Da redação
Nesta semana, o historiador Welington Borges, da Secretaria Municipal de Cultura, acompanhou um grupo de quatro turistas vindos da Filadélfia (EUA) na visita ao Cemitério das Polacas. O lugar foi tombado em 2010 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac) e restaurado em 2019 pela Associação Cemitério Israelita de São Paulo Chevra Kadisha (“Zeladores do Túmulo”, traduzindo do iÃdiche), em convênio com a Prefeitura.
Desde a reinauguração, o Cemitério Israelita já recebeu cerca de 300 visitantes. Conhecido como “Cemitério das Polacas de Cubatão”, guarda histórias de judias do leste europeu, atraÃdas por traficantes de mulheres entre o final do século XIX e inÃcio do XX com promessas de emprego e casamento. Porém, elas acabaram se prostituindo no Porto de Santos.
Monitoramento
Com o crescente interesse nas visitas ao “Cemitério das Polacas”, a Secretaria de Cultura deve iniciar em breve um curso de formação para qualificar profissionais (preferencialmente turismólogos) para monitorar os turistas que, nos últimos sete meses, já somaram mais de 300. Welington justifica a necessidade de qualificar monitores devido ao acordo firmado entre a Prefeitura e a Associação Cemitério Israelita de permitir somente visitas monitoradas: “para evitar a ação de vândalos”, explica, além de compartilhar informações históricas ao público.
História
Fundado por volta de 1924 na área onde hoje está localizada a Refinaria Presidente Bernardes para receber “as polacas” – como eram conhecidas as judias que vinham do leste europeu, trazidas por traficantes de mulheres nos fins do século XIX e inÃcio do XX, – o cemitério foi transferido para um terreno isolado ao lado do atual Cemitério Municipal de Cubatão. Entre os renegados pela comunidade judaica da época, além das 54 “polacas” estão enterrados também os corpos de 15 homens. O último sepultamento foi em 1966.
Lendas e mistérios sempre cercaram o cemitério escondido de olhares curiosos nas terras de Cubatão que, na época, pertencia ao municÃpio de Santos e era um local escassamente habitado. Aqui, em Cubatão, os “polacos” e “polacas” estariam mais escondidos da sociedade santista e, principalmente, preservando a imagem da comunidade judaica. “A questão não era racial e sim social”, adverte a professora (de Cubatão) e pesquisadora Evania Martins Alves. Aqui, a comunidade judia podia sepultar seus renegados.
O jornalista Alberto Dines em seus estudos e traduções lembra que as “curves” (prostitutas em iÃdiche) eram consideradas impuras. Marginalizadas abriram seus próprios cemitérios, rezaram em sinagogas próprias e congregaram-se em sociedade de assistência mútua. E sintetizava: “Viveram e morreram judias. Mais do que esquecidas, expiaram. Abolidas, perpetuaram-se Eternas Polacas“.

Fotos: DivulgaçãoÂ