Por Alexandre Piqui
Uma mulher, desde segunda-feira (23), vive um drama junto com os dois filhos menores de idade (um menino 10 anos e uma menina de 14). Ela resolveu fugir de casa com as crianças por estar cansada de sofrer violência doméstica praticada pelo marido. A medida protetiva foi expedida pelo juiz na tarde desta quinta-feira (26). Com isso, se o agressor se aproximar da vÃtima poderá ser preso.
O caso ganhou repercussão após ser relatado em uma rede social. Quem fez a denúncia foi à filha mais velha do casal, hoje com 24 anos. Ela abre o texto com os dizeres: “ESSE É UM PEDIDO DE SOCORRO!â€. E relata: “Ele está há três dias em surto, batendo em tudo, agressivo, sem dormir. Ontem [23 de setembro] minha mãe foi levar meu irmão na escola. Quando estava saindo, um funcionário da academia ao lado de casa deu bom dia pra ela, foi o suficiente pra ele fazer o inferno deleâ€. Ela sofreu ameaças por parte do próprio ‘pai’ devido a publicação.
O MAIS SANTOS conversou com a vÃtima. Neste momento ela está escondida em um endereço que considera seguro. Mesmo assim, elas e os filhos estão com medo. “Eu não durmoâ€, disse aos prantos.
A decisão de sair de casa partiu no inÃcio da semana. Vendo que o homem estava completamente fora de controle nos últimos dias, a mulher buscou os dois filhos na escola e foi direto para a Delegacia da Mulher de Santos. Lá fez o boletim de ocorrência, mas como não havia flagrante disseram que nada podia ser feito. “Eu implorei por ajuda e saà da delegacia sem proteçãoâ€, desabafa. “Eu estava na delegacia e ele mandava mensagens com ameaças. Eu mostrava para a escrivãâ€, conta.
A mãe e as crianças conseguiram ajuda de uma pessoa, no qual, ela prefere não identificar. “Saà da delegacia deitada com os meus filhos no banco de trás do carro dessa pessoa, cobertos para não corrermos o risco de ele nos localizarâ€, relata o fato chorando copiosamente. Esta pessoa acolheu a famÃlia, mas eles permaneceram na casa dela apenas por uma noite.
Pesadelo
O drama não é recente. Casada há mais de 20 anos com esse homem, a mulher não tem amigos ou familiares. Em caso de separação, ela diz que não tem para onde ir. O grande receio é perder a guarda dos filhos.
A vÃtima da violência doméstica conta que em 2007, após apanhar muito desse homem, tomou coragem e o denunciou. Eles ainda moravam em outra cidade, no interior de São Paulo. Na época, o agressor foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Desde então, ela fala que as agressões mudaram. “Ele me bate de um jeito que não deixa marcasâ€.
Defesa
Thauany Cortês e Larissa Herane são advogadas e assumiram o caso de forma voluntária. De acordo com Thauany, a medida protetiva não garante completamente a segurança da mulher. “É um papel, basicamente, avisando a ele que não pode chegar perto dela. Não vai ter uma viatura onde ela está. Agora, se houver qualquer tentativa de aproximação, ele vai presoâ€, explica a advogada.
O trabalho das advogadas agora se concentra para garantir a guarda das crianças e o processo de divórcio. Sensibilizadas com a história, elas buscam também ajudar à famÃlia. Como a mãe e os filhos saÃram de casa somente com a roupa do corpo, quem puder colaborar com roupas e mantimentos pode entrar em contato através do e-mail: thauanycortes@gmail.com ou pelo telefone (13) 97418-2990
Leia o texto completo publicado pela filha em uma rede social:
ESSE É UM PEDIDO DE SOCORRO!
Meu “pai”agride fisicamente e psicologicamente minha familia.
São anos de agressões, eu tenho 24 anos e minhas primeiras lembranças são dele agredindo minha mãe.
Morávamos no interior e ele aproveitava da falta de PolÃcia pra manter a gente sobre tortura, minha irmã nasceu de 5 meses porque ele agrediu minha mãe GRÃVIDA, a gente não podia sair de casa porque qualquer pessoa que olhasse pra minha mãe era amante dela, tinha dias que minha mãe fazia xixi nas calças porque quando ele saia ela tinha que ficar de plantão pra abrir o portão quando ele voltasse, e se ela não estive lá pra abrir? Ele agredia ela.
Fugimos de casa no interior sem nada, só eu minha mãe e minha irmã que na época tinha por volta de 2 anos, ele pegou a gente no meio do caminho, sequestrou eu e minha irmã e veio pra santos se abrigar na casa de parentes. Deixou minha mãe na Rua, numa cidade aonde a delegacia tinham dois policiais, literalmente sem NADA, sem documentos, dinheiro, nada.
Minha mãe SOBREVIVEU porque os amigos dele na época a abrigaram, meu pai devolveu a gente porque o juiz decretou prisão se ele não levasse a gente pra nossa mãe. Depois de voltarmos pra casa, ele junto com minha avó paterna entraram na justiça de pediram DESPEJO, deram 30 dias pra uma mãe com duas filhas pequenas sair da casa. A gente não tinha pra onde ir, a gente não tinha nem o que comer, a gente não passava fome porque as pessoas da cidade que conheciam ele nos ofereceram ajuda, a gente só tinha leite e fralda porque as pessoas doavam pra gente.
Meu avô paterno alugou uma casa escondido pra gente, como vocês podem ouvir meu próprio “pai” falando nos áudio. A gente ficou alguns meses morando nessa casa, se alimentando de doação de amigos dele, sobrevivemos por ajuda das pessoas, mas a situação só piorava, ele fazia chantagens absurdas no tribunal, pedia nossa guarda porque dizia que minha mãe não tinha dinheiro pra bancar a gente, nas audiência levava presentes caros (apple pra cima) pra gente enquanto deixava a gente passar fome.
Ele tinha dois advogados, levava os dois advogados daqui de santos pras audiências em cerqueira César a 4 horas de viagem daqui, enquanto a gente passava fome. No final minha mãe “voltou” com ele por medo de entregar a gente pra ele, ela não tinha mais de onde pedir ajuda pra sobrevivemos. Ele ficou “melhor” durante alguns meses, mas passou. Nós mudamos pra outras cidades, não conseguimos passar por nenhuma sem precisar chamar a polÃcia pra pedir socorro, ja dormimos em abrigo, já viramos noites em delegacia.
Atualmente somos minha mãe, e meus dois irmãos. (14anos e 10 anos).
Na cidade grande ele nunca bateu na minha mãe fisicamente, mas a tortura psicológica piorou, a gente nunca sabe como ele vai estar quanto entra dentro de casa, estamos sempre esperando ele entrar agressivo. Ele quebra tudo dentro de casa, bate as janelas, as portas, fica bufando e xingando. Ninguém pode rir perto dele porque ele acha que estamos rindo dele, todas as vezes. Minha mãe não pode pentear o cabelo que ele diz que ela esta se arrumando pra amante.
Ele trata minha irmã aos berros, um dia ele levou ela na escola e dentro do carro só os dois ele disse que ia quebrar eu e ela na porrada porque a gente não respeita ele. Meu irmão tem 10 anos e ja viu milhões de vezes meu pai fazendo o “cigarrinho” dele.
Ele é TAXISTA, mas não paga nenhuma conta em casa, meus avós paternos pagam água, luz, bancam 100% o taxi dele, minha mãe trabalha como costureira e sozinha tem que bancar o resto das contas, ele NUNCA NUNCA comprou uma peça de roupa ou calçado pros meus irmãos, minha mãe paga a conta do celular do meu pai porque nem isso ele faz.
Ele da cerca de 20/30 reais por dia prs minha mãe fazer todas as refeiçoes do dia pra 4 pessoas e um cachorro, e ele ainda pede troco. Meus avós gastam 90% da renda deles com gastos do meu “pai”.
Ele está a 3 dias em surto, batendo tudo, agressivo, sem dormir. Ontem minha mãe foi levar meu irmão na escola, quando estava saindo um funcionário da academia ao lado de casa deu bom dia pra ela, foi suficiente pra ele fazer o inferno dele.
Ele começou a quebrar tudo dentro de casa, tudo. Xingando minha mãe e dizendo que pegou ela no flagra, que o cara é amante dela, que descobriu porque ela pentea o cabelo e sai bonita. Que descobriu porque minha mãe vai no dentista, que na verdade ela ta saindo com o amante. Ele foi na cozinha pegou uma faca grande e com ela na mão começou a dizer que ele já devia ter acabado com minha mãe antes, mas que hoje ele acaba com ela.
Minha mãe só conseguiu pegar um dinheiro, e os documentos, e fugiu correndo de casa. Pegou meu irmão na escola, e foi pra delegacia, quando estávamos lá meu pai estava desesperadamente tentando pegar minha irma que estava na casa de uma tia, a gente avisou o policial que ele ia pegar ela, a gente tava desesperada, mas a policia disse que não podia fazer nada! Não podia ir com uma viatura salvar minha irmã de um agressor em surto!
Conseguimos pegar ela, fizemos um b.o. e só isso. Uma medida protetiva leva até dois dias pra sair, minha mãe e irmãos estão em um lugar que não posso dizer porque o agressor pode ir atrás deles assim que souber qualquer informação. Eles estão sem roupa, sem dinheiro, só minha irmã esta com o celular, sem segurança, sem dormir com medo.
Não temos dinheiro pra um advogado, não temos como procurar um público porque se ela sair de onde esta o agressor pode pegar ela na rua. Estamos SEM RUMO QUALQUER, a delegacia não pode fazer nada porque as leis não existem, a mulher agredida é orientada a procurar um lugar pra se esconder!!!!!!! Enquanto o agressor circula livre!!!
Ele está CONVICTO que a polÃcia não pode fazer nada contra ele, ja que dessa vez ele não a agrediu fisicamente, está completamente seguro disso.
Eu preciso de ajuda, não sei nem exatamente qual, mas preciso fazer ele parar! Eu preciso fazer isso acabar!
Não sei mais aonde pedir ajuda, estou expondo minha vida e da minha famÃlia pra poder salvar eles.
Não temos mais pra onde fugir!!!
Minha mãe não tem NENHUM familiar, não temos nada!!!!
ESSA PRECISA SER A ÚLTIMA VEZ, ELA NÃO PODE ARRISCAR DE NOVO, ELE É UM HOMEM DE DOIS METROS DE ALTURA, A GENTE NÃO PODE SENTAR NO SOFà E ESPERAR ELE MATAR MINHA MÃE!!!! NÃO DA MAIS!!!!
PELO AMOR DE DEUS ALGUÉM PRECISA DIZER PRA GENTE QUE TEM COMO SAIR DESSA SEM SER NO CAIXÃO!!!!