A Mostra das Minas, evento de cinema criado em 2016 na Baixada Santista, com o objetivo de dar visibilidade e protagonismo às produções audiovisuais feitas exclusivamente por mulheres, acontece neste fim de semana. A edição 2024 marca oito anos de existência do festival. Foram selecionados dez curtas-metragens, incluindo duas animações, três documentários e cinco ficções, assinados por diretoras de várias regiões do Brasil.
Além disso, haverá a exibição de um longa-metragem e duas atividades formativas. “Somos uma janela no mundo audiovisual. Queremos criar um lugar seguro que, cada vez mais, gera reflexão no público. Vamos quebrar a ideia – que, embora tenha melhorado, ainda existe – de que a mulher só pode fazer filmes de uma maneira. Existe de tudo! Vários gêneros e possibilidades. Vamos discutir, compartilhar e trocar experiênciasâ€, afirma Iasmin Alvarez, diretora geral.
A abertura acontece hoje (28) à s 19h no Teatro Guarany (Praça dos Andradas, 100, Centro, Santos). Na primeira sessão de curtas, serão exibidos: ‘Casulo’, ‘Terra Livre’, ‘Qual é, Broto?’,’ Quando o Amor Não Respira’ e ‘Sinais Vermelhos’. Em seguida, à s 20h50, a segunda sessão apresentará as obras ‘Cida Tem Duas SÃlabas’, ‘NALUA’, ‘Maré Braba’, ‘Procreare’ e ‘Pedagogias da Navalha’. Haverá um bate-papo com as realizadoras dos filmes, com mediação de Thays Vilar, à s 22h05. A atividade terá uma intérprete de libras.
No domingo (29) a programação estará concentrada no Museu da Imagem e do Som de Santos – MISS (Avenida Pinheiro Machado, 48, térreo, Vila Mathias, Santos). A oficina ‘Autonomia Sonora’ começa à s 14h, conduzida por Amanda Gasparetto. A educadora abordará sobre produção de sonoplastia e efeitos sonoros. Será um espaço de compartilhamento de práticas e conceitos iniciais na área musical, com foco na escuta ativa e manipulação de sons com recursos gratuitos. Não é preciso ter nenhum conhecimento prévio para participar. É necessário realizar inscrição no site.
Já à s 16h30, é a vez da oficina ‘Da Literatura ao Cinema’. Madeleine Alves irá despertar o interesse dos participantes sobre o procedimento de adaptação das obras, destacando diferenças entre as linguagens, estruturas narrativas, criação e formatação de roteiros cinematográficos e tipos de adaptações. Qualquer pessoa interessada a partir de 16 anos pode participar. Há 40 vagas disponÃveis. É necessário realizar inscrição no site.
O longa-metragem ‘SLAM – VOZ DE LEVANTE’, de Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D’Alva, será exibido à s 19h. O encerramento será realizado no Guaiaó Bar (Rua Prudente de Moraes, 92 – Vila Matias – Santos/SP). Haverá venda de comidas e bebidas.
O público poderá conferir, também, videoclipes dirigidos por mulheres e que foram destacados em edições anteriores. A DJ Raquel Pellegrini promete animar com uma playlist diversa.
Este é o primeiro festival da Baixada Santista dedicado ao trabalho de mulheres cis, trans e travestis e outras transidentidades femininas. Organizado por uma equipe 100% feminina, exibe filmes dirigidos exclusivamente por mulheres. Surgiu como uma seleção de filmes para a comemoração do centenário da dramaturga Ivani Ribeiro. Após sua participação no Encontro Audiovisual Caiçara, o projeto se expandiu, tornando-se um espaço para exibição, discussão e formação.
Entre 2016 e 2020, realizou cine debates, workshops e edições anuais, incluindo parcerias com outros festivais. Em 2023, após um hiato, o evento retornou com um foco em ficção cientÃfica, terror e fantasia, destacando a escassez de diretoras nessas áreas.
CENÃRIO AUDIOVISUAL
Embora o mercado cinematográfico tenha dado mais atenção às questões de gênero e etnia nos últimos anos, o número de mulheres diretoras ainda é muito menor em comparação aos homens, especialmente os homens cis brancos. De acordo com o Center for the Study of Women in Television & Film da San Diego State University, dentre 250 filmes de maior bilheteria de 2022, somente 24% contavam com mulheres nos principais postos de produção – diretoras, roteiristas, produtoras, editoras e cinegrafistas. No Brasil, um estudo da Ancine revelou que apenas 17% dos filmes comerciais foram dirigidos por mulheres, e 21% dos roteiros foram escritos por elas, sem considerar recortes étnicos
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