Por Ted Sartori
O Santos se orgulha de ter tido em sua história uma trÃade real no futebol masculino, feminino e no futsal: Pelé, Marta e Falcão. Por pouco o Peixe não foi além e contratou “Deus”, como gostam os argentinos de chamar Maradona.
Morto nesta quarta-feira (25), aos 60 anos, El Diez teve duas chances de atuar na clube da Vila Belmiro, sem que o desfecho fosse favorável em razão do aspecto financeiro. E em ambas ocasiões foram por intermédio da Pelé Sports & Marketing, empresa do Rei do Futebol.
A primeira aconteceu no primeiro semestre de 1995. O sim parecia mais próximo. “No que diz respeito à contratação, a empresa Pelé Sports & Marketing já, segundo eu soube, concretizou a negociação com a empresa do Maradona. Então, agora, só falta o clube a ser escolhido. E provavelmente seja o Santos”, afirmou Samir Jorge Abdul-Hak, então presidente do Santos.
No elenco do Peixe, os atletas sonhavam com o momento de dividir o vestiário e o gramado com El Pibe. “Eu acho que é o maior jogador dos últimos 10 anos. É um jogador que eu colecionava figurinhas quando era pequeno e, agora, jogar do lado dele vai ser uma satisfação muito grande”, projetava Jamelli, atacante do Peixe na época.
Maradona não veio. Mas surgiu outro camisa 10 que virou Ãdolo na Vila: Giovanni. Vale recordar que no ano anterior que um outro meia experiente, Neto, havia aportado no Peixe. Porém, a passagem do campeão brasileiro de 1990 pelo Corinthians acabou não sendo longa nem de tanto sucesso.
Três anos depois, nos primeiros meses de 1998, o craque argentino, pelo menos, esteve em Santos – e ficou hospedado em Guarujá – com toda a alegria que ele sempre distribuiu nos campos mundo afora.
A felicidade, porém, consistia em estar no Carnaval. O bailado da bola se transformou em passos de samba sobre o caminhão que agitava o público nas ruas da Cidade com a Banda do Barril, do Bar Barril 2000.
O estabelecimento, que ficava na Ponta da Praia, defronte ao Aquário Municipal, tinha Serginho Chulapa como um dos sócios. E foi justamente o eterno artilheiro de São Paulo e Santos a receber Maradona para a festa. “Estou muito contente. Para mim, o povo brasileiro é muito alegre, muito contagiante”, disse.
Os pés do argentino também serviram para caminhar e bater bola pelo gramado da Vila Belmiro, além de até marcar um gol de pênalti. Na meta, o massagista Ary Jarrão e o jornalista Luciano Faccioli colaboraram com o momento de descontração.
“Possivelmente se intensifiquem as negociações e minha disposição para jogar no Santos é ótima”, chegou a declarar Maradona na ocasião.
O problema é que Emerson Leão, então técnico do Peixe, não mostrava a menor disposição de contar com o argentino, chegando a dizer que ele tinha sido um grande jogador. Convencê-lo foi um milagre que “Deus” não conseguiu fazer.
A imagem de Maradona vestido com as cores branca e preta ficou apenas no imaginário do torcedor santista. O Boca Juniors, da Argentina, seguiu contando com ele. Ou seria Ele?
Foto: Divulgação/Santos FC