A Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro (Usuport-RJ) entrou com uma medida cautelar junto à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para tentar impedir eventuais cobranças de sobre-estadias de contêineres (demurrages e detentions) e criação de sobretaxas durante a epidemia do novo CoronavÃrus (Covid-19). Na liminar apresentada, a associação requer que, em casos especÃficos de decisões do governo sobre o tema que afetem operações de comércio exterior, a agência publique resolução declarando força maior a fim de dar mais segurança jurÃdica aos usuários.
O argumento é que existe receio por parte dos importadores de que mercadorias provenientes de paÃses sob risco do Covid-19 sejam alvo de quarentenas, inspeções fÃsicas demoradas ou, em casos extremos, impedimento de serem descarregadas devido a decisões mais drásticas tomadas pelo governo enquanto as mercadorias ou bens estão a bordo das embarcações.
A petição solicita que a Antaq obrigue transportadores marÃtimos e agentes intermediários a se abster das práticas de retenções de mercadorias, bem como criações de contratos de adesão, termos de compromissos ou quaisquer outros meios que, citando o Covid-19, venham a forçar os usuários a concordarem com práticas consideradas abusivas ou lesivas. A liminar também pede que as criações de sobretaxas decorrentes de questões associadas ao CoronavÃrus sejam previamente aprovadas pela agência, antes de serem aplicadas aos usuários, seja em relação à s suas naturezas, seja em relação aos seus valores.
A entidade defende a regulação ex ante por parte da agência, a qual considera ideal para o acompanhamento dos preços e redução de assimetrias. “Há risco de condutas oportunistas por parte de alguns prestadores de serviços no comércio exterior, especialmente no transporte marÃtimo, tendo em vista a inexistência de regulação pró-ativa”, diz a liminar, assinada pelo diretor-presidente da Usuport-RJ, André de Seixas, e fundamentada com colaboração do advogado da associação, Osvaldo Agripino de Castro Junior.
A Usuport-RJ sustenta que falta regulação do tema por parte da agência reguladora e cobra que, nessas situações, a autarquia cumpra pontos previstos na resolução normativa que trata dos direitos e deveres dos usuários (RN-18/2017), inclusive com a suspensão da contagem do prazo da livre-estadia de contêiner. A associação defende que a maior parte de gêneros importados de primeira necessidade não pode parar e os fluxos precisam ser mantidos, sendo certo que o principal parceiro comercial do paÃs é a China. “Mesmo sabendo que o Brasil ainda está, de certa forma, distante dos problemas enfrentados por alguns paÃses, não podemos descartar os riscos. Até porque, no inÃcio desta semana, tivemos a confirmação do primeiro caso no paÃs”, alerta trecho da petição.
Fonte: Portos e Navios
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