Da Mais Santos Online
A data homenageia Zumbi dos Palmares, um pernambucano que morreu lutando pela liberdade do seu povo no Brasil, em 20 de novembro de 1695, e tem como principal objetivo fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana no Brasil. Para trazer ao debate e reflexão sobre a data, a Mais Santos ouviu profissionais de variados setores. Acompanhe.
CONHECIMENTO PODE FAZER A DIFERENÇA
“É essencial que vocês conheçam a sua história. É fundamental que vocês conheçam a história do PaÃs, em que contexto aconteceu a escravidão, como é que essas relações se davam. Mas também para quem não é afrodescendente, porque com isso é possÃvel fazer com que as pessoas, que tenham alguma propensão ao racismo diminuam isso no primeiro momento e rejeitem isso posteriormenteâ€.
A declaração é de Esmeraldo Soares TarquÃnio de Campos Neto, advogado, radialista e coach, ao se referir sobre a mensagem a ser destaca à s novas gerações em questões ligadas ao racismo. Ele acrescenta: “Não dá para você negar o racismo, mas dá, sim, para mostrar à s pessoas que o racismo não faz bem a ninguém. O que se tem é a necessidade de se posicionarâ€.
Em sua avaliação não há o que comemorar com a data nacional, mas sim celebrar, com destaque para o conhecimento sobre a história de Zumbi dos Palmares e seus companheiros. “Nós não temos conhecimento dessa história. Sabe-se muito pouco sobre
a história dos africanos escravizados e dos brasileiros escravizados no Brasil. Eu mesmo, descendente de negros, não faço ideia da minha origem. Diferentemente de outras pessoas que vieram de outros lugares para o Brasil que sabem de onde se originam. No meu caso e no caso de todos os descendentes de africanos, de maneira geral – e quase absoluta – não temos conhecimento da nossa origemâ€, ressalta.
Para TarquÃnio Neto esse dia serve para mostrar à s pessoas o que é ser negro, a importância de reconhecer a sua história, sua origem para os outros cidadãos brasileiros, além de ressaltar o que foi a escravização e a vinda de negros, bem como as dificuldades sofridas no território brasileiro. Seu pai, Esmeraldo Soares TarquÃnio de Campos Filho foi eleito prefeito de Santos, mas cassado pela Ditadura Militar.
“Ele foi cassado e em 1979, recuperou seus direitos polÃticos e voltou para a polÃtica, mais morreu a cinco dias da eleição, em 1982. Depois, eu acabei, de alguma forma, participando da história da Cidade, eleito vice-prefeito, em 1984. No colegial fui para uma escola maior e algumas classes que frequentei, sim, eram racistas. Minha irmã me relatou várias vezes que foi ofendida, injuriada, discriminada e que cometeram algum ato de racismo contra ela na adolescência/juventude e na vida adultaâ€, relembra.
Na sua avaliação o racismo no Brasil é estrutural, faz parte da estrutura social do Brasil. Por isso, ele defende a importância de se conhecer a história desse povo. “Como podemos nos livrar desse verdadeiro flagelo que é a escravidão no Brasil? Acho bom que
as pessoas estudem, conheçam, estejam abertas a ouvir as pessoas que conhecem essa história, para que as eventuais resistências, comecem a ser quebradas. Isso é fundamental para que as relações sociais brasileiras se restabeleçam de forma equilibrada”;
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Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil