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Região / Cotidiano

Alvo de processo de impeachment, prefeito Válter Suman depõe na Câmara de Guarujá

Da Redação

O prefeito Válter Suman foi ouvido na manhã desta quinta-feira (11) pela Comissão Processante que trata de seu processo de impeachment. A denúncia trata de suspeitas de irregularidades na contratação de organizações sociais e empresas para atuar na área da saúde, realizada pelo Poder Público da cidade.

O caso, inclusive, foi objeto de investigação na Operação Nacar-19, deflagrada pela Polícia Federal, em ação integrada com a Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU). Suman e Marcelo Nicolau, ex-secretário da Educação, chegaram a ficar presos por três dias de setembro na Penitenciária de São Vicente.

No depoimento que começou pouco antes das 10 horas e durou em torno de 60 minutos, Suman disse que tinha apenas relação institucional com integrante da OS Pró-Vida, que geria 16 unidades de saúde de Guarujá por quase dois anos, e que foi feito de tudo para que não faltasse nada para os pacientes.

O prefeito ratificou que o dinheiro encontrado em um apartamento de seu nome vieram de valores lícitos de uma propriedade rural e que, no momento oportuno, serão apresentadas provas, pois o processo corre em segredo de Justiça. As joias de sua esposa também foram alvo de perguntas.

“Vamos lembrar que sou médico e sempre obtive ganhos consideráveis. Entre namoro e casamento, são 42 anos. Sempre a presenteei em datas comemorativas. Uma história da nossa vida foi levada de minha casa”, afirma Suman.

A movimentação foi grande na Câmara Municipal de Guarujá. Houve até fila para entrada no local para acompanhar o depoimento. Muitos, inclusive, haviam chegado na noite de quarta-feira – alguns com cartazes de apoio a Suman. Apenas 60 pessoas puderam entrar, o que representa 50% da capacidade do Plenário.

As audiências são abertas ao público, com as galerias liberadas para os munícipes que querem acompanhar os trabalhos da Comissão, respeitando todos os protocolos sanitários, sendo obrigatório o uso de máscara e distanciamento social.

Na segunda-feira (8), foram ouvidos o ex-secretário de Educação Marcelo Nicolau e o também ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Portuário Rogério Rudge Lima Netto. Os dois estavam acompanhados de seus advogados.

Antes deles, foi ouvido José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente do PDT/Guarujá e autor do pedido de impeachment de Suman. Ele emitiu nota a respeito do depoimento do prefeito. Eis a íntegra:

“Com o depoimento do senhor Válter Suman, realizado hoje (11.11), na Câmara Municipal, o processo de impeachment do prefeito requerido pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) chega a um impasse muito perigoso para a democracia e a transparência no uso dos recursos públicos do município.

Nenhuma de nossas denúncias, baseadas em provas documentais obtidas por meio da investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Operação Nácar, foi esclarecida. Entendemos, porém, que há material suficiente para configurar a quebra do decoro por parte do Executivo.

Na oitiva recém-concluída, o prefeito não respondeu a perguntas específicas e foi evasivo quando formulou respostas; ignorou fatos robustos que foram apresentados, que constam da Operação Nácar e que pesam contra ele; e, finalmente, não pediu desculpas à população por seus atos.

Em resumo, a lamentável sessão de hoje na Câmara não elucidou as irregularidades que precisam ser passadas a limpo. Reiteramos que há provas documentais e materiais que sustentam o pedido de impedimento do atual prefeito.

Lamentamos, portanto, o comportamento de Válter Suman e de seus secretários nos depoimentos à Comissão Processante na Câmara, e pedimos aos senhores vereadores que sejam efetivamente incisivos em seus questionamentos e análises.

Que novas oitivas sejam convocadas para que as respostas às denúncias surjam, em respeito à população.

Diante das evidências já apuradas e apresentadas, temos a certeza de que a comprovação da quebra de decoro virá ao final do atual processo”.

A comissão, seguindo o devido processo legal e respeitando o procedimento previsto no Decreto-Lei 201/1967, terá até 29 de dezembro para concluir os trabalhos e apresentar relatório final para votação no Plenário da Câmara Municipal de Guarujá.

Foto: Arquivo