Depois de um dia inteiro de trabalho e uma semana em que acordar cedo foi tão automático quanto respirar, pouco me importa se é sexta-feira: quero apenas ir para casa e dormir. Muito, se possÃvel.
Descobri que não há nada no livro do Apocalipse indicando o fim dos tempos a partir de um fim de semana em que prefiro me recolher no aconchego do lar a sair por aà nas baladas, bares e loucuras noturnas que me faziam contar o fim do expediente semanal há algum tempo.
Estranho…
Parece que não há mais tanta graça em ficar muito bêbado, falar e rir alto em ambientes tumultuados como um metrô na Sé em plena segunda às 10 da manhã. Entendi bem o que é beber socialmente e conheço mais os meus limites, talvez eu tenha mais responsabilidades, não sei.
“É faseâ€, dizem uns. Mas é estranho perceber a maior preocupação em guardar dinheiro, por exemplo. Uma simples ida ao mercado me faz mais atento a itens de casa do que a futilidades das mais variadas, essas que compramos para satisfazer nossos egos sem necessidade.
Penso e repenso antes de vomitar minhas opiniões e “não ter papas na lÃngua†é menos importante do que a ponderação e a preocupação com os resultados do que minhas palavras geram ao serem voltadas contra mim.
Roupas e sapatos sociais viraram item obrigatório em meu guarda-roupa.
Quando alguém da minha idade se casa ou tem filhos já não é nada espantoso. O “nossa, mas já?†não faz mais sentido.
Estabilidade e futuro estão mais presentes em meus diálogos na mesa do bar. Atitudes de mulheres passam a chamar mais atenção do que as de meninas. Casa própria, previdência, plano de carreira, investimentos, administrar vida profissional com amorosa e afetiva e amizades e famÃlia e tudo junto.
O desemprego já não é mais uma opção. O fim da segunda década se aproxima a passos largos. Já não reconheço a escola na qual passei quase dez anos de minha vida.
Ser chamado de infantil não tem mais graça. Não perco o espÃrito de moleque, mas tal alcunha não faz mais sentido em quem fios de cabelo são raros como ar puro nas grandes cidades.
Maturidade é uma palavra ecoando em minha mente a cada código de barras lançado nos Internet Banking da vida.
Comprei uma passagem só de ida para aquela época desejada quando mais jovem: a de independência e responsabilidades. Embora não seja tão poética quanto imaginamos quando jovens, ela assusta e é necessária. Que bom que você chegou, esperei por muito tempo.
Pelo visto, virei adulto.