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Região / Educação

Afrosan: criando oportunidades de futuro

Por Ted Sartori
Da Revista Mais Santos

Foneticamente, educação não rima com oportunidade. Na vida, sim. Ou, pelo menos, deveria. Para que isso aconteça, é necessário ter acesso ao ensino. E nem sempre é possível pelas desigualdades que acompanham o Brasil desde sempre. Ainda mais quando se é pobre e negro, tornando-se vítima de inúmeros preconceitos, ocasionando a falta de chances.

Há duas décadas, a serem completadas em fevereiro, a Afrosan (Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista) trata de encurtar este caminho e deixá-lo menos tortuoso. Sem receber quaisquer recursos municipais, estaduais ou federais, a ONG oferece cursinhos pré-vestibulares e de preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), com a ajuda de professores voluntários.

“Esse trabalho foi idealizado por conta da minha luta na comunidade negra da Baixada Santista. Eu fui presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra por mais de 10 anos e também fui o primeiro coordenador de Igualdade Racial e Étnica da Prefeitura de Santos”, relembra Zé Ricardo Santos, presidente da Afrosan.

Ele explica que cada aluno contribui com R$ 50,00 por mês para manutenção do básico para o cursinho funcionar. Quando o aluno não possui nenhuma condição para isso, a ajuda passa a ser ao projeto, como manutenção na estrutura da escola e parte pedagógica.

Em 2002, quando a iniciativa foi criada, já havia dados que colocavam a população pobre e negra na base da pirâmide, onde a participação no ensino superior era minoritária. A partir daí, Zé Ricardo e outros companheiros de luta da causa desenvolveram a Afrosan e tudo o que a envolve, caso dos cursinhos educacionais preparatórios.

“Nesses quase 20 anos, já passaram pelo cursinho mais de 5 mil alunos de toda a Baixada Santista. Dar um número exato de quantos ascenderam ao ensino superior é difícil, até porque é muita gente”, afirma o presidente da entidade. “E nem sempre temos o retorno de todos os que estão fazendo, se passaram ou não, a partir do momento em que fizeram o cursinho. Mas nós temos um dado, que era de 2019, antes da pandemia, de todos os alunos que, na época, passaram pelo cursinho, de que 65% conseguiam obter bons resultados e foram cursar o ensino superior”, emenda.

Inscrição e seleção

O cursinho pré-vestibular da Afrosan é realizado em um período de 10 meses, com início em fevereiro, logo após o Carnaval, e término em novembro. As aulas acontecem aos sábados, das 9 às 17 horas.

Há disciplinas ministradas presencialmente (Matemática, Linguagens, Física, Biologia, Cidadania e Inglês) e outras de forma online (Geometria, Filosofia/Sociologia, História/Geografia, Técnica de Redação, Orientação Profissional, Atualidades e Espanhol).

“Todos os interessados podem fazer a inscrição, que já estão abertas tanto pelo site da Afrosan (afrosan.org.br) quanto por nossa página no Facebook. Será possível, desta vez, recebermos 60 alunos. Com as inscrições em mãos, vamos fazer uma seleção socioeconòmica para que seja escolhido quem realmente precisa”, explica Zé Ricardo Santos.

Vale recordar que o aluno que não comparecer no início das aulas será automaticamente desligado, sendo chamado para a vaga o primeiro da lista de espera. Além disso, o aluno deverá ter uma frequência mínima de 75% no cursinho. Caso contrário, sua saída será decretada.

Foto: Divulgação Afrosan