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Santos / Esporte

Neymar chega aos 30 anos em busca da consagração definitiva: a Copa do Mundo

Por Ted Sartori

Os compositores Marcos e Paulo Sérgio Valle alertaram em uma de suas célebres canções para que não se confiasse em ninguém com mais de 30 anos. O atacante Neymar ainda não passou desta idade, mas assopra exatas três dezenas de velinhas neste sábado (5) em seu bolo de aniversário. E confiança é exatamente o que ele precisa em um ano chave de sua carreira.

Parece até incrível imaginar que Neymar caminha para sua terceira Copa do Mundo, desta vez no Catar e entre novembro e dezembro, obra do calor que faz no país na época habitual da competição. O problema é que o atacante esteve longe de brilhar como ele e muita gente gostaria nos dois Mundiais anteriores.

Em 2014, no Brasil, o atacante sofreu séria lesão nas quartas de final contra a Colômbia, na fase anterior ao vexame diante dos alemães. Quatro anos depois, na Rússia, a fama de cai-cai acabou sendo bem superior ao futebol canarinho, eliminado para a Bélgica nas quartas. Agora, o antigo sonho de ganhar a Copa do Mundo volta a embalar sua mente.

Conquistar o globo, por sinal, sempre esteve nos planos de Neymar. No prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa, o atacante chegou mais perto, porém existem o argentino Messi e o português Cristiano Ronaldo. Nem mesmo o fato de ter vestido as camisas de Barcelona e, atualmente, do Paris Saint-Germain foi suficiente.

Para azar de Neymar, ele acabou angariando – e em muitas ocasiões – a antipatia por seu jeito de adolescente permanente. A palavra garoto não saía do lado de seu nome sempre que se falava dele. Embora os ponteiros do relógio corram com a mesma velocidade para todos os seres humanos, Neymar e quem o cerca sempre tentaram subverter a ordem natural da vida, prejudicando bastante a trajetória dele em muitos momentos.

Mergulhar na fonte da juventude é algo que ninguém desprezaria. Muito menos o atacante, trocando há tempos a fantasia do drible pela inteligência do passe e, claro, da conclusão para a festa do gol. Ou encontrar a máquina do tempo. Certamente Neymar faria uma viagem com destino certo: o Santos.

Desde que surgiu nas divisões de base do clube da Vila Belmiro, o atacante sempre foi considerado um ponto fora da curva. O físico ainda franzino, quando foi promovido aos profissionais, levou Vanderlei Luxemburgo, segundo técnico dele nesta fase, a chamá-lo de filé de borboleta. E ele voou mesmo com a camisa do Peixe, conquistando vários títulos, sendo o mais importante o da Libertadores de 2011, troféu que o time não via desde 1963, quando outro diferenciado desfilava sua categoria com a camisa branca: Pelé.

O Mundial de Clubes chegou perto, mas superar o Barcelona do então seu futuro companheiro Messi era demais mesmo para ele, costumeiramente cercado de seus parças e de tudo o que o dinheiro obtido com os polpudos contratos do mundo do futebol pode proporcionar.

Na mesma música de Marcos e Paulo Sérgio Valle, chamada Com Mais de 30, diz-se que a vida é medida nas coisas que são feitas e nas que se sonha e não se faz. No futebol, Neymar já entrou na perigosa curva que transforma jogadores em promessas que não se concretizaram de maneira plena. Mas ainda há tempo para fazer história, como no inédito ouro olímpico nos Jogos do Rio, em 2016, e fintar de vez a desconfiança, transformando a rima de jovialidade com maturidade em algo além da fonética e trintando com a mesma alegria de seus pés.

Fotos: Reprodução/Twitter