Da Redação
Atualizado às 22h50
Chegou ao fim um longo calvário do artista que se acostumou a fazer o Brasil sorrir – e hoje, faz chorar. Morreu na noite desta terça-feira (4) o ator, humorista, diretor, roteirista e apresentador Paulo Gustavo, de 42 anos.
Diagnosticado com Covid-19 em 13 de março, ele teve quadro de irreversibilidade confirmado no início da noite, em comunicado emitido por sua assessoria. Às 21h12, veio a confirmação da morte. Ele deixa o marido, o médico dermatologista Thales Freitas, e dois filhos, Gael e Romeu, ambos de um ano.
“Em todos os momentos de sua internação, tanto o paciente quanto os seus familiares e amigos próximos tiveram condutas irretocáveis, transmitindo confiança na equipe médica e nos demais profissionais que participaram de seu tratamento. A equipe profissional que participou de seu tratamento está profundamente consternada e solidária ao sofrimento de todos”, disse a nota do hospital.
A piora no quadro de saúde do ator aconteceu na noite de domingo (2). Paulo Gustavo vinha apresentando melhoras significativas, chegou a ter redução de sedativos e bloqueadores e interagir com médicos e também com o marido. À noite, no entanto, sofreu uma embolia pulmonar. Ao longo do período de internação, sucederam-se dias de oscilação no estado de saúde, entre sutis melhoras e pioras. Uma das providências dos médicos foi submetê-lo à terapia por Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO). O procedimento visa substituir a atuação do coração e dos pulmões artificialmente.
Com a necessidade de transfusão de sangue (em função dos equipamentos utilizados), familiares, fãs e muitos artistas se apresentaram como doadores, ampliando ainda mais a corrente de orações e solidariedade que se formou pela recuperação de Paulo Gustavo, lideradas pela mãe, Déa Lúcia – que serviu de inspiração para um dos personagens de maior sucesso de Paulo Gustavo, a Dona Hermínia, de “Minha Mãe É uma Peça – e a irmã Ju Amaral.
Campeão de bilheteria
Gustavo estava mesmo fadado ao sucesso. Ele começou a se destacar nos palcos em 2004, ao integrar a peça O Surto. E justamente a personagem que criou para o espetáculo era Dona Hermínia.
Um monólogo para o personagem, inspirado na sua própria mãe, era questão de tempo. E veio dois anos depois, em 2006. Com estas apresentações, veio o gosto do público, fazendo com que o tipo fosse levado para outras mídias.
As destacadas peças Hiperativo (2010) e 220 Volts (2014) fizeram aflorar ainda mais as características de atuação de Paulo Gustavo mais adoradas por todos. Enquanto a primeira comprova a veia cômica do multifacetado astro, a segunda traz o ator vivendo várias personagens femininas – marca registrada dele – e interagindo com outros atores, como Marcos Majella, com o qual viria a contracenar nas produções de Vai Que Cola.
TV
O texto de 220 Volts também foi para a TV. Uma das personagens da franquia, por exemplo, é Maria Alice, que adora falar sobre a vida dos famosos. Na telinha, produções como Além da Ilha e A Vila estão entre as mais representativas, mas é impossível não realçar duas franquias que, assim como Minha Mãe É Uma Peça, chamaram a atenção também nos cinemas: Vai Que Cola (2013) e Divã (2011).
Na primeira, Paulo Gustavo interpreta o trambiqueiro Valdomiro Lacerda. Ele mora na pensão da Dona Jô (Catarina Abdala) e vive entre o amor e ódio com os outros moradores, como a filha dela, Jessica (Samantha Schmütz, outra grande parceira de Gustavo em diversos trabalhos). Já Divã fez o caminho inverso – do cinema para a TV. Na história, o ator vive o cabelereiro da protagonista, encarnada por Lília Cabral. A performance de Gustavo prova o talento dele por roubar a cena como um coadjuvante. Ele conseguiu até ser lembrado pelo bordão “repica, René”, em que a personagem principal pede para que ele corte o cabelo dela.
Cinema
Paulo Gustavo é um dos principais atores do cinema brasileiro. Após ter participado de alguns longas, inclusive Divã em 2009, Dona Hermínia fez ele emplacar nas telonas como Minha Mãe É Uma Peça – O Filme (2013). O sucesso do filme rendeu duas sequências, sendo que Minha Mãe É Uma Peça 3 se tornou a maior bilheteria do cinema nacional.
Além da adaptação Vai Que Cola – O Filme, outro grande projeto do astro nos cinemas é a franquia Os Homens São De Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou. Da mesma forma que Gustavo, Mônica Martelli ganhou o apreço dos fãs com um monólogo, posteriormente adaptado para as telonas.
O filme ganhou uma sequência, Minha Vida Em Marte. Ambas as produções foram bem-sucedidas, principalmente pela interação hilária entre Gustavo e Martelli, que na trama trabalham juntos fazendo eventos e também eram amigos fora do expediente.
Créditos das fotos: Reprodução/Instagram e Divulgação