Por Alexandre Piqui
A casa fica em frente à escola estadual Azevedo Junior, no bairro Vila Belmiro em Santos. O morador, um senhor de 63 anos, não quis a divulgação do nome na matéria. Há uma semana o muro dele foi pichado por usuários de drogas. A frase com erros gramaticais tem a seguinte mensagem de ameaça: “Se a fumaça da maconha incomoda, porque não muda?”
Depois do fato, o morador da Rua Dom Pedro I, tutor do programa ‘Vizinhança Solidária’ da Polícia Militar, tomou uma atitude. “Eu não vou apagar [a mensagem]. Quero ver o que vai acontecer. Depois disso, a polícia tem vindo com frequência”, conta.
Mas o aposentado tem receio de uma represália, principalmente contra a família. Além dele, no imóvel mora a mãe de 92 anos, a esposa e a filha. Inclusive, em uma das reclamações ouviu o seguinte desaforo dos jovens. “Se está incomodando, tira a ‘velha’ daí”, relata indignado.
Um professor da escola estadual veio falar com a reportagem. Ele ficou revoltado com o ocorrido. “Isso é falta de cidadania, de amor ao país, de amor ao cidadão que paga imposto. Isso é um crime! A gente como professor, como cidadão do bairro fica extremamente triste”, desabafa.
Ele ainda faz uma denúncia sobre o uso de drogas dentro da unidade escolar. “Essa situação acontece dentro da escola, no período da noite. Se a gente brigar com eles é perigoso sair para casa e eles brigarem com a gente. Somos reféns de alunos”, conta o professor.
O MAIS SANTOS entrou em contato com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que rebate a denúncia. O texto diz que “a Diretoria Regional de Ensino de Santos informa que não há registros de uso de drogas dentro da Escola Estadual Azevedo Júnior. A escola já promove ações específicas de combate às drogas, no entanto vai reforçar junto aos alunos as ações sobre o risco do uso de entorpecentes. Um supervisor será encaminhado à unidade para verificar a situação”.
Em nota, a Polícia Militar esclarece que “o policiamento naquela área vai continuar, não só pelo atendimento 190, mas nas rondas preventivas com rádio patrulha, Força Tática, Policiamento com Motocicletas, e Base Comunitária Móvel. As ações de polícia serão intensificadas. Qualquer pessoa que tenha informações pode ajudar pelo telefone 190 ou pelo disque-denúncia, não precisando se identificar”.
Apesar da resposta da PM, o professor conclui. “Os policiais que vem aqui de manhã são maravilhosos, mas eles não podem ficar aqui o dia inteiro”, lamenta.
Já o aposentado que teve o muro da casa pichado, diz que não vai dar sossego aos usuários. “Eu ligo para a polícia, mesmo. E vou continuar ligando, não vou desistir”.