Por Alexandre Piqui
A reunião lotou o Teatro Guarany na tarde desta terça-feira (16). Especialistas, autoridades, representantes civis e de empresas portuárias debateram em audiência pública os impactos ambientais da ponte ligando Santos a Guarujá. O estudo é uma etapa do licenciamento ambiental, de responsabilidade da Cetesb e compõe a análise mais completa dos relatórios existentes (EIA/Rima).
A obra orçada em R$ 2,9 bilhões está prevista para acontecer entre o Saboó e a Ilha Barnabé, e terá extensão total de 7,5 km, sendo 1,1 km de ponte sobre o canal e o restante em viadutos.
A construção deve ligar as duas margens do Porto de Santos e interligará as rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni. A expectativa é de iniciar os trabalhos em fevereiro de 2020.
A Ecovias é quem terá a concessão do sistema viário por 30 anos. Rui Klein, diretor superintendente da concessionária, fez uma das apresentações. Segundo ele, a proposta irá facilitar a mobilidade da região da Baixada Santista reduzindo de 45 km para 10 km o trajeto viário entre as duas cidades.
Porém, uma das questões debatidas está nos impactos futuros no Porto. De acordo com o projeto apresentado, a altura da ponte será de 85 metros e trezentos metros de vão entre os apoios. “Foram feitas todas as simulações com navios atuais, de 366 metros [aptos a navegar desde maio de 2018 no Porto de Santos], e inclusive, uma simulação com o de 400 de metros [maior navio de contêineres do mundo – equivalente a quatro campos de futebol]â€, explicou Rui Klein durante a audiência.
Para o diretor da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, Eduardo Lustosa, uma das pessoas a discursar após as apresentações, a limitação de navegabilidade com a ponte pode trazer prejuÃzos no futuro. “Nós temos uma evolução na engenharia onde é destacada as vantagens do túnel sobre uma ponte. Nós temos exemplos no Porto de Roterdã, na Holanda, onde uma dúzia de pontes foram substituÃdas por túneis. Pois não cabe a obstrução a navegação. Uma navegação livre é muito superiorâ€, relata.
Sérgio Aquino, presidente da Federação Nacional das Empresas de Operações Portuárias, comenta que é preciso ponderar todos os pontos. “Qualquer limitação tanto aéreo quanto submerso num canal é um tema de preocupação. Portanto, há necessidade de estudos técnicos que demonstrem as projeções de futuro. E aà é importante ouvir os terminais que estão na regiãoâ€, opina.
Fotos: Guilherme Santi / MAIS SANTOS