Por Anderson Firmino
Da Revista Mais Santos
O relógio não dá trégua. Trabalhando em casa ou no escritório – ou nos dois, de forma híbrida – os prazos a serem cumpridos parecem cada vez menores, inversamente proporcionais às tarefas. Olho no calendário até chegar o mês desejado de férias.
Pois janeiro está aí. A pausa, tão desejada quando necessária, pode enfim, acontecer. Em meio a um cotidiano atribulado, a receita é: aproveitar o máximo possível. Mas nem todo mundo pensa assim. Há quem até quem adie a pausa, com medo da competividade ou de se tornar substituível.
Para a psicóloga Cristiane Forastieri, esse é um erro a ser evitado. “Uma questão importante para se colocar atenção é a não utilização das férias ou o adiamento do período, seja por exigência do próprio trabalho, por necessidade de trocar por dinheiro, ou até por medo de perder o emprego. Motivações usuais e bem atuais, pós pandemia. São decisões que geram uma falsa e confusa sensação de solução”, argumenta.
Para ela, é algo que causa insegurança, ansiedade, mais medo, muito cansaço, sobrecarga física e nas funções cognitivas como raciocínio e memória, além de irritabilidade. “Chega até a deflagrar transtornos mentais e síndromes como a perigosa Burnout, com esgotamento físico e sobretudo, mental”, acrescenta.
Por isso, Cristiane argumenta que o descanso é essencial e não deve ser negligenciado. “Esse descanso produtivo, como as férias, se feito com qualidade, atenua estresse, irritabilidade, fadiga, ansiedade e perda de energia. Além disso, contribui para recuperação dos vínculos afetivos, do diálogo, do desfrute do lazer e também é útil para a recuperação das motivações e da satisfação profissionais”, pondera a psicóloga.
Ela lembra que o dia a dia exige um constante estado de alerta, que ativa corpo e mente, possibilitando a execução de tarefas. “Usar propriedades como, por exemplo, atenção, concentração e motivação, é algo essencial. Porém, quando solicitados por tempo prolongado, pode virar sobrecarga”.
A profissional lista, ainda, uma série de benefícios do descanso do ponto de vista pessoal. “O efeito final inclui o aumento da imunidade e facilita o jogo de cintura para os desafios. Priorizar o descanso, a convivência, o diálogo e a saúde envolve vontade, predisposição e valorização para tomada de decisão. Priorize-se sempre que possível para ter saúde e equilíbrio”, ensina.
As “novas” férias
Para quem poderá descansar, o desafio, agora, é outro: conciliar o espaço para diversão e recarga de energias, sem comprometer a saúde. O crescimento dos casos de Covid-19, especialmente com a chegada da variante Ômicron, além das síndromes gripais, pôs o período de férias na berlinda. No entanto, ainda há espaço para pensar em um descanso merecido e seguro.
“A pandemia do coronavirus é, sem dúvida alguma, o grande divisor de águas na vida humana neste século. Por causa dela, tudo que entendemos como vida, comportamento, relacionamento e vida em sociedade foi alterado. Foi preciso desaprender muita coisa e reaprender como ser feliz, como estar presente mesmo à distância, e como fazer o turismo e o lazer acontecerem sem aglomeração, sem grandes deslocamentos e com todos os protocolos de segurança”, avalia Eduardo Silveira, diretor da Associação dos Profissionais de Turismo (APT).
Para ele, viajar, passear ou simplesmente desfrutar de um dia de descanso e lazer longe dos afazeres diários tornaram-se essenciais para todos. “O ano de 2021 foi marcado pela retomada das viagens. Já tínhamos uma história com a pandemia e muitas histórias para contar, com um novo jeito de viajar, conhecer lugares e colecionar momentos. Viajar apareceu no topo da lista de coisas a se fazer quando a vida voltasse ao novo normal”, explica Silveira.
Ele acredita que o panorama vai continuar este ano. “Agora para 2022, o viajar estará muito mais próximo e flexível. Um novo comportamento social aproximou a realidade de muitos trabalhadores, o trabalho e o estudo remoto e hibrido. Com essa flexibilidade, o calendário para as viagens será cada vez mais diluído durante o ano, saindo do convencional período de férias, por exemplo, para viagens nacionais, visto que ainda o turismo internacional tem o impacto de novas variantes e da alta no câmbio”, aposta.
Destinos
Silveira acredita que o Turismo, para “acontecer”, precisa de dois gatilhos: o calendário com feriados prolongados e os eventos. 2022 será um ano de poucos feriados que poderão ser emendados. Mas, por outro lado, existe a volta dos eventos.
“Além disso, grandes comemorações importantes vão acontecer neste ano: o Bicentenário da In- dependência do Brasil (200 anos da Independência), que terá uma série de comemorações ao longo de 2022, os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922 e os 100 anos da Bolsa Oficial de Café. Ou seja, não faltarão motivos para que as pessoas possam fazer uma viagem ou um passeio a lazer durante este ano de 2022”, lembra.
Entre os destinos, Jericoacoara, Fortaleza, Fernando de Noronha, Gramado, Serras Gaúchas, São Pau- lo, Rio de Janeiro e Salvador ainda são lugares bem procurados. “Sinto que as pessoas ainda estão procu- rando pelas capitais, sim, para contar com uma estrutura adequada, se precisar de uma assistência médica de emergência”. Lugares com apelo ecológico, ambiental, também seguem em alta, como Chapada dos Veadeiros, Chapada Diamantina, Bonito, Amazonas, com toda beleza e exuberância do rio e seus atrativos. “Já para quem quer explorar os países da América do Sul, as cidades de Buenos Aires (Argentina) e Santiago (Chile) estão de volta entre as preferidas pelos turistas. Apesar do câmbio em alta, são destinos próximos e com roteiros de curta duração, por isso atraem e se tornam mais viáveis”, complementa o diretor da APT.
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