuários, Alyne sugere outra opção. “De repente um canal, por aplicativo de mensagens, para divulgar problemas”.
Resposta
A CET-Santos, gerenciadora do sistema Bike Santos, informa que as estações e bicicletas da Zona Noroeste são as que mais sofrem depredação. A manutenção de bikes e estações é diária. Cerca de 30 bicicletas são recolhidas por dia para manutenção preventiva em sua oficina e outras 30 recolocadas. Veículos com peça furtada também são retirados para a reposição do item e posteriormente devolvido à estação. Dentre as bicicletas que precisam ser consertadas, a maior parte dos casos está relacionada ao mau uso e ações de vandalismo.
A CET-Santos faz o monitoramento da operação online e presencial e sempre que verifica estações desabastecidas, entra em contato com a Serttel, que retira bicicletas de estações cheias e repõe nas mais vazias.
Sobre os casos de cobranças de multas, a CET-Santos recebeu os dados do usuário e está entrando em contato com a empresa, solicitando esclarecimentos.
A Companhia reforça que assuntos relacionados ao Bike Santos, como dúvidas, sugestões ou reclamações, podem ser encaminhados para o email cet@cetsantos.com.br.