Por Anderson Firmino
Em uma casa localizada na Rua Carlos Gomes, no Marapé, a polêmica entra na roda, sem medo de perder likes. Quando o quarteto formado por Caio Oliveira, Juliana Manarte, João Badiali e Taty Farias tem o entrosamento digno daquele grupo de amigos, do qual sentimos vontade de fazer parte.
Eles comandam o Perdendo Likes, conteúdo voltado para a internet que tem agradado fãs a e atraído convidados dos mais diversos. A Reportagem do Portal Mais Santos acompanhou in loco o programa da última segunda-feira (18) antes mesmo de ir ao ar. O entrosamento e a opção por não ter pauta não comprometem o andamento da conversa, pelo contrário. Talvez esteja aí o segredo da atração.
“Quando a gente se reúne, é para falar sobre os outros programas, nunca o próximo. Como a gente não tem texto decorado, fica mais fácil. Quando sentamos ali, é como se a gente estivesse, de fato, na mesa do bar, conversando com alguém. Não vamos com muitas amarras”, afirma Caio.
Um briefing com o entrevistado, até para evitar assuntos muito embaraçosos, é feito minutos antes do “valendo”. No programa, que teve a presença da sambista Rafa Laranja, o papo fluiu de forma agradável. Dois cachorrinhos fofos “passeavam” pelo estúdio, ajudando a compor o ambiente de informalidade, assim como uma geladeira à disposição, com água, cerveja e outros itens.
Despretensioso
João lembra que o projeto começou ainda no início da pandemia, apenas com ele e Caio. “A gente tinha a ideia de ter um papo descontraído, sem pudor e, o mais importante, sem limite. Daí o nome Perdendo Likes. Onde a gente pudesse falar o que a gente quisesse e, literalmente, perder likes. A gente começou da maneira mais amadora possível, nós mesmos fazendo de casa, com a transmissão ao vivo. Fomos evoluindo, até o ponto onde estamos hoje”, narra.

As meninas chegaram posteriormente – Juliana e Caio são casados – e ajudaram a dar a cara de descontração à atração. “A gente está ficando sem agenda para atender aos convidados. Eles estão querendo vir e temos que colocar para janeiro, e acabava ficando longe. Começou a tomar uma proporção que as pessoas querem participar”, conta Taty. “Como eles (os convidados) vêm desprendidos, querem falar. E não tem nenhum programa assim. Onde eles conseguem ir sem hora (para terminar)? Sentar e falar o que eles quiserem? “, complementa Juliana.
“Conforme a gente evoluiu, percebemos que, apenas com nós doís, não chegaríamos onde a gente gostaria. Precisaria, como todo clube grande, daquela contratação bombástica (risos). Nessa altura do campeonato, onde a gente tenha chegado a essas duas, saímos da Série C e fomos para a Série A (risos). É outro patamar”, diverte-se João.
O tempo de duração é variável – não raro, passa das três horas- mas sem perder o pique. A interação com os internautas funciona como combustível. “A gente sempre abre o chat. Óbvio que alguns são mais movimentados que outros, mas sempre trazemos uma galera que também é do sarcasmo, que manda uma zoeira. E a gente lê a zoeira no ar”, acrescenta Caio, que aponta a audiência na faixa dos 30/40 anos.
Inspiração
A comparação do Perdendo Likes com outros podcasts, como o Flow, é inevitável. Caio admite ser fã do canal que possui quase 3,5 milhões de inscritos no YouTube, mas descarta mera cópia.
“Foi, de fato, por um tempo, uma referência, apesar de a gente ter começado sem conhecer eles. Quando a gente começou a discutir o formato, o Flow nem estava estourado. Então, a gente não fez como a maioria dos podcasts, que é copiar uma fórmula. A gente faz do jeito que a gente queria”.
Já passaram pelo programa autoridades, jornalistas, influenciadores e artistas. A “fila de espera” é grande – existem programas fechados até janeiro. Mas, segundo o grupo, uma boa história – e um bom debate – nunca vão deixar de ter espaço.
“A gente não defende nenhuma bandeira, nem política, nem religiosa. Mas levantamos os assuntos e colocar esse tipo de pergunta para ouvir opiniões. Até porque eu sou um cara extremamente aberto”, sustenta Caio. “Esse mix de personalidades faz do Perdendo Likes uma escolha interessante, principalmente em tempos de polarização”, finaliza João.
Fotos: Guilherme Santi