Para entender a Revolução Constitucionalista de 1932 é preciso voltar dois anos; em 1930. A história é relatada no Acervo Estado, do jornal O Estado de São Paulo.
O presidente Washington LuÃs impediu a posse do paulista Júlio Prestes. A entrada do gaúcho Getúlio Vargas à presidência desagradou à elite paulista, representada pelo Partido Republicano Paulista, o PRP, que viu não só o poder sobre a polÃtica brasileira ser perdido como presenciou também o então estado mais rico da federação ser submetido a uma situação de submissão.
As pressões sobre Getúlio Vargas começaram. As forças polÃticas e econômicas de São Paulo exigiam uma nova Assembleia Constituinte, novas eleições e o fim do governo provisório.
Em dois anos passaram pelo governo do estado quatro interventores federais. Nenhum deles conseguiu manter o controle. As intervenções da ditadura varguista eram constantes e desagradavam cada vez mais a oposição em São Paulo.
Em 1932 a capital era um barril de pólvora. A maioria da população era a favor das exigências das elites. Havia ainda um grupo de tenentes do clube 3 de outubro que eram a favor do golpe de Getúlio e contra as reformas exigidas. Grandes comÃcios começaram a acontecer na capital paulista.
Vargas tentou acalmar a situação apresentando um novo código eleitoral e marcando eleições para 1933. Além disso, nomeou o paulista Pedro Toledo como interventor.
No dia 23 de maio houve um comÃcio de estudantes da Faculdade São Francisco, que protestavam contra a intervenção de Osvaldo Aranha (representante da ditadura) no governo de Pedro Toledo. O grupo foi recebido a balas. Cinco jovens morreram no confronto: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade e Orlando de Oliveira Alvarenga (incluÃdo depois na lista).
Em 9 de julho as forças paulistas lideradas pelo General Isidoro Dias Lopes tomaram o estado e iniciaram a marcha para o Rio de Janeiro. Acreditava-se que Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul ajudariam enviando forças para retirar Getúlio Vargas do poder. Isso não aconteceu.
Movimentos isolados no Rio Grande e no Mato Grosso foram facilmente destruÃdos. Em pouco tempo São Paulo, que planejava uma ofensiva rápida contra a capital, se viu cercado por mais de 100 mil em tropas federais.
Se os outros estados não vieram ajudar, o mesmo não se pode dizer do povo paulista, que mesmo diante de um movimento articulado pelas elites do estado, se mobilizou para ajudar seus exércitos. Houve mais de 200 mil voluntários, sendo 60 mil combatentes. Mas houve outras dificuldades.
Praticamente sitiado, São Paulo se viu sem alternativa para conseguir armamentos. Passou a arrecadar ouro doado por seus moradores e tentou comprar armas dos Estados Unidos, mas o navio foi interceptado pela Marinha.
Com tantos problemas, a revolução foi derrotada. Em 2 de outubro, na cidade de Cruzeiro, as forças paulistas se entregam ao lÃder da ofensiva federal. Apesar de ter sido derrotado no campo de batalha, politicamente o movimento atingiu seus objetivos. A luta pela constituição foi fortalecida, e em 1933 as eleições foram realizadas colocando o civil Armando Sales como governador do estado.