Não é metáfora quando dizemos que eles são especialistas em doar sorrisos. Não com os próprios dentes, mas com os que entregam.
Num momento do mundo em que cada ação pelo próximo é uma pequena gota de amor num oceano de desafetos, a Caravana do Riso rema contra a maré contagiando de felicidade quem agora pode rir pela primeira vez.
Mesmo com foco no atendimento odontológico, engana-se quem pensa que apenas profissionais da Saúde compõem o grupo. Profissionais como advogados, administradores e até programadores abraçam a causa, que acredita na força das diferenças para um trabalho mais concreto.

A Caravana fez suas primeiras ações em setembro de 2015. No inÃcio, sim, formada por um grupo exclusivamente de estudantes de Odontologia. “À época, achávamos que todos tinham que ser dentistasâ€, lembra a dentista Bárbara Garcia Lima, 27 anos. “Depois, vimos que não. A consulta é só uma parte da ação. O legal é ir aos lugares. Levar carinho e atenção a lugares onde, muitas vezes, o Governo não chegaâ€.
Em pouco mais de três anos, o grupo tem uma estimativa de 653 atendimentos. Já o número de voluntários cresceu para 150 cadastrados. Entre os bairros percorridos, a Caravana já estacionou no Quilombo, Caruara, Ilha Diana e Monte Cabrão, Morro da Mineira e Santa Cruz dos Navegantes.
A cada ação, explica Bárbara, cerca de 40 ou 50 voluntários são convidados. “Revezamos, para que todos possam participarâ€. Já o número de pacientes gira em torno de cem. “Ficamos até atender o último moradorâ€.

Quem não é dentista faz o quê?
Tem muitas outras funções no atendimento que precisamos preencher. Tem a galera da organização, que vai cadastrando os pacientes… Eles recebem, conversam e acompanham conforme a ‘fila’ avança. Tem também os que ficam na etapa de higienização. Eles são responsáveis por entregar os kits de escola e pasta de dente e ensinar a maneira certa de escovar. Aà vem os dentistas, na consulta. E outra parte da galera fica do lado de fora, fazendo animação com a molecada.
E quanto ao espaço?
Nunca escolhemos o bairro ao acaso e aparecemos de surpresa. Sempre entramos em contato previamente com um representante do bairro, lÃder comunitário. Combinamos com algum comerciante se pode nos ceder seu espaço, suas tomadas, um banheiro… Não precisamos de muito para trabalhar, porque a maior parte da estrutura vem nas nossas malas.
O que vocês trazem nas malas?
Os kits completos de dentista, com extrator de tártaro, sonda exploradora e espelhinho. Também trazemos o motorzinho de alta rotação. As crianças até que gostam (risos).
Quem arca com os custos?
Nós que pagamos tudo. Geralmente, para fazer um dia de atendimento, precisamos arrecadar cerca de R$2 mil. Além dos produtos todos, pagamos a gasolina dos carros, almoço dos voluntários…

Como fazem para juntar a grana?
Normalmente, fazemos festas. Recentemente, criamos uma página no Facebook e uma no Instagram para divulgar as informações e correr atrás de patrocÃnio.
Quais foram os últimos atendimentos?
As últimas ações foram de confecções de prótese no Morro da Mineira e de atendimento na Ilha Diana. No Morro, fizemos 13 próteses e na Ilha atendemos cerca de 45 pessoas, entre crianças e adultos. Lá é nosso bairro de menor atendimento.
Quando e onde será a próxima?
A próxima ação será no bairro do Caruara, na Ãrea Continental de Santos, no dia 13 de abril.

Fotos: Divulgação/Caravana do Riso