Por: Isabela Ribeiro
Amamentar é um gesto de amor. Porém, quando o assunto é amamentação cruzada, há inúmeros riscos que podem acabar prejudicando ao invés de ajudar. Por isso, é preciso priorizar a segurança do bebê e procurar a ajuda de um médico antes de tomar qualquer atitude.
A pediatra Renata Almeida de Souza Carmo, formada em 1999 pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), explica que o principal risco da amamentação cruzada se refere à transmissão de doenças infectocontagiosas via leite materno. Citomegalovírus, mononucleose, HIV são algumas delas. “Muitas vezes a mulher não sabe que tem a doença e acaba transmitindo via leite materno”.
A prática é contraindicada tanto pelo Ministério da Saúde quanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu um alerta sobre o assunto. Um dos trechos da nota diz que “toda a população deve dar suporte para as mães que amamentam e os pediatras devem ser valorizados por serem fundamentais ao orientar sobre o tema. Contudo, para tanto, é preciso evitar que práticas não recomendáveis, como é a amamentação cruzada, sejam difundidas, o que pode confundir e causar problemas de saúde graves”
Para a médica, um dos problemas é a falta de informação. “Tem toda uma população que não sabe desses riscos. Podem muitas vezes achar que estão fazendo o bem porque muitas mães produzem muito leite mesmo. Mas, a gente sempre orienta que vá ao Banco de Leite mais próximo”.
Mas, afinal, por que o leite materno é tão importante? Segundo a pediatra, ele tem a proteína e os lipídios adequados para o organismo e é responsável por garantir a imunidade que o bebê ainda não possui. Assim, ele receberá grande quantidade de leucócitos que aumentam a imunidade e protegem o intestino. “Os bebês de aleitamento materno não têm constipação. Eles podem chegar a ter oito evacuações por dia, mas não chega a ser diarreia, é normal do leite”.
Ela destaca que outra característica importante do leite materno é que ele é produzido de acordo com as necessidades do bebê, ou seja, os leites são diferentes. Uma mãe que teve um bebê prematuro produzirá um leite com mais proteína. Eles recebem exatamente tudo o que precisam, mesmo que a mãe esteja passando por uma desnutrição. “É o mais completo para o bebê. Não tem melhor”, ressalta Fernanda.
Banco de Leite – O leite recolhido nos Bancos de Leite passa por um processo de pasteurização, tratamento e armazenamento correto para que possa chegar sem risco aos bebês. Esse leite é destinado aos bebês hospitalizados, que muitas vezes possuem alguma enfermidade.
Qualquer mãe pode doar leite, contanto que ela procure o Banco de Leite de sua cidade, para que o processo seja feito com segurança. No local, eles ensinam a fazer a retirada corretamente.
Serviço – O Banco de Leite Humano de Santos funciona na Rua Oswaldo Cruz, 197, no Boqueirão. O local funciona de segunda a sexta, das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas. O telefone é (13) 3203-1323.