PUBLICIDADE

1.0 - SANTOS

Reciclagem bate recorde histórico em cidade da Baixada Santista

Por Alexandre Piqui

Já são dois anos do Programa Recicla Santos. Um projeto que fez os índices de reciclagem saltarem de 2% para 18% na cidade litorânea, umas das maiores taxas do país. Em vigor desde 2 de julho de 2017 a lei é válida para residências e comércios. A geração de menos de 120 quilos ou 200 litros de resíduos por dia obriga esses locais a separar o lixo orgânico do reciclável diariamente.

Já os grandes geradores de resíduos se cadastram na Secretaria de Meio Ambiente, apresentam o Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos e contratam empresa privada devidamente licenciada para realizar a coleta do lixo.

O não cumprimento dessa norma pode gerar multa. No balanço mais recente da Secretaria de Meio Ambiente houve crescimento no valor das autuações;

Em 2017 foram quatro multas, somando quatro mil reais em arrecadação. No ano de 2018, o número pulou para 32 autuações totalizando R$ 140.956,90 aos cofres públicos. Neste ano, até o momento, foram 25 multas e R$ 93.731,26 arrecadados. A expectativa é de que o total de 2019 supere o do ano passado.

Para Marcos Libório, secretário de Meio Ambiente de Santos, a multa tem um papel importante, mas não é só isso. “É um conjunto de estratégias que são adotadas para a população conseguir entender a importância deste processo”, explica.

Geração de renda

Falamos das multas, mas por outro lado há como obter recursos com o projeto. É o caso do Clube do Condomínio. Ele funciona por meio de cadastro dos edifícios interessados em receber contentores para depositar os recicláveis. Com isso, passam a receber a visita de funcionários do projeto duas vezes por semana, que vão ao local pesar e retirar o lixo. O material coletado é pago por meio de uma moeda social, a biocoin. A cada quilo de recicláveis coletado, o prédio acumula 1 biocoin, que vale R$ 0,20. Quando completa 5 mil biocoins (ou seja, R$ 1 mil), o condomínio tem o direito de retirar o dinheiro e usá-lo como bem entender. Atualmente são 375 edifícios cadastrados, juntos coletam de 125 a 130 toneladas por mês.

Geração de emprego

Além do aumento de 321% da reciclagem em relação a 2016, houve crescimento de cerca de 40% na remuneração dos cooperados a partir da lei que criou o programa. Marcelo Adrian é o coordenador da ONG Sem Fronteira. Para ele, o programa ajudou muitas famílias. O desafio hoje é fazer com que o antigo catador, agora reciclador cooperado, possa saber administrar o dinheiro que ganha. “Isso passou a ser um negócio e o catador não pode voltar a viver como antes, na vulnerabilidade social”, explica.

Luana Cristina Souza de Andrade é recicladora há seis anos, com o emprego conseguiu montar uma casa. Hoje sustenta duas filhas e um neto. Para o futuro, sonha em mudar de profissão. “Quero fazer um curso de confeiteira com o dinheiro que ganho”, diz.

Futuro

A Secretaria de Meio Ambiente projeta um crescimento ainda maior do serviço. “São duas frentes que vamos trabalhar; melhorar a qualidade do resíduo reciclável, com uma menor mistura e aumentar ainda mais a coleta seletiva na cidade”, aborda o secretário Marcos Libório.

Ele deseja também uma maior participação das cooperativas na coleta dos grandes geradores. “A cooperativa precisa se qualificar melhor, para atender aquilo que é a expectativa dos grandes geradores. Empresas estão acostumadas a trabalhar com empresas. Então, a cooperativa precisa corresponder com horários, compromissos e para isso é necessário investimento”, conclui.

Em 2018, a Prefeitura recolheu 12.110 toneladas de recicláveis, um aumento inédito de 265% em relação a 2017 (4.562 t) e de 321% em relação a 2016 (3.765 t).