Por Luana Magalhães
Amigos e familiares do adolescente Lucca Fernandes Morroni, 13 anos, farão uma manifestação hoje (11), a partir das 18h, em frente a UPA Central de Santos, localizada na Vila Mathias. Há um ano o jovem morreu nesta Unidade após dar entrada com fortes dores. Inicialmente, de acordo com a avaliação médica, seu caso foi classificado como baixa prioridade. O protesto também pedirá o fim da terceirização das UPAS.
O caso, que ainda não tem respostas, é tratado como negligência médica pela família.

O garoto teria aguardado mais de sete horas por resultado de exames em uma cadeira de rodas na recepção, pois o local não tinha lugar para abriga-lo. Apenas a noite, Lucca foi classificado como caso grave e encaminhado para a emergência.
Lucca faleceu na manhã do dia seguinte, menos de 24 horas depois de ter dado entrada na UPA.
A revolta ainda é um sentimento constante para a mãe do garoto, Elaine Fernandes, que, mesmo após um ano do ocorrido, ainda não obteve respostas. “Como mãe me sinto corrompida por tirarem o direito de continuar criando o meu filho, um menino que tinha sonhos e dons. Como cidadã, me sinto impotente e indignada”, desabafa.
Para a mãe, a manifestação é um grito de socorro para a realidade na saúde pública e uma forma de lutar para que isso nunca mais se repita. “A manifestação não é só pelo Lucca, mas pela sociedade, pois não há mais como salvar meu filho”, afirma.
Prefeitura
A Secretaria de Saúde de Santos (SMS) informa que solicitou ao Instituto Médico Legal (IML), órgão estadual, o laudo definitivo da necrópsia. Por conta do sigilo médico previsto na legislação, o Município não pode divulgar as informações contidas no documento. O resultado foi entregue nesta terça (10) ao Município e será encaminhado para a Comissão de Óbitos da unidade concluir o levantamento que apura se os atendimentos prestados seguiram os padrões técnicos estabelecidos e se houve alguma negligência ou falha dos profissionais envolvidos. A previsão é que um parecer seja emitido pela comissão em até 30 dias.
Ainda de acordo com a Prefeitura, o paciente foi assistido pela equipe multiprofissional da UPA, com ingresso às 11h05 do dia 10 de sembro de 2018 e óbito às 8h15 do dia seguinte, quando estava internado na Sala de Emergência, que possui recursos de ponta para estabilização de casos graves e manutenção da vida. As amostras de sorologias do paciente que foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência do governo estadual, descartaram os diagnósticos de dengue e leptospirose.
Inquérito
Na Câmara Municipal de Santos, há um pedido para abertura de uma Comissão Especial (CEI) de Inquérito. A CEI é de autoria da vereadora Telma de Souza e tem como objetivo apurar as mortas nas UPAs da cidade. São necessárias sete assinaturas para o assunto ser pautado no Legislativo, mas só foram adquiridas cinco.
Para tentar melhorar um pouco esse quadro, uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) foi aprovada para acompanhar as terceirizações das UPAs. Vale lembrar que o poder de uma CEV não é o mesmo uma CEI, esta última que exige autoridades para dar explicações em plenário.