Por Paulo Angelo Lorandi
O organismo vivo trabalha com mecanismos de modulação, ou seja, mantém ativos forças contrárias para evitar uma excessiva atividade em um único sentido. Por exemplo, do mesmo modo que ele é capaz de causar inflamação, como mecanismo de defesa, também mantém capacidade anti-inflamatória e desse modo impede o aparecimento de um estado excessivamente inflamatório, o que seria improdutivo para a vida. Essa oposição de ações poderá ser encontrada em diversos sistemas orgânicos, como o da resposta imunológica.
Os dois cientistas ganhadores do prêmio Nobel de Medicina 2018 desenvolveram pesquisas nesse sentido. Eles pesquisaram, ainda nos anos 1990, como poderiam aumentar a resposta imunológica do organismo contra as células cancerÃgenas, diminuindo a capacidade de modulação desse sistema. Antes de explicar melhor essa ação, é preciso saber como as células cancerÃgenas criam resposta imunológica.
O sistema imunológico, composto por linfócitos, está habilitado a encontrar e destruir substâncias estranhas ao nosso corpo. Os linfócitos são triados em sua origem para não atacar as células do próprio organismo. Um tumor maligno é formado por uma célula que se modifica e passa a ser estranha, gerando uma resposta imunológica. Essa resposta nem sempre é suficiente para debelar sozinha o desenvolvimento tumoral. A multiplicação das células cancerÃgena tende a ser bem mais rápida do que a capacidade do sistema imunológico em destruÃ-las. Daà a ideia dos cientistas, diminuir essa modulação.
Ao inibir a modulação, o sistema imunológico torna-se mais capaz de destruir o câncer porque passa a funcionar mais rapidamente, vencendo a velocidade do crescimento tumoral. Cada cientista trabalhou com um mecanismo diferente, mas que permitiu que se criassem medicamentos, mais de cinco atualmente, que inibiam a modulação. Esses medicamentos trazem menos reações adversas do que a quimioterapia.
Apesar da perspectiva ser boa, ainda é preciso estudar os diferentes tipos de tumores. Essa doença que genericamente de câncer, na realidade, é uma variação de mais de 200 doenças diferentes que se comportam cada uma ao seu jeito, Têm em comum o fato de serem derivadas de uma multiplicação sem controle e sem significado fisiológico de células do corpo. Podem ser causadas por alterações do seu DNA, a partir de vÃrus, radiação, radicais livres e outras tantas substâncias. O câncer é progressivo e leva à morte.
Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM), do curso de Farmácia da Unisantos, está disponÃvel para solucionar suas dúvidas. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br
Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (CurrÃculo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.
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Foto: Reuters