Por Bárbara Farias
A Polícia Federal apreendeu US$ 7, 2 milhões e R$ 2 milhões durante a operação Alba Vírus, que desmontou uma organização criminosa de tráfico internacional de cocaína, com atuação em estados das regiões nordeste, sul e sudeste e em portos brasileiros. Durante a operação deflagrada ontem, foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão e efetuada 12 prisões, sendo oito em Itajaí (Santa Catarina), três em São Paulo, e um em Salvador. Cinco procurados ainda estão foragidos. As valores apreendidos foram atualizados hoje pela Polícia Federal.
A operação Alba Vírus é realizada em conjunto pelas Delegacias de Polícia Federal de Santos e de Itajaí, que investigam o esquema criminoso desde fevereiro. Entre as ações deflagradas ontem está o bloqueio de R$ 23 milhões em imóveis, sendo casas, apartamentos e uma fazenda, que, segundo a PF, foram adquiridos com dinheiro oriundo do tráfico internacional.
Segundo o delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado no Estado de São Paulo, Marcello de Carvalho, em entrevista coletiva à imprensa, na manhã de terça-feira (27), os investigados na operação Alba Vírus estão relacionados a uma prisão em flagrante que ocorreu na cidade de Guarujá, em fevereiro, ocasião em que foram apreendidos mais de uma tonelada de cocaína em uma residência. A droga seria destinada ao exterior. Os policiais apreenderam ainda telefones celulares e documentação.
De acordo com Marcelo de Carvalho, todo o material apreendido foi analisado pela Delegacia de Polícia Federal em Santos. Ele disse que os telefones apreendidos continham vídeos feitos pelos próprios indivíduos mostrando a realização de carregamento e de procedimentos para ocultação de drogas em contêineres. Ao todo, foram identificadas seis operações; contêineres que continham madeira, ardósia, miúdos de frango, onde eles faziam a ocultação de entorpecentes nessas cargas. “Utilizava-se a técnica hip on hip of, que é a técnica em que é incluída a substância entorpecente dentro de um contêiner que possui carga lícita mediante clonagem dos lacres que são utilizados para a lacração dos contêineres”.
“Além disso, foram decretados sequestros de imóveis, dentre casas, apartamentos e uma fazenda, avaliados em R$ 23 milhões. Nessa manhã (ontem), ainda foram apreendidos 2 milhões de dólares e 400 mil reais em um local em São Paulo. Em um local no Mato Grosso do Sul foram apreendidos aproximadamente 2 milhões de dólares, e existe ainda um cofre que foi encontrado em um local que era considerado um bunker para a guarda de dinheiro, com grande quantidade de moeda estrangeira que ainda está sendo contada. Os indivíduos estão sendo investigados e serão responsabilizados por crime de tráfico internacional de entorpecentes, associação criminosa e organização criminosa. Existem pessoas vinculadas a esses indivíduos que eram responsáveis por ajudar na destinação do dinheiro oriundo do tráfico para a compra de imóveis, viabilizando que eles usufruíssem do dinheiro oriundo do tráfico. Nos vídeos que foram analisados pela Delegacia da Polícia Federal em Santos, identificou-se seis carregamentos que, estima-se, conteriam seis toneladas de cocaína, com destino a portos na Europa, com um valor estimado de 210 milhões de euros”, afirmou.
O chefe da Delegacia da Polícia Federal em Santos, delegado Ciro de Moraes, explica que as investigações iniciaram em fevereiro deste ano. “Naquela oportunidade, havia uma indicação de uma residência, no município de Guarujá, que seria utilizada para preparação de cocaína a ser inserida no interior de contêineres para exportação para a Europa. A partir da identificação desse local e monitoramento, surpreendemos um caminhão entrando naquela residência em 9 de fevereiro deste ano. Na oportunidade, houve duas prisões em flagrante, uma tonelada de cocaína e R$ 1 milhão. No dia seguinte a essa prisão, representou-se um mandado judicial para a entrada no endereço do motorista do caminhão que havia entrado na residência. Nesse segundo local, foram encontrados mais 370 quilos de entorpecentes, um fuzil, cinco pistolas e vários veículos foram apreendidos também”, afirmou Moraes.
“O material apreendido nesses dois locais, além de celulares e farta documentação, permitiu a gente concluir pela remessa de drogas para o exterior em seis oportunidades. Certamente, houve mais oportunidades que essas, mas as seis foram perfeitamente definidas. Dessas seis oportunidades, em uma delas, teria já ocorrido uma apreensão de drogas na África do Sul, uma quantidade de aproximadamente 700 quilos de cocaína. Na outras oportunidades, não houve apreensão. Mas, os registros nos aparelhos de celular demostraram exatamente como a droga foi preparada para a remessa no exterior. Em razão dessa documentação, dessas gravações encontradas, foi que a operação policial começou a se desenvolver, o que permitiu, na data de hoje o cumprimento de 42 mandados de busca e 17 mandados de prisão”, relatou Moraes.
Segundo o delegado Ciro de Moraes, a operação em Santos foi deflagrada juntamente com a de Itajaí. “Essa operação em Itajaí, com a operação aqui em Santos, identificou um alvo em comum. Por isso, a opção de deflagrar as duas operações conjuntamente”.