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Região / Cotidiano

“Nossa Região poderia ser ainda maior”, afirma Raquel Chini, prefeita de Praia Grande e presidente do Condesb

Por Ted Sartori
Da Revista Mais Santos

Dentre as nove cidades da Baixada Santista, apenas uma possui uma mulher no cargo máximo do município. Trata-se de Praia Grande, com Raquel Chini, eleita no pleito de 2020, com 75.739 votos.

Em fevereiro deste ano, Raquel assumiu uma outra atribuição fundamental para os destinos da Região. Ela foi escolhida por unanimidade presidente do Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista), em substituição a Rogério Santos, prefeito de Santos. O mandato é de um ano.

Com larga experiência no setor público, Raquel concedeu entrevista para a Mais Santos e fala dos desafios à frente do órgão, em especial a respeito de temas que dizem respeito a todos os municípios na busca pela efetiva metropolização, intensificando a interlocução com o Governo do Estado.

“Somos importantes na economia do Estado e não podemos ser deixados de lado. Nossa Região poderia ser ainda maior”, afirma a prefeita de Praia Grande.

Quais os desafios da integração e solução de problemas da Região Metropolitana que podem ser minimizados com a atuação do Condesb?
A união da região metropolitana sempre foi um desafio que precisa ser superado. Falamos de cidadãos metropolitanos porque vivemos em uma cidade e utilizamos os serviços públicos e particulares de outros municípios. Tudo está interligado. As ações devem ser integradas e, muitas vezes, é preciso que os gestores entendam que as soluções dos problemas sentidos na sua cidade têm origem e precisam ser resolvidos na cidade vizinha. Mobilidade urbana é um exemplo. Diante deste cenário, o Condesb tem condições de atuar junto aos Municípios e o Estado nesta articulação com uma visão macro dos temas.

A propósito da mobilidade, ela é um dos enormes desafios em nível metropolitano. Como fazer com que todas as cidades se beneficiem de ações ligadas ao tema?
Em 2013, foi iniciado um projeto de mobilidade regional e conseguimos uma parceria com uma agência francesa. Ele está bem adiantado, com pesquisas sobre origem e destino das bicicletas e ônibus, com informações importantes das empresas de transporte coletivo. O resultado vai calibrar o nosso sistema de mobilidade e mostrará os impactos positivos em cada cidade. Vou seguir trabalhando na consolidação desses projetos e preciso do importante trabalho da equipe da Agem.

Por sinal, a senhora integrou a Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista) e, por essa razão, possui uma experiência no trato de assuntos regionais. O que esse conhecimento vai ajudar no comando do Condesb?
Além de toda a bagagem que trouxe da Agem, tenho adquirido uma importante experiência como presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas (CBH-BS). Trabalhei por 30 anos na Prefeitura de Praia Grande e tenho grande conhecimento da rotina da Administração Pública. A Agem é a Secretaria Executiva do Condesb e, para desenvolver todos os trabalhos a ela delegados, precisa estar bem estruturada técnica e administrativamente. Estou conversando com o Governo do Estado para que a Agência seja reestruturada e fortalecida para prosseguirmos com projetos nas áreas de mobilidade urbana, habitação, desenvolvimento econômico e turismo, dentre outras. A Agem sempre foi o banco de projetos e demandas da Região. Os futuros candidatos ao Governo deveriam ter conhecimento dessas informações da nossa Região para a elaboração dos seus planos de governo. Somos uma das principais regiões do Estado e, por isso, precisamos ter a atenção destes gestores e o compromisso de que seremos ouvidos e atendidos. Somos importantes na economia do Estado e não podemos ser deixados de lado. Nossa Região poderia ser ainda maior.

O Condesb é formado pelos nove prefeitos da Baixada Santista. Como torná-lo um órgão ainda mais executor?
O Condesb é um colegiado composto pelos municípios, estado e sociedade civil, seja nas plenárias ou nas Câmaras temáticas. Para ser um órgão executor, necessária é a vontade política do Governo do Estado e alterações das Leis, instituindo uma governança metropolitana. A Agem poderia ser uma agência executiva de fato, porém a alteração das leis vigentes é algo essencial para isso.

O que falta ao Condesb para ser um órgão representativo às necessidades da população?
As necessidades da população são apreciadas e discutidas nas diversas Câmaras temáticas e, quando aprovadas pelos seus membros, são levadas ao plenário do Condesb. Temos muito a caminhar para uma real integração dos membros com a sociedade. Vamos trabalhar nisso.

Dentro desse processo, qual a importância da interlocução com o Governo do Estado?
O Governo do Estado dita as regras por intermédio das Leis e da sua vontade política. Precisamos nos fortalecer e mostrar ao Governo a importância da discussão da região com o Condesb. Um plano de governo discutido com os prefeitos e com os segmentos da sociedade não tem como dar errado.

Os gestores da Região, assim como de todo o mundo, viveram momentos muitos difíceis no auge da pandemia. Qual a principal lição que se tirou desta fase para a tão clamada metropolização?
A maior lição que tiramos da pandemia foi que a união dos líderes da Região é fundamental em todas as áreas que são tratadas de forma metropolitana.

Depois do auge da pandemia, as eleições gerais serão realizadas neste ano. E em termos de Região Metropolitana? Qual o maior desafio que se descortina?
Além da questão habitacional que já mencionei, precisamos fomentar o desenvolvimento econômico com os setores vitais para a Baixada Santista como os Polos Petroquímico, Siderúrgico e Portuário. Temos boas perspectivas de crescimento, com matrizes como o turismo nas cidades da Região e também a consolidação de Praia Grande com a vocação de ser celeiro de abastecimento regional de serviços e produtos com o Complexo Andaraguá, que deve gerar 17 mil novos empregos. Mas a Baixada tem condições de ser ainda maior. Infelizmente, hoje, ainda vemos algumas empresas, com grandes chances de nos escolher, indo para o interior por diversos fatores como incentivos, infraestrutura e mobilidade. Outro ponto é a qualificação profissional, um assumo urgente para que os moradores da Região possam ocupar as vagas que serão ofertadas. Como disse anteriormente, o maior desafio é despertar o interesse dos candidatos em conhecer as nossas demandas registradas no Condesb e Agem.

Foto: Divulgação Prefeitura Municipal de Praia Grande